quinta-feira, 12 de março de 2009

Lula: Falta coragem política

Do site Vi o Mundo

Por Luiz Carlos Azenha

Fiz uma aposta com o Eduardo Guimarães. Uma aposta que eu não gostaria de vencer. Eu acredito que o Eduardo subestimou a crise internacional em suas análises sobre a economia brasileira. Ele acredita que a mídia teve um papel relevante em provocar a crise. Eu não boto tanta fé no poder da mídia para inventar uma crise econômica, embora seja nítida a torcida do "quanto pior, melhor".
Não sou economista e, em geral, erro sempre em minhas previsões. Dessa vez talvez eu acerte. Eu vivia em Washington quando comecei a acompanhar a crise. E não é preciso ser um gênio para constatar que, diante da globalização e da financeirização do mundo -- dois fenômenos que se entrelaçam -- uma crise profunda nos países centrais afeta as economias ditas "periféricas", por mais que elas estejam preparadas. O risco de os maiores bancos dos Estados Unidos falirem é um sinal da profundidade da crise.
Sim, o Brasil tem um mercado interno, mas não vive só dele. Vive, também, da exportação de seus produtos. A crise atingiu não apenas os Estados Unidos, mas também a União Européia. Dois grandes mercados brasileiros. Reduziu o crescimento na China, outro mercado importante. "Marolinha", como definiu o presidente da República? Até entendo que Lula faça o papel de "dourar a pílula". Nos Estados Unidos, Barack Obama tem sido criticado pelo tom catastrofista que adotou. O governo brasileiro já admite que o crescimento do Brasil não atingirá a meta de 4% em 2009.
Eu disse, lá atrás, que se o Brasil crescer 2% este ano deveríamos soltar rojões. Quando a crise se agravou, mesmo nos Estados Unidos notei um tremendo descompasso entre os números da economia real e o noticiário da imprensa. Se eu acreditasse em conspirações, diria que o "dinheiro inteligente" estava ganhando tempo para pular fora e deixar o mico na mão do "dinheiro burro", ou seja, do estado.
Vai ficar cada vez mais óbvio, no Brasil, que o governo Lula demorou a agir. Só posso especular que os quadros governamentais não se deram conta da gravidade da crise que teriam pela frente. O conservadorismo do Banco Central é típico de quem não se deu conta de que estamos vivendo um momento de transformação. Não se trata, apenas, de mais uma crise, mas "da crise" de nossa geração. Não dá para aplicar velhas receitas em problemas novos.

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