quinta-feira, 26 de março de 2009

Consumo de tóxicos, extremo desafio para a humanidade

Do Tribuna da Imprensa

Por Pedro do Coutto

O secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, em declarações recentes culpou os usuários de drogas pelo processo de violência que se desencadeia na cidade e ameaça não ter fim. Impressionante. Compreende-se o que ele quis dizer, mas o fato é que a matéria é profundamente complexa e, de uma década para cá, transformou-se num extremo desafio para as sociedades e até para a espécie humana, incluindo tanto sua integridade quanto a própria vida.
O problema não atinge somente o RJ ou Brasil, é universal. Em algumas áreas, entretanto, reflete-se intensamente nos níveis de violência.
Não creio, francamente, que culpar os consumidores seja o aspecto mais importante. Eles são ou estão doentes. Uma doença que começa no fumo e no álcool e se encaminha para os entorpecentes. A economia das drogas é enorme, o volume de recursos envolvidos, como já revelou a Organização Mundial de Saúde, supera até o produto bruto da maioria dos países.
Algo em torno de 800 bilhões de dólares por ano. Enfrentar tal mercado ilegal, claro, não pode ser tarefa fácil, ou apenas repressiva. Não. Ela exige prevenção. Reprimir é uma consequência do fato concreto, antecipar-se a ele é para justamente evitar que ocorram as rupturas sociais e legais. O consumo de drogas sempre existiu no mundo, mas se agravou terrivelmente a partir da guerra do Vietnã. Sem motivação para o combate nos pântanos do Sudeste asiático, eram fornecidas drogas alucinógenas a setores militares americanos.
O comportamento – infelizmente – espalhou-se pelo mundo e se diversificou. Não houve êxitos até hoje na política de tentar sua expansão. Um enigma. Mas que talvez possa ter o início de sua explicação no confronto entre a realidade e o sonho, entre a realidade e a fantasia.

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