segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Crise moral

Do site Monitor Mercantil

Por Roberto Mohamed

Definitivamente me sinto o Bozo. Como um brasileiro pode sentir estímulo para trabalhar, pagar impostos, cumprir as leis, se preocupar com os direitos alheios, se ao ligar a TV leva inúmeros tapas na cara? Gente desqualificada acusando a imprensa por informar que são ladrões. Políticos imundos declarando que se lixam para o povo. Senadores sem voto arquivando denúncias óbvias. E um presidente que veio da classe operária afirmando que existem brasileiros de primeira e de segunda classes. Realmente estamos no fundo de uma crise moral sem precedentes.

Sempre houve corrupção no Brasil, assim como no mundo todo. Mas nos países civilizados não existe impunidade. Você faz enquanto não descobrem. Se descobrirem você paga. Aqui, punem quem descobriu ou denunciou. Quem já leu Jorge Amado tem a certeza de que o país inteiro é Ilhéus, na verdade, uma parte da Ilhéus de Gabriela, com coronéis, nacibs e um enorme Bataclan.

Mas como exigir que um brasileiro honesto tenha vontade de sair de sua casa para votar, de perder seu tempo preenchendo sua declaração de imposto de renda, sabendo que seu voto e seu dinheiro serva para garantir o emprego de físicos desempregados, namorados de netas de coronéis? Como acreditar na honestidade de um ex-operário que abraça quem, há alguns anos, pagou uma ex-namorada para lhe acusar de imoral e cafajeste? O poder vale a hombridade de alguém? Basta prestar atenção no primeiro escalão de apoio a Sarney para se chegar à conclusão de que vergonha na cara não serve para políticos.

Collor passou sua campanha toda chamando Sarney de corrupto (Lula também). Renan apoiava Collor integralmente, mas quando viu que a canoa ia virar pulou fora do barco. Hoje, estão de mãos dadas defendendo Sarney e ameaçando gente como Pedro Simon. O PMDB de Paulo Duque, Wellington Salgado, Renan e Sarney quer expulsar Simon, justamente o único que fez parte do velho MDB e encarna os ideais daquele partido que um dia se transformou numa quadrilha.

Não tem como não se sentir um palhaço diante disso tudo. Nada vai mudar, e sabemos disso. Renan continua mandando, Lula desfruta de sua popularidade fazendo o que quer, Sarney pode até perder a presidência do Senado, mas continuará a ser o dono do Maranhão, Collor voltou para ficar e, no final, você vai pagar mais caro sua conta de luz para agradar ao Paraguai, da mesma forma que paga mais pelo gás para financiar Evo e vai continuar a pagar impostos que se transformam em salários de parentes, passagens aéreas para familiares, mansões de gosto duvidoso, entre outras coisas absurdas. Mas sempre sobra dinheiro para comprar um nariz de palhaço e sair por aí.

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