quarta-feira, 11 de março de 2009

O estupro da consciência e da condição

Da Tribuna da Imprensa

Por Pedro Couto

Excelente reportagem de Maia Menezes e Tatiana Farah, "O Globo", de 9 de março, com base em dramática estatística fornecida pelo Hospital Perola Byington, de São Paulo, que revelou terem sido praticados no País cerca de 3 mil abortos legais, resultantes de estupros, autorizados pela Justiça conforme a lei brasileira. Deste total - absolutamente incrível e repugnante -, 43% referem-se a meninas de até 12 anos de idade.
A média diária, portanto, é de 9 abortos legais, pois no País são feitos mais de 1 milhão extralegais por ano. São praticados no Brasil 8,7 estupros por 100 mil habitantes. Vivemos assim em plena selva: os estupros violam a consciência e a própria condição humana. Inexplicável, sobretudo, que 43 por cento dos casos envolvam meninas de tão pouca idade. Uma covardia sem par, uma inconsequência cruel, levando-se em conta os reflexos tanto biológicos quanto psicológicos. Miséria moral completa. Duvida-se até que seres humanos possam agir dessa forma. São mensageiros de um terror diário que se eterniza em todas as áreas.
Este terror não está restrito à pobreza. Projeta-se no sombrio porão de estranhos comportamentos. É preciso que haja uma reação intensa contra tal prática. Não excomungar a mãe que autorizou legalmente a interrupção da gravidez sinistra em sua filha, nem a equipe médica. Mas uma ação coordenada clamando contra mais esta violação dos direitos humanos. No caso o direito das crianças poderem viver sem a ignomínia do estupro e da coação.

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