Por Heródoto Barbeiro
O velho Rui foi ressuscitado de seu lugar na história com a recente eleição da mesa do senado. Na comemoração da vitória o senador José Sarney, ex-presidente da república, lembrou que ele está lá há mais tempo que o Águia de Haia. Rui ficou 23 anos como senador da Bahia, e o Sarney está há 25 anos. O que o novo presidente esqueceu de dizer no seu discurso de comemoração é que o velho Rui não mudou de estado para permanecer no parlamento. Não é o caso do ex-presidente que mudou o domicílio eleitoral do Maranhão para o Amapá para continuar lá. O conhecido PMDB está de volta ao comando da Câmara e do Senado. Já se fala até em disputar a presidência da república com candidato próprio e não apenas como "noiva " de petistas ou tucanos, sem qualquer pudor, pois o partido vai onde o dote for maior. Mas o PMDB de Sarney, Temer e outros têm o direito de concorrer como não faziam desde que Quércia foi candidato e ficou em São Paul o com menos votos do que o barbudo doutor Eneias. A vitória foi conquistada graças ao apoio de um grupo de senadores que são processados pelos mais diversos crimes e um deles quer renunciar para não ser cassado, quando se envolveu no escândalo de quebra de decoro com aquela jornalista boazuda. Estão todos de volta. O outro candidato, Tião Viana, sofreu uma traição ampla, geral e irrestrita e não conseguiu juntar se quer os votos que supunha ter. Há suspeitas que até colegas de partido não votaram nele. O senador Paim, do PT gaúcho votou. Ele é autor de uma emenda constitucional que acaba com o voto secreto em qualquer decisão no Congresso, mas a papelada está engavetada desde a constituinte de 1966. É verdade que Paim não desiste, mas é um pregador no deserto. A maioria de deputados e senadores é contra o voto aberto para que o eleitor possa acompanhar e cobrar deles a sua conduta. Com o voto secreto é possível promover todas as maracutais por debaixo dos panos sem ninguém saber... O cidadão/eleitor/pagador de impostos assiste tudo isso estarrecido, aparvalhado pela ousadia daqueles que, por artifícios legais, conseguem se perpetuar no poder. Segundo uma pesquisa divulgada pela Universidade de Brasília o senado tem apenas um por cento de credibilidade em uma recente pesquisa divulgada, mas pelo jeito isso não tem a menor importância. O que vale mesmo é estar de posse do poder e deixar a malta chiar. A OAB e a CNBB têm capitaneado projetos populares e um deles foi aprovado, o que acelera a justiça eleitoral em caso de corrupção. Seria necessário mais um projeto de iniciativa popular para acabar como voto secreto na eleição da mesa diretora, na cassação de parlamentares, nos vetos presidenciais, enfim em qualquer atividade. O eleitor tem o direito de saber como o seu deputado federal e senador votaram. Eles não podem continuar a usar o mandato como um cheque em branco que usam e abusam e não dão satisfações à cidadania. É preciso fazer pressão democrática e cidadã e uma das formas é mandar e-mails para eles no senado.gov.br ou camara.gov.br. Só a luta do bravo senador Paím não é suficiente. Você sabe como o seu representante votou nessa farra? Pergunte a ele. Já que acordaram o velho Rui Barbosa, que tal enviar a indignação dele que, apesar de ter sido escrita em 1914, é de uma atualidade brutal? "De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver crescer as injustiças, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto".
Rui Barbosa ( mais envergonhado )
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