segunda-feira, 30 de março de 2009

UMA PERIGOSA AVENTURA

Do site Direto da Redação

Por Antônio Tozzi

Miami (EUA) - Está cada vez mais difícil para os imigrantes entrarem de maneira ilegal nos Estados Unidos pela fronteira sul. O reforço de policiais e agentes de fronteira do Serviço de Imigração dos Estados Unidos está quase tornando inviável o ingresso de ilegais no país. Para conseguir superar este forte esquema de segurança, há somente três alternativas: arriscar-se pelo deserto à noite e tentar fugir dos agentes e policiais bem equipados, com armas e tecnologia; subornar algum (ou alguns) agente(s) da fronteira ou se aventurar pelo mar. A travessia marítima já vem sendo usada no Estreito da Flórida – tanto por cubanos, que usam a política dos pés secos/pés molhados, como por outros ilegais que cruzam a partir das Bahamas em lanchas dissimuladas que levam a bordo pessoas ocultas para enganar a Guarda Costeira americana. Agora, porém, este artifício passou a ser utilizado na Costa Oeste, com os contrabandistas de pessoas – conhecidos como coiotes – cobrando entre quatro e cinco mil dólares por pessoa para cruzar ilegais do México para os EUA. Desnecessário dizer que as chances de sucesso são diminutas, porque os agentes e policiais americanos dispõem de equipamentos e tecnologia bem mais avançados do que os dos infratores. E o número de detenção de ilegais vem aumentando consideravelmente, com os mais ousados atirando-se ao mar na tentativa de fugir dos oficiais americanos. Infelizmente, muitos acabam se afogando. O que não dá para entender é porque os latino-americanos – incluindo os brasileiros - continuam a insistir nesta aventura perigosa. Os Estados Unidos vivem uma crise sem precedentes, com um elevado índice de desemprego, crise no mercado imobiliário, que absorve bastante empregados no setor da construção civil, e um forte esquema de perseguição aos ilegais, além de todo tipo de dificuldade, tais como proibição de tirar carteira de motorista e outros documentos que são utilizados pelos norte-americanos. Além do mais, os ilegais acabam sendo levados para um terreno extremamente perigoso, na fronteira entre México e Estados Unidos, onde se trava uma verdadeira guerra entre policiais dos dois países e os narcotraficantes mexicanos e contrabandistas de armas americanos. O conflito provocou mais de sete mil mortes ligadas ao tráfico de drogas somente no ano passado e este ano a insegurança continua inalterada, apesar da Iniciativa Merida, uma ação conjunta entre os dois países para combater o poderio dos narcotraficantes, que conta com uma verba de US$ 1,5 bilhão. Em recente visita ao México, a secretária de Estado, Hillary Clinton, reuniu-se com autoridades mexicanas para reforçar o sistema de repressão às quadrilhas e admitiu que os consumidores de drogas americanos também têm culpa em manter o esquema dos narcotraficantes, por causa da lei da oferta e da procura – se não houvesse consumidores, não haveria fornecedores. Simples assim. Diante desse quadro, um conselho para os brasileiros que ainda pensam ser a vida nos EUA a realização do tal sonho americano: esqueçam! A situação por aqui está bastante difícil, e deve demorar um bom tempo para melhorar. Portanto, não é o melhor momento para abandonar família e se lançar numa aventura que tem poucas chances de dar certo.

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