quinta-feira, 25 de junho de 2009

MS recomenda adiar viagem para 6 países

Por Conceição Lemes

Quem pretende ir para Estados Unidos, México, Canadá, Austrália, Chile e Argentina, atenção. O Ministério da Saúde recomenda que, se possível, adiem a viagem de:
* Crianças menores de dois anos de idade
* Pessoas acima de 60 anos
* Gestantes
* Pessoas com imunodepressão (por exemplo, pacientes com câncer, em tratamento de aids ou em uso regular de corticosteróides), hemoglobinopatias (doenças provocadas por alterações da hemoglobina, como a anemia falciforme), diabetes, cardiopatia, doença pulmonar ou renal crônica.
Essas pessoas têm maior risco de desenvolver as formas graves da doença. E os seis países têm transmissão sustentada do vírus Influenza A (H1N1). Ou seja, tem muita gente que "pegou" o vírus da gripe suína no próprio país. A taxa de mortalidade dessa doença hoje no mundo é de 0,5%, semelhante ao vírus da gripe sazonal.
“É uma medida adicional de prevenção para os grupos mais vulneráveis à doença grave”, ressalta o Ministério da Saúde. “A recomendação tem como base critérios epidemiológicos e o aumento, com a proximidade das férias de inverno, da circulação de turistas brasileiros em países com transmissão sustentada da doença.”
No Brasil, há 399 casos confirmados. Esse número inclui os casos informados ao Ministério da Saúde pelos três laboratórios de referência para o diagnóstico da influenza (Fundação Oswaldo Cruz/RJ, Instituto Evandro Chagas/PA e Instituto Adolf Lutz/SP) e pelas Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, por meio do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).
Dos 271 casos confirmados apenas pelo Sinan, 208 (76,8%), infectaram-se no exterior e 42 (15,5%) “pegaram” aqui; 21 permanecem em investigação. Os principais locais de provável infecção dos casos importados foram Argentina (119 casos), Estados Unidos (57) e Chile (11).
Importante: das 42 pessoas se infectaram no Brasil, todas tiveram contato com doentes procedentes do exterior. Desse modo, até o momento, o Ministério da Saúde considera que a transmissão é limitada no País; não há evidências de sustentabilidade da transmissão do vírus de pessoa a pessoa.

LAVE FREQUENTEMENTE AS MÃOS
O vírus da gripe suína é transmitido da mesma forma que o da gripe sazonal: por gotículas que são expelidas quando a pessoa infectada fala, espirra ou tosse.
Portanto, as medidas de prevenção são as mesmas para o controle e prevenção da gripe sazonal e de outras doenças respiratórias:
* Lave frequentemente as mãos com água e sabonete. Faça isso, pelo menos: depois de tossir ou espirrar; após usar o banheiro; antes de comer; e antes de tocar os olhos, boca e nariz.
* Evite colocar as mãos nos olhos, nariz ou boca após pegar mexer com dinheiro, pegar produtos no supermercado ou ter contato com superfícies que não estejam devidamente higienizadas.
* Procure ter hábitos saudáveis, como alimentação adequada, ingestão de líquidos e atividade física.
Se apesar desses cuidados, você se sentir indisposto (a), tiver febre alta, tosse ou dor de garganta, procure um serviço médico, principalmente se viajou para o exterior ou teve contato direto com pessoa que chegou há menos de 10 dias do exterior e apresente um desses sintomas. É por precaução. Avaliação médica e exame laboratorial poderão dizer se é gripe suína ou não. Mas vá tranqüilo (a). Mesmo que seja gripe suína, o diagnóstico e o tratamento precoces vão curá-lo (a) rapidamente.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Voto eletrônico não merece confiança

