terça-feira, 20 de outubro de 2009

Para críticos de Olimpíada, Rio deveria ter outras prioridades

Da BBC Brasil

A escolha do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016 recebeu críticas de especialistas que consideram a realização do evento uma inversão de prioridades.
"O Brasil tem outras prioridades e carências sociais para serem resolvidas, como educação, saúde, esporte para todos, habitação", diz o advogado Alberto Murray Neto, ex-membro do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), árbitro do Tribunal Arbitral do Esporte, em Lausanne (Suíça), e um dos principais críticos da realização da Olimpíada no Rio.
O alto custo do evento, calculado em mais de R$ 25 bilhões, as carências na infraestrutura do Rio em áreas como transporte e habitação, a falta de políticas públicas para o esporte e o temor de que os investimentos não se revertam em benefícios mais duradouros para a população são alguns dos problemas apontados por críticos.
“Eu entendo a opção do governo brasileiro como meio de propaganda, de projetar uma imagem mais favorável do próprio Rio, das repercussões econômicas para o turismo. Mas o custo é muito elevado”, diz o economista Gustavo Zimmermann, professor de Economia do Setor Público da Unicamp.

Segurança

Zimmermann diz reconhecer os benefícios que os Jogos trarão em termos de projeção de auto-estima do Brasil, mas considera muito pouco frente aos gastos necessários.
“Os recursos são escassos, e o Rio tem outras prioridades. Por exemplo, o estabelecimento de um plano de segurança”, afirma.
A segurança é considerada um dos principais gargalos na estrutura do Rio para abrigar um evento como os Jogos Olímpicos.
O economista Daniel Motta, professor de Economia e Estratégia do Insper (ex-Ibmec/SP), cita o exemplo dos Jogos Pan-Americanos, realizados na cidade em 2007, como mostra de que é possível garantir a segurança de um evento de grande porte.
“Nos bastidores, sabemos que o Exército teve que atuar, a polícia teve um esforço concentrado. Mas não tivermos nenhum incidente com segurança”, afirma.
No entanto, segundo Zimmermann, a segurança durante os Jogos Olímpicos não será mantida depois do término do evento. “Não vai proteger o cidadão no dia-a-dia”, diz.

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