terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Padre, deputado e adversário do celibato


Do Congresso em Foco


Parlamentar jurado de morte defende mudanças na Igreja Católica. Favorável ao uso de camisinha, combate a intolerância e a discriminação a homossexuais
Agência Câmara



O deputado Luiz Couto (PT-PB) circula pela Câmara sem despertar muita atenção. Aos 65 anos, tem cabelos grisalhos e barba bem aparada. Cumpre o segundo mandato e conhece muitos colegas de plenário. A história de vida, no entanto, torna o petista da Paraíba um parlamentar diferente. Filho de trabalhadores rurais sem-terra, Couto ordenou-se padre em 1976 e aproximou-se dos seguidores da Teologia da Libertação, corrente católica com influência marxista. Entrou para o PT em 1976 e elegeu-se deputado estadual duas vezes antes de chegar à Câmara. Nos últimos dias, o religioso petista entrou para a lista dos ameaçados de morte por grupos de extermínio do Nordeste. Todo sábado e domingo, deixa no guarda-roupa o terno com o broche parlamentar para usar a peça que, segundo ele, melhor lhe cabe: a batina. Celebra missas, batizados e casamentos na paróquia de São José Operário, em João Pessoa. Padre deputado está fora de moda na Câmara. Só há ele e José Linhares (PP-CE) na atual legislatura.
Celibato
Mas o que torna Luiz Couto figura única no Congresso é seu pensamento em relação a temas vistos como tabu dentro da Igreja Católica, como o celibato, o aborto, os homossexuais e o uso do preservativo. Com exceção, em parte, do aborto, suas posições contrariam os mandamentos do Vaticano. "O comando da Igreja é muito conservador nesse ponto", avalia o padre ao criticar a obrigatoriedade do celibato. "Não tem fundamentação bíblica. Deveria ser optativo", defende. Luiz Couto lembra que a restrição à vida afetiva e sexual dos religiosos só foi imposta no século XVI, após o concílio de Trento. E tinha lá sua justificativa, explica. "É que naquela época havia abusos nesse sentido. Isso hoje não deveria ser tratado como uma questão maior", acredita. O padre busca numa passagem bíblica argumentos para sua tese: "Jesus tinha apóstolos solteiros, mas também apóstolos casados. Tanto que uma passagem conta que ele foi à casa da sogra de Pedro. Doente, ela se levantou e passou a servir".

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