segunda-feira, 14 de setembro de 2009

BELA ENTREVISTA COM SANTANA, O CANTADOR!


Do Blog da CDL


Cantador arretado e defensor ferrenho do autêntico forró pé de serra, Santana esteve, no último sábado, 12/09, em Santa Cruz do Capibaribe para realizar um show promovido pela CDL local e pela Associação de Assistência ao Deficiente – AADESC em prol da construção da nova estrutura da entidade que atende a crianças carentes e especiais do município e região. Em pouco mais de duas horas de show, Santana fez o público dançar agarradinho. Os casais se divertiam muito e cantavam as músicas introduzidas pelo artista. Na festa, além de Santana, Bidinga do Acordeon e Rubiênio Catanha animaram a noite.


Santana falou com o Blog da CDL e criticou as bandas que fazem apelação em busca de sucesso! Confira a entrevista na íntegra e sem cortes!



Santana você canta o autêntico forró pé-de-serra e qual a importância que você vê para comemorar-se o dia do forró (12/09)?



Santana: Essa data foi criada no caso que é justamente a segunda sexta-feira do mês de setembro, foi um projeto imaginado pela sociedade dos sanfoneiros pé-de-serrais, em parceria com o Deputado Estadual Betinho Gomes,sendo, aprovado pela ALEPE. No mês de setembro porque nasceu aquele que foi o primeiro artista nordestino a brilhar nacionalmente - Manoelzinho Araújo o rei da embolada. Então, escolhe-se essa data justamente para homenagear este artista que chegou primeiro que Gonzaga. Nós fazemos cultura popular, nós somos responsáveis e temos músicas de compromisso com a nação nordestina, nós preservamos essa identificação cultural. “Povo que não tem identidade não é reconhecido”! Sendo, a identidade cultural a marca maior de um povo, o resto é conseqüência.



Percebe-se que o seu show não tem apresentação de dançarinos, então, em sua opinião o que você acha das bandas que fazem quase que uma apelação sexual com dançarinas em seus shows, depreciando assim o forró?



Sanatana:Não tenho porque meus dançarinos é o povo. Eu sou a favor da união da família, da junção da família para assistir um espetáculo. Então, tudo o que venha a tirar o respeito a família, eu não sou a favor. Cada um que se responsabilize pelo que faz. Agora, eu acho, na minha humilde opinião, que música é coisa séria, ela forma cidadãos e, prostituição tem um lugar adequado para ela. As dançarinas podem não serem prostitutas, mas o personagem é! Pois, são de sexy shop, striptease e, isso a gente encontra nos antigos cabarés, as cenas sensuais de sexo explícito em cima do palco, tudo isso aí eu soube que tem, mas eu não assisto e sei que tem.



A chamada fuleragem music vem incentivando a depreciação da mulher, a prostituição, o palavrão, tudo isso que você falou que no seu show não tem. O que significa para você este incentivo para a música popular nordestina?



Santana: Veja bem, alguém vai se responsabilizar por isso. Inclusive teve um gerente “dessas bandas” que reclamou em uma conversa que nós tivemos que o filho dele só queria saber de beber e raparigar. Alguém estava por perto e disse: mas sua banda não faz isso? Não incentiva a fazer isso? Artista é um espelho da sociedade. Uma coisa é uma pessoa fazer alguma afirmação e, outra coisa é um artista falar, porque tem um peso maior. Então, nós – nordestinos, somos uma nação que ainda preserva os valores culturais e morais. Eu acho que as instituições devem ter todo um cuidado, pois para fazer sucesso não precisa partir para apelação. O americano vem aqui joga sua música, que traz cada arranjo bonito, você não entende uma palavra em inglês e faz sucesso, não tem ninguém mostrando nenhuma parte do seu corpo, nem partindo para a exploração sexual propriamente dita. Então, porque tem que ser assim? Tem alguém por trás muito forte que precisa de dinheiro, está investindo e quer o retorno, então, parte para a agressão. Repito música é coisa séria, ela forma cidadãos, ela também, une famílias.



Os defensores da música popular nordestina têm uma preocupação com relação a essa onda musical da fuleragem music, a qual acreditamos que seja a que eu vou lhe perguntar: Santana, existe a preocupação do nosso mestre Luiz Gonzaga ser esquecido com essa linha que aí está?



Santana: É uma coisa totalmente adversa, mas ela não tem esse poder todo não! Ela tem muita mídia, mas poder não! Porque eu te digo, vamos pegar como exemplo o axé baiano, essas bandas só têm essa visão toda, porque pagam muito caro para tocar, para aparecer, agora Gonzaga jamais será esquecido, pois ele está mais lembrado agora do que quando estava vivo. O grupo de axé baiano Chiclete com Banana é sucesso há muitos anos e, quando começou a onda de grupos como o É o Than, da Cia do Pagode, etc, pediram a Bel (líder do Chiclete) que colocasse dançarinas seminuas no trio, Bel disse não, então, Bel está aí contando a história. Chiclete com Banana cada vez mais fazendo sucesso, atraindo milhares de foliões, cantando a mesma coisa e os outros grupos onde estão? Entendeu? Quando não se tem mais diálogo, o que mostrar parte-se para o sexo e, nós fazemos música.



Hoje, o seu show foi em prol de uma entidade do município, qual a importância das entidades representativas e também, das entidades que buscam ajudar as pessoas como a AADESC?



Sanatna: Meu show é 1h e 30 mim eu fiz em 2h e 15mim a resposta foi dada. (risos)



Como você se sente em fazer shows em Santa Cruz do Capibaribe?



Sanatana: Santa Cruz é uma escola. Eu tenho um carinho por esta cidade que quando penso em Santa Cruz me lembro de um parente meu “Miguel Arraes” que Santa Cruz era a menina dos olhos dele. Então, quando olho para esta gente tão brava, destinada, inteligente fazendo a diferença e, eu saber que participei um pouquinho, eu me sinto honrado. Adoro esta terra, a qual fiz grandes amigos.



Qual a sua mensagem para as pessoas que gostam do forró e tem nas veias o sangue da cultura nordestina?



Sanatana: O nordestino por mais que ele fale inglês, mude o sotaque, mude de região, mas no momento que alguém cantarolar Asa Branca para ele, ele vai sentir um peso lá dentro, pois nordestino é um estado de espírito. O forró é o seguinte ele na contramão dos outros estilos ele une pessoas, é dançar abraçado, veja o rock, o axé, o pagode separam as pessoas. Para dançar forró você coloca sua melhor roupa, seu perfume mais cheiroso é coisa de família. Outra coisa, a doença mais perigosa que temos no mundo, hoje, é a depressão e, a pessoa no meio de um forró ela não tem depressão. Porque não tem coisa mais significativa para uma pessoa que está depressiva que receber um abraço carinhoso, o forró até nisso é um antídoto muito forte contra a depressão, por esse motivo meu novo CD chama-se Forró a Arte do Abraço.

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