sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Confira as dez principais notícias do dia 14 de agosto

Do O Filtro - Época


1. Sem limites
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou a limitação de gastos do governo com publicidade e viagens em 2010, ano eleitoral. A proposta de restringir esses gastos aos mesmos valores de 2009 estava na Lei de Diretrizes Orçamentárias aprovada pelo Congresso e que foi publicada na quinta-feira (13) no Diário Oficial. Como justificativa, a Casa Civil alegou que o teto dos gastos poderia comprometer a execução de políticas públicas, informa a manchete de O Globo. A limitação das viagens, por exemplo, poderia impedir que gestores chegassem a locais distantes para “fiscalizar as ações do governo”. Em relação à publicidade oficial, a explicação é de que o teto poderia afetar campanhas de utilidade pública.

2. O fator Receita
O depoimento da ex-secretária da Receita Federal no Senado marcado para a semana que vem preocupa o Planalto, que já dá como certo o desgaste da imagem da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) seja qual for o desfecho. Lina Maria Vieira afirmou que Dilma, em encontro privado no Palácio do Planalto, pediu “agilidade” nas apurações das contas das empresas da família Sarney. Dilma nega. Na melhor das hipóteses, avalia o governo, segundo O Globo, será a palavra de uma contra a de outra – e a suspeita sempre pesará nos ombros da pré-candidata à presidência. Causou desconforto também o surgimento de um depoimento que confirma a versão de Lina. A chefe de gabinete da Receita, que declarou ter visto o braço direito de Dilma, Erenice Guerra, no gabinete da ex-secretária. Erenice negou a visita, conta a Folha (para assinantes). O atual secretário da Receita Federal, Otacílio Cartaxo, que ocupava o cargo interinamente após a saída de Lina, foi efetivado pelo ministro Guido Mantega (Fazenda) ontem. Cartaxo apoia a manobra contábil da Petrobras que está sendo investigada por uma CPI no Senado e que havia sido considerada irregular por Lina Vieira, conta a Folha.

3. Identidade revelada
Ralph Siqueira, ex-diretor de Recursos Humanos do Senado, foi quem publicou tardiamente os novos 468 atos secretos no sistema de comunicação oficial da Casa. Durante toda a quinta-feira, a Primeira-Secretaria trabalhou para achar o responsável pela publicação dos documentos sigilosos, que foram editados em 1998 e 1999. De acordo com a Folha, a oposição fala em conspiração. O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) disse acreditar que aliados do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), articularam a divulgação dos novos atos para mostrar que Sarney não é o primeiro ou o único presidente envolvido – há dez anos, a Casa era presidida por Antônio Carlos Magalhães e Agaciel Maia, pivô da atual crise, já era o diretor-geral. Siqueira, que integrava a comissão que investigou os primeiros atos, admitiu ao Estadão que foi o responsável pela publicação dos atos só agora, mas negou que tenha feito isso de forma oculta. “Foi tudo transparente”, disse ele. Para ele, esses últimos atos não são secretos porque foram impressos pela gráfica do Senado, apesar de não terem publicidade externa. Siqueira também foi quem ordenou a publicação em segredo dos primeiros 500 boletins e está ligado ao grupo de Agaciel.

Censura
4. Jornal continua proibido
O Tribunal de Justiça de Brasília manteve ontem a censura ao Estadão, que desde o dia 30 de julho está impedido de publicar informações sobre a operação Boi Barrica, que investiga o filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Alegando prudência, o desembargador Waldir Leôncio Cordeiro Lopes Júnior decidiu só deliberar sobre o assunto depois que receber mais informações sobre o caso. Ele pediu dados para o desembargador Dácio Vieira, autor da medida que censura o jornal, e o parecer da Procuradoria de Justiça. Para o primeiro, o prazo dado para a entrega foi de dez dias. Para o segundo, não há prazo. “Há prudências que são prudentes demais”, disse o advogado do jornal.

Saúde
5. Gripe suína chega aos presídios e aldeias
O vírus da gripe suína chegou aos presídios de São Paulo. Ontem, dois casos foram confirmados, um em Sorocaba e outro em Ribeirão Preto. A notícia é preocupante, disseram especialistas ao portal G1, por se tratar de lugares com condições ideais para o contágio da doença: superlotações e falta de higiene adequada. Caio Rosenthal, infectologista do Conselho Regional de Medicina, afirma que a contaminação de presos já era esperada e é quase impossível conter a propagação do vírus nesses locais. “É como um rastilho de pólvora e a superlotação e falta de higiene são cultura ideal para a transmissão”, diz. Na quinta-feira também foi confirmada a primeira morte pela gripe A na região Norte do país, conta O Globo. A vítima é um jovem de 23 anos que morava em Alvorada do Oeste, em Rondônia. Também foi anunciada a primeira morte de um índio pela doença. Um bebê de três meses, de uma aldeia de São Vicente, litoral paulista, informa a Folha. A Funai proibiu o acesso às aldeias. Para evitar sobrecarregar os postos de saúde, o Ministério da Saúde decidiu adiar a segunda etapa da campanha nacional de vacinação contra a pólio, diz O Globo. A prioridade é o combate ao vírus H1N1.