Do Blog Desemprego Zero

Fonte: The New York Times

Máquinas de voto eletrônicas que não oferecem um recibo em papel do que foi computado não merecem confiança. Em 2008, mais de um terço dos Estados, inclusive Nova Jersey e Texas, ainda não exigiam que todos os votos fossem registrados em papel.
Agora, o republicano Rush Holt apresentou um ótimo projeto de lei que proíbe o voto eletrônico sem extrato em papel em todas as eleições federais. O Congresso deve aprová-lo enquanto ainda há tempo para preparar o pleito de 2010.
No voto eletrônico sem recibo em papel, os eleitores fazem sua escolha e quando todos os votos forem computados a máquina informa os resultados. Não há como saber se houve algum problema ou o roubo intencional (através de softwares maliciosos ou do acesso ilegal ao computador) que possa ter interferido no resultado. Se a eleição for disputada, não há como realizar a recontagem dos votos.
O projeto de Holt exigiria que cédulas de papel sejam utilizadas para cada voto feito em novembro de 2010. Isso ajudaria oficiais eleitorais no desenvolvimento de uma tecnologia que é melhor: o voto de leitura ótica. Com a leitura ótica, os eleitores preenchem uma cédula que é então lida por um computador (como um teste de múltiplas respostas).
Os votos são contabilizados rapidamente e de maneira eficiente por um computador, mas a cédula de papel continua a ser o voto oficial, que pode ser recontado.
O projeto também exigiria que os Estados conduzissem recontagens manuais aleatórias em 3% dos precintos de eleições federais, mais em pleitos disputados. Estas auditorias rotineiras são formas importantes de se checar a precisão do computador.
O projeto tem inúmeras provisões criadas para facilitar a transição para governos com baixo orçamento. Ele autoriza US$1 bilhão em financiamento para substituir sistemas que não estão de acordo com as exigências e mais dinheiro para as auditorias. Além disso, também permite aos Estados tempo extra para abandonar as máquinas, no qual os eleitores poderão fazer sua escolha em um computador e a máquina produzirá um recibo (como um extrato) do voto.
Tais máquinas são mais confiáveis do que a eleição sem registro em papel. Mas não são perfeitas, uma vez que os eleitores nem sempre verificam o registro para garantir sua exatidão. Até 2014, máquinas que geram rastros de papel teriam que ser substituídas por aquelas nas quais os eleitores registram seus votos diretamente em papel (o melhor de todos os sistemas).
A liderança da Câmara deve ter a aprovação do projeto de Holt como uma prioridade. Poucas questões são tão importantes quanto garantir que o resultado das eleições possam ser confiados.

O desemprego no mundo

Do Opinião e Notícia

A pior crise econômica mundial do pós-guerra vem levando a taxas mais elevadas de desemprego em muitos países. A Espanha lidera esta lista.
O desemprego no país aumentou mais de 8% nos últimos 12 meses — principalmente devido ao colapso do setor de construção civil –, alcançando 18,1%. Trata-se da taxa de desemprego mais alta no mundo rico.
A situação também anda complicada na Rússia, onde uma em cada dez pessoas está sem trabalho. Nos EUA, o número de desempregados aumentou quase 4 pontos nos últimos 12 meses. Por enquanto, o aumento da taxa de desemprego vem sendo moderado na Alemanha, onde sai caro demitir.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Muricy, um trabalhador brasileiro

Da Revista Brasileiros

Brasileiros: Depois de voltar da China, você colecionou títulos: foi bicampeão pernambucano pelo Náutico, duas vezes campeão gaúcho pelo Inter, campeão paulista pelo São Caetano, antes do tri no São Paulo. Disso tudo que você ganhou, qual foi a grande lição que o futebol deu para a tua vida?
Muricy Ramalho: Acho que é experiência de vida, eu conheci várias culturas, e principalmente os amigos que fiz. Tenho muito mais amigos que inimigos, muito mais. Eu sou um cara bom para lidar, mesmo eu sendo treinador... Porque treinador é foda, tem muito inimigo, você perde o jogo, os caras ficam bravos, mas eu tenho amigo para cacete.Em todo lugar eu fiz amigos. No Recife, eu vou lá e os caras gritam o meu nome. No Internacional, os caras me convidam toda hora para voltar, é loucura. Todo o lugar que eu vou eu sou muito querido, no México também. É mais porque eu me entrego para o clube, trabalho para cacete. O meu custo benefício é muito alto: por exemplo, aqui eu descubro muito jogador, recupero se eles estão encostados e não abaixo nunca a cabeça quando o time está mal. No ano passado, quando a gente estava num momento ruim, todo mundo se afastou. Foi muito difícil aqui dentro. Eu levantei o moral dos caras, então essas coisas marcam, não é fácil, não, precisa ter saúde, meu!
Brasileiros: Quer dizer que no futebol a derrota é sempre solitária?
M.R.: A derrota é solitária. É, mas eu não fico aí pelos cantinhos reclamando, nem vou ao Morumbi para agradar alguém. Eu venho aqui, vou trabalhar, vou para casa, procuro saber no que eu posso melhorar. Nestes dias mesmo escrevi dez times no papel para ver se encontro a formação ideal. Eu faço exercício, fico fazendo exercício, não fico dormindo, não sou treinador que vai embora para casa e para de trabalhar. Eu fico fazendo exercício porque eu preciso melhorar o meu time. Então, em vez de ficar reclamando, em vez de ficar chorando, agradando as pessoas, não, eu vou para o pau! O ano passado aqui estava assim. Eles sabem disso. Aqui não vinha mais ninguém. Ficou uns 20 dias assim, você vai se entregar?
Brasileiros: E a tua relação com a imprensa. Você não acha que às vezes pega pesado?
M.R.: Com alguns caras, sim, mas eu pego com quem não é imprensa. Ele está ali, mas não é o cara que pode dizer que é da imprensa. Alguns são mesmo mal preparados. Estão ali e não sabem do que estão falando. Eles foram numa escola que tinha uma matéria do "quanto pior, melhor". E eu não gosto dessa matéria. Se você pega os melhores caras do esporte, esses caras que são bons, que entendem de futebol, não brigo com eles. Porque são técnicos, sabem do que falam. Agora, molequinho igual tem por aí que quer aproveitar uma brecha para aparecer... Por exemplo, no ano passado, naquela fase ruim, falaram que tem que mandar embora, meteram a porrada, passaram por cima, o cacete. Eu fiquei quietinho, não revidei, não enchi o saco, aguentei a porrada. O que acontece agora é que se você dá uma pegadinha num desses aí, fica tudo melindrado, tudo com coisinha, então como é que eu aguentei? Sabe como é que eu faço? Eu me fecho, não converso com ninguém, e vou tentar melhorar o meu time. LEIA NA ÍNTEGRA

