quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Gripe suína atrapalha mais o comércio que a crise mundial


Do Valor Econômico


A crise financeira internacional exerceu efeitos sobre o varejo de Patrocínio. Empresas locais relatam queda nas vendas entre 10% e 30% nos cinco primeiros meses do ano. A recuperação começou a se dar em junho. Nas últimas semanas, porém, o avanço da gripe suína esvaziou as lojas.
"As vendas estão 30% menores e por causa da gripe as pessoas não saem de casa e não fazem mais festas, que geravam boas vendas para a loja", diz Celuta Nasser, gerente da franquia da Cacau Show. "Existe uma perspectiva de melhora no fim do ano. Mas o Dia das Mães e Dia dos Namorados ficaram prejudicados. Fica difícil fechar o ano com o mesmo resultado de 2008."
O comitê de acompanhamento da gripe suína da prefeitura registrou 146 casos suspeitos na cidade. Por conta do avanço da doença, o governo proibiu a realização de eventos até 15 de outubro.
As farmácias brindaram a demanda extra. "Chegou a faltar álcool-gel em agosto. Agora é que o estoque normalizou", diz Jeovane Borges, diretor e sócio da rede Farmácia Nacional, a maior da cidade, com seis lojas em Patrocínio e outras seis em Araxá, Patos de Minas e Paracatu. Devido à falta de álcool-gel fornecido pelas indústrias, Borges investiu na produção própria para atender à demanda. As vendas do produto compensaram a queda nas vendas de antigripais.
A rede manteve o mesmo faturamento de 2008 e abriu duas lojas em Patos de Minas e uma em Paracatu. "Algumas redes grandes estão investindo nas cidades do interior. Decidimos crescer e profissionalizar a administração para fazer frente a essa concorrência", afirma.
Enio Rizzatti, dono da loja de confecções Bem Menos, observou uma recuperação nas vendas da loja, que mantém há 20 anos e emprega 18 funcionários. "Quando surgiu a crise as vendas caíram em média 20%. Em maio, as vendas tiveram queda de 15% e daí para frente, de 10% em comparação com o ano passado", diz Rizzatti, que espera fechar o ano com o mesmo resultado de 2008.
Marco Wendell Duarte Frazão, presidente da Associação Comercial e Industrial de Patrocínio (Acip), diz que a safra menor de café provocou redução na renda média da população. A remuneração mais baixa e o receio dos efeitos da crise sobre a economia local também ajudaram na retração das vendas no primeiro semestre. Ainda assim, no acumulado do ano o desempenho é positivo, diz.
Os dados de consultas ao Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) registraram aumento de 9,8% no acumulado de janeiro a agosto em comparação com 2008. Em agosto, o volume de consultas cresceu 13,9% em relação ao mesmo mês de 2008 e 8,8% em comparação com julho. "A expansão da demanda na construção civil e a redução do IPI têm ajudado a elevar a demanda no varejo. Acredito que com a vinda de indústrias a oferta de empregos e as vendas do varejo vão aumentar", diz o presidente da CDL, Walter Bernardes Júnior. (CB)

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