terça-feira, 24 de março de 2009

Unesco recenseia 2.500 línguas em perigo de extinção

Do site Diplo

Por Brigitte Perucca

É possível salvar uma língua como se salva um templo do desgaste do tempo ou da destruição pelos homens? O "Atlas das Línguas do Mundo em Perigo de Desaparecer 2009", apresentado na quinta-feira, 19 de fevereiro, na Unesco em Paris, dá uma visão mais otimista e matizada do que seu título permite supor. Enquanto o Atlas de 1999 citava 600 línguas e o de 2001, 900, a terceira edição, realizada por 25 pesquisadores sob a batuta do linguista Christopher Moseley, estima em 2.511 o número de línguas vivas cuja situação é vulnerável, em perigo, em sério perigo, em situação crítica ou extinta no mundo. Um número a se comparar com as 6.912 línguas recenseadas pelo "Ethnologue", o índice oficial e única estimativa científica disponível. A concentração de línguas ameaçadas é especialmente forte nas regiões do mundo que também apresentam a maior diversidade linguística: Melanésia, África subsaariana e América do Sul. Esse salto quantitativo considerável não significa um agravamento, mas simplesmente reflete "um melhor recenseamento" dos idiomas, explica Cécile Duvelle, chefe da seção de patrimônio e material da Unesco. Em sua tipologia, os linguistas classificaram essas línguas e seu grau de "risco" em função de critérios de "vitalidade" linguística, tais como, principalmente, o número de locutores, mas também a transmissão da língua de uma geração a outra e as políticas linguísticas dos governos e das instituições. "As línguas são vivas. Algumas morrem, outras nascem. A coisa se move", resume Duvelle, que revela "uma crescente preocupação dos países" sobre as questões linguísticas. Estas também parecem ter se beneficiado do aumento de reivindicações em todo o mundo pela proteção da biodiversidade, de tratar "com um mesmo sentimento de urgência a preservação das espécies vivas e a das línguas humanas", explica Moseley. Correlação interessante, mesmo que não demonstre nada: a faixa dos trópicos também é a "zona" onde reina a maior biodiversidade.

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