A saída Ciro Gomes

O PT de São Paulo e a saída Ciro Gomes

Por Celso Marcondes, em Carta Capital

Há dois meses o noticiário da imprensa paulista dava como quase certa a candidatura do deputado Antonio Palocci para o governo do Estado de São Paulo em 2010. Dizia-se que, se inocentado pelo STF no caso da invasão de privacidade do caseiro em Brasília, Palocci seria o favorito de Lula e da maioria das correntes internas do PT. Até aqui o Supremo não se manifestou, mas sumiram as defesas do nome do deputado por parte de lideranças petistas.
Outra opção do partido, a ex-prefeita Marta Suplicy manifestou-se publicamente, afirmando que não é candidata ao governo. Uma terceira hipótese discutida, o senador Aloizio Mercadante, parece se inclinar para a tentativa de reeleição ao senado.
Além destes três, considerados os nomes mais evidentes do PT para a disputa do governo, correm por fora as candidaturas do prefeito de Osasco, Emídio de Souza e do ministro da Educação, Fernando Haddad. O primeiro, ao que tudo indica, apenas para “marcar posição” e conseguir “moeda de troca” para sua corrente, liderada pelo deputado João Paulo. O segundo, para colocar o nome em evidência na mídia visando voos futuros ou uma vaga no parlamento, pois carece de apoio interno significativo dentro do PT.
O que une Palocci, Marta e Mercadante? A certeza de que esta, mais uma vez, é uma eleição para perder. Geraldo Alckmin, bem na frente das pesquisas, ou Gilberto Kassab, - na briga, mas sem declarar – parecem ter muito mais chances de êxito. O PT caminharia para amargar mais uma derrota. Como aconteceu em todas as disputas anteriores ao governo do Estado, com Mercadante, Genoíno, Marta, Zé Dirceu e Suplicy. E Lula, na primeira eleição pós ditadura, em 1982.
Por que uma eleição para perder?
1. Porque o partido ainda não conseguiu ter capilaridade pelo interior do Estado, nem nome forte, nem aliança para vencer o candidato do lado de lá. Que deve ter o PMDB ao lado.
2. Porque o PT não pode partir do principio que do esforço de Lula para transferir votos para Dilma por todo o Brasil vai sobrar tempo para fazer o mesmo em São Paulo, em favor de qualquer um dos candidatos.
3. Porque é em São Paulo que reside a grande força do governador Serra – que em caso de perspectiva de desastre na candidatura presidencial pode ter a opção da tentativa de reeleição
Mercadante, Marta e Palocci conhecem bem este quadro e se colocam diante de uma escolha: trocar uma cadeira certa para o parlamento por uma derrota certa para o governo valeria a pena? Só com muita negociação.
É este cenário que fez crescer nas últimas semanas a articulação pela candidatura do deputado Ciro Gomes, do PSB do Ceará. Unindo dirigentes do PT (o deputado Cândido Vaccarezza), do PDT, do PC do B e do próprio PSB, o movimento pela “importação” de Ciro é real. Aos jornais, ele reafirma que é candidato à presidência, mas que é obrigado a analisar a hipótese paulista em função da seriedade dos proponentes.
Enquanto ele analisa, a bancada do PT na Assembléia Legislativa fechou posição contra a alternativa, ciente de que a ausência de um candidato do partido prejudicaria a eleição de um número maior de deputados. “São Paulo não é o Amapá!”, gritam, em referência direta à trajetória do senador Sarney, hoje bastante na mídia. Mas nem a direção do partido, nem o ainda mais que influente José Dirceu, nem Mercadante descartam a saída Ciro, um cearense, mas, importante lembrar, nascido no interior paulista.
O fato é que o jogo petista está mais que embaralhado. Se a saída Ciro não prosperar, o mais provável é que Marta Suplicy seja pressionada pelo partido para assumir o sacrifício. Por uma simples razão: ela é a candidata petista em melhor posição nas pesquisas. Não teria o suficiente para se eleger, mas o suficiente para disputar um segundo-turno e alavancar a bancada petista para a Assembléia e dar palanque sólido para Dilma em São Paulo. Não eleita, ainda poderia apostar numa vaga num eventual ministério de Dilma.
Aguardemos os próximos lances, as fichas ainda não estão na mesa.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Dilma cita Ciro como vice em chapa governista para 2010

