sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Vírus da gripe A circula em Pernambuco

Do JC Online


Pela primeira vez desde o início do surto da gripe A (H1N1) em Pernambuco, a Secretaria Estadual de Saúde admitiu que o vírus já deve estar circulando livremente pelo Estado. Questionada nessa quinta-feira (13) pelo Jornal do Commercio, a diretora-geral de Vigilância Epidemiológica, Rosilene Hans, reconheceu que a transmissão sustentada, ou seja, a contaminação de pacientes que não saíram do Estado nem tiveram contato com pessoas que tenham viajado para fora, já está ocorrendo em Pernambuco. Ela ponderou, no entanto, que a confirmação oficial só poderá ser feita pela Secretaria Estadual após a constatação de um caso concreto em que a transmissão sustentada tenha sido comprovada.

Dos 45 casos confirmados de pacientes infectados pela doença no Estado, cinco ainda estão sendo investigados para identificar como se deu a forma de contágio. “É possível que em algum desses casos a contaminação tenha ocorrido sem que o vírus tenha sido importado. Isso confirmaria a nossa tese de que a transmissão comunitária da nova gripe já está acontecendo em Pernambuco”, explicou Rosilene Hans. Ela afirmou que nos outros 40 casos todos os pacientes tinham viajado para fora do Brasil ou para outro Estado do País. Os principais destinos estrangeiros foram Argentina, Chile e Estados Unidos. Nas viagens nacionais, os lugares mais visitados foram São Paulo e Rio Grande do Sul.

O infectologista Vicente Vaz, do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), unidade de referência para tratamento da gripe A (H1N1), também afirma que o vírus já circula livremente pelo Estado. “Não há dúvida que já está ocorrendo a transmissão sustentada. Isso já é um fato no Brasil. E o Recife é um destino turístico, comercial importante. Uma cidade que atrai muitas pessoas. Então essa confirmação deverá acontecer nos próximos dias. Só falta se materializar com um caso confirmado de contaminação. É uma questão de tempo”, observou o especialista.

A diretora-geral de Vigilância Epidemiológica disse que o reconhecimento oficial, quando ocorrer, não afetará as estratégias traçadas até agora para enfrentamento da doença no Estado. “As ações não serão alteradas porque a circulação do vírus já foi detectada em outros Estados. Do ponto de vista do padrão de conduta, não muda nada”, explicou. Ela argumentou que a mudança já ocorreu no mês passado, quando o Ministério da Saúde já havia reconhecido a transmissão sustentada no País.

“No dia 15 de julho, foi definida a estratégia de priorizar as pessoas com fatores de riscos, como gestantes, pacientes imunodeprimidos, com doenças crônicas e obesidade mórbida”, esclareceu Rosilene Hans. O infectologista Vicente Vaz diz que a procedência do paciente não tem mais relevância nesse momento. “Não há uma mudança no enfrentamento da doença porque o que importa agora é saber se a situação do paciente é grave ou não. Se ele tem fator de risco e se ele tem alguma doença anterior. Isso é o que importa. Tratar com rapidez para reduzir a mortalidade. Essa é a nossa prioridade.”

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