Mundo
6. Diga-me com quem andas
A revista britânica The Economist (em inglês) traz em sua edição desta semana um editorial sobre a política internacional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O editorial, que leva o título “De que lado está o Brasil?”, afirma que chegou a hora de Lula aproveitar sua “cordialidade” para defender a democracia fora de suas fronteiras. “Acima de tudo, o Brasil precisa escolher o que realmente defende e quais são seus verdadeiros amigos, ou corre o risco de outros o fazerem por ele”, diz o texto. “O Brasil tem mostrado uma embaraçosa negligência com a democracia fora de seu território”. São citados os casos em que o Brasil se uniu à China e à Cuba na ONU e o apoio de Lula à reeleição do presidente do Irã ao afirmar que os protestos contra as eleições suspeitas do país eram iguais a uma torcida de futebol que acaba de perder um jogo. O exemplo mais contundente dado pela revista, no entanto, é a posição tomada por Lula no episódio da ocupação militar da Colômbia pelos Estados Unidos. Lula afirmou na semana passada que vai pedir explicações para o presidente americano sobre a presença militar na região. “Se há receios de uma ‘nova guerra fria’, como acreditam alguns no Brasil, o homem que vai começá-la não é o Sr. Obama, mas o mais duvidoso dos amigos de Lula, o presidente Hugo Chávez”, diz o editorial, lembrando que armas venezuelanas foram parar nas mãos de guerrilheiros das Farc. O texto é encerrado afirmando que ninguém espera que o Brasil seja o xerife da América Latina, mas é de seu interesse evitar uma guerra na região. “O jeito de fazer isso não é confundindo democratas com autocratas, como parece pensar Lula”.

7. Controladores suspensos
Dois controladores de voo foram suspensos pela Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos devido ao acidente entre um helicóptero e um avião de pequeno porte que matou nove pessoas na semana passada, em Nova York. Um deles, o responsável pela rota de voo do avião, falava com a namorada pelo telefone, informa a CNN (em inglês). O outro, seu supervisor, não estava na sala de controle como determinam as regras. Ninguém afirmou ainda que a causa do acidente tenha sido essa. Mas de qualquer forma, ambas as condutas merecem punição, disse um porta-voz da FAA, que investiga o caso. Um turista italiano gravou o momento do choque, que aconteceu sobre o rio Hudson. O vídeo foi exibido na quinta-feira pela TV americana.

Economia
8. Bronca nos privados
A Folha (para assinantes) destaca em sua manchete que ministros da área econômica do governo Lula passaram a quinta-feira dando bronca nos bancos privados nacionais – e quem apanhou mais foi seu maior banqueiro, Roberto Setubal, do Itaú Unibanco. Com o resultado financeiro do Banco do Brasil embaixo do braço – o banco estatal voltou a ser o maior da América Latina, desbancando o Itaú, com aumento de concessão de crédito e redução no spread (a diferença entre o quanto o banco paga de juros e o quanto ele cobra de juros dos clientes) -, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, pressionou pela redução dos juros dos empréstimos e afirmou que quem não aumentar a concessão de crédito “vai comer poeira”. A declaração rebate críticas feitas por Setubal, que havia afirmado que as taxas cobradas pelos bancos públicos são insustentáveis. Paulo Bernardo, do Planejamento, ironizou as declarações de Setubal. “Quem sabe os bancos privados não se unem para definir uma taxa única para o setor?”. Nos Estados Unidos, a pressão do governo sobre os grandes bancos é outra. De acordo com o The Washington Post (em inglês), o presidente Barack Obama planeja mais rigor na regulação do setor financeiro do país e pretende cobrar mais taxas dos grandes bancos para financiar essa reforma. Os bancos menores, por sua vez, pagariam menos.

9. Recuperação europeia
Boa notícia que vem da Europa. Alemanha e França são os primeiros países a darem sinal de vida depois da recessão, informa O Globo. Ambas as economias apresentaram taxa de crescimento positiva no segundo trimestre do ano. O caso alemão é o que mais evidencia que uma recuperação global está próxima. O país é um grande exportador e boa parte de seu PIB vem do comércio com outros países. Se eles voltaram a comprar, sinal de que os tempos de retração estão acabando. Considerando os 16 países da zona do euro, no entanto, o resultado ainda é negativo: queda 0,1%. De qualquer forma, a previsão era de recuo de 0,5% .

Sociedade
10. Documentos falsos para visto
A Polícia Civil de São Paulo cumpriu ontem mandado de busca e apreensão em diversos escritórios de despachantes próximos ao consulado dos Estados Unidos suspeitos de fornecerem documentos falsos a brasileiros para tirar o visto americano, informa o Estadão. Os estabelecimentos funcionavam em fundos de estacionamentos e pelo menos um deles em uma lan house. O esquema começa com a abordagem de pessoas que chegam ao consulado. Funcionários desses despachantes ofereciam um “atalho” para conseguir o carimbo do consulado. Por até R$ 25 mil, eram fornecidos declarações de imposto de renda, comprovantes de residência, registros de holerites, entre outros documentos. Tudo falso. A polícia abriu um inquérito para investigar os crimes de falsidade ideológica, falsificação de documentos e formação de quadrilha. A denúncia partiu do próprio consulado americano. Pelo menos 15 pessoas foram detidas durante a operação. Todas foram liberadas.

Por Camila Pamplona

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