quinta-feira, 26 de março de 2009

CINEMA REALIDADE

Do site Direto da Redação

Por Leila Cordeiro

CENA 1 - Imagens de um amanhecer num dia frio. Barracas frágeis, sem aquecimento, enfileiradas uma ao lado da outra, num terreno baldio. Dentro delas, estão acampadas famílias de profissionais de variadas atividades que foram obrigadas a abandonar suas casas por falta de pagamento. Na mesma sequência, crianças em idade escolar se apertam dentro das barracas para trocar de roupa na hora de ir para a escola. Do lado de fora, crianças menores brincam com os poucos brinquedos que restaram. Sem banheiro, o jeito é se lavar na água de um chafariz próximo e improvisar um local afastado para as necessidades físicas.
CENA 2 – Imagens de cachorros de raça andando sem rumo pelas ruas com ar de abandonados. E estão mesmo. Foram deixados para trás pelas centenas de famílias que ficaram sem moradia e sem condições de alimentar mais uma boca, mesmo sendo canina.Por isso, a solução desesperada foi engolir as lágrimas e o apego aos animais de estimação dos bons tempos, largando-os na rua para que fossem recolhidos por associações de proteção aos animais.
CENA 3 – Corta para outro local, onde há uma fila que dá volta no quarteirão, onde aparecem pessoas aparentando cansaço e desânimo. São desempregados à procura de trabalho, levam a carreira debaixo do braço numa pasta de cartolina. Eles não pensam em ganhar como no antigo trabalho, querem apenas sobreviver nem que seja por $7 dólares a hora para limpar o chão de algum restaurante, arrumar cama em hotel ou servir refeições como garçom.
CENA 4 – Corta para outra fila onde há pessoas que esperam a vez de serem atendidas por um comprador de jóias. Levam estojos com anéis, pulseiras, colares, relógios, ganhos de presente numa data especial que ficou para trás ou adquiriram por herança de alguma tradicional e rica família .Elas procuram não lembrar dos tempos de fartura, querem apenas ter os dólares necessários para dar de comer à família por algum tempo.
CENA 5 – Corta para imagens na frente de um banco onde está havendo um assalto. A polícia chega a tempo de prender um homem armado que, em prantos, confessa que nunca havia feito nada de errado até aquele dia. Ele investiu as economias em empresas fraudulentas e tentava conseguiur algum dinheiro para salvar seu pequeno negócio. É levado algemado e poucos dias depois é condenado a passar trinta nos atrás das grades.
CENA 6 – Corta rapidamente para outro banco onde uma velhinha de mais de 70 anos está sendo presa depois de roubar mil dólares. Num momento de desespero, sem dinheiro para comprar alimentos para ela e para o neto que cuidava enquanto a mãe procurava emprego, ela não teve outra saída. Apesar da idade, a lei não perdoou. Também foi parar numa prisão.
CENA 7 – Nesta sequência, as imagens são dolorosas. O fundo musical é triste e o barulho estridente das sirenes dos carros de polícia e dos bombeiros completam o cenário de angústia e pavor. Uma família inteira, pai, mãe e três filhos, são encontrados mortos dentro da casa em que moravam. O próprio chefe da casa, envergonhado por não ter onde trabalhar, e sentindo a dificuldade de manter o padrão em que viviam, preferiu o caminho radical: tirou a vida de todos e matou-se em seguida.
LETREIRO CORRE NA TELA, NARRADO POR LOCUTOR COM VOZ GRAVE - Esse não é um filme que será lançado nos cinemas. Mas as histórias nele contidas são verdadeiras. Um retrato duro e cruel da atual realidade norte-americana, com personagens que o povo jamais gostaria de representar.O final do filme ficou em aberto, à espera do tradicional "Happy End" que o mundo inteiro gostaria de assistir! A esperança está depositada no novo presidente que enfrenta grandes obstáculos para cumprir as promessas que fez durante a campanha: a de salvar o império que seu antecessor destruiu.

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