quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Petista Luiz Couto perdeu a conta das ameaças recebidas de grupos de extermínio.


Do Congresso em Foco


Depois do assassinato de advogado, parlamentar aparece como o próximo da lista


O deputado Luiz Couto (PT-PB) vive entre a cruz e a pistola. Jurado de morte pelo crime organizado, o petista aguarda agora os encaminhamentos do Ministério da Justiça para voltar a ter a proteção da Polícia Federal, interrompida em junho do ano passado. O pedido, feito inicialmente pela bancada do PT, foi encaminhado ontem à noite (12) pelo presidente da Câmara, Michel Temer, ao ministro Tarso Genro.
Relator da CPI que denunciou a ação de grupos de extermínio no Nordeste, em 2005, o deputado é apontado como o próximo alvo do mandante do assassinato do advogado Manoel Bezerra Mattos Neto, morto com dois tiros no último dia 24, na divisa entre Paraíba e Pernambuco.
Lula quer federalização de assassinato de Manoel Mattos
O acusado de mandar matar o advogado é o sargento da Polícia Militar da Paraíba Flávio Inácio Pereira, preso em João Pessoa. "O Flávio Inácio, em suas bebedeiras, dizia que iria matar o Manoel e depois a mim", relata o deputado. "Perdi a conta do número de ameaças que recebi", acrescenta.
Enquanto a segurança policial não é liberada, Couto confia apenas na proteção divina. "Eu rezo todos os dias para que Deus possa me afastar dessas ciladas. Tenho muita devoção nos meus anjos da guarda", afirma o deputado, que pediu o indiciamento de mais de 300 pessoas no relatório final da CPI, incluindo políticos, juízes, policiais e promotores.
Devoção é o que não falta a esse paraibano de Soledade, que completa hoje (13) 64 anos de idade. Luiz Couto é padre desde 1976 e concilia o mandato em Brasília com missas, batizados e casamentos que celebra na paróquia São José dos Operários, na capital paraibana. "As minhas armas são um terço, a oração e os amigos que rezam por mim. E os amigos que sempre me informam sobre as ciladas", afirma.
O deputado guarda lembrança das ameaças. "Numa madrugada, ligaram quatro vezes seguidas na minha casa. Nas duas primeiras vezes, silêncio. Na terceira, uma gravação com barulho de metralhadora. Na quarta vez, diziam que era aquilo que eu ia ter", conta. "Outra vez um pistoleiro preso disse que desistiu do serviço ao saber que eu era padre. Disse que matar padre dava azar."

Nenhum comentário:

Postar um comentário