AE - Agencia Estado

SÃO PAULO - A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, provável candidata do Planalto à sucessão presidencial, não descartou ter o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) como postulante a vice na chapa. ?Se eu puder escolher, independente do ano, quero Ciro ao meu lado?, afirmou ela, em visita a um conjunto habitacional em Fortaleza, ontem. Já o deputado afirmou, em um evento com sindicalistas na capital paulista, que ainda está pensando sobre a possibilidade de disputar o governo de São Paulo em 2010. ?Estou pensando?, disse. Sobre uma dobradinha com Dilma, ele afirmou que ?ninguém é candidato a vice?.Ciro percorreu quatro andares do prédio da sede da Força Sindical, onde participou de um congresso do Sindicato dos Metalúrgicos, entrando e saindo de auditórios e fazendo discursos. Com um vocabulário familiar à plateia - formada em sua maioria por nordestinos -, ele falou da sua trajetória no Nordeste, apesar da origem paulista, e citou realizações que beneficiaram diretamente a classe operária, como a medida provisória, assinada por ele quando ministro, que instituiu a participação dos trabalhadores nos lucros e resultados das empresas.Dilma também se comportou como candidata. Caminhou pelas casas, abraçou e beijou moradores e tomou cafezinho na barraca de um ambulantenão falou de política.

Fome vai atingir recorde de 1 bilhão de pessoas em 2009, diz FAO

Da BBC Brasil

O número de pessoas que passam fome no mundo chegará neste ano ao recorde histórico de 1 bilhão, segundo a projeção mais atualizada da FAO, o braço da ONU para a agricultura e alimentação, divulgada nesta sexta-feira.
A situação, que a organização descreve como "uma combinação perigosa de desaceleração econômica e preços de alimentos que insistem em se manter alto em muitos países", deve fazer com que 100 milhões de pessoas sejam empurradas para baixo da linha da pobreza.
"Embora importante progresso tenha sido obtido para reduzir a fome crônica na década de 1980 e na primeira metade de 1990, a fome aumentou inexoravelmente durante a última década", diz a organização.
"O número de famintos aumentou entre 1995-97 e 2004-06 em todas as regiões do mundo, exceto na América Latina e no Caribe", acrescenta a FAO. "Mas inclusive nesta região os progressos históricos na redução da fome foram anulados como consequência da alta dos preços dos alimentos e da atual crise econômica."
Segundo o relatório, "a crise econômica se produz como continuação da crise alimentar e energética de 2006-08".
"Em termos reais, os preços têm permanecido em média 24% acima dos de 2006", acrescenta a entidade. "Para os consumidores pobres, que gastam até 60% de sua renda em alimentos básicos, isso significa efetivamente uma forte redução de seu poder aquisitivo."

Emergentes

A organização ressalta que os países pobres e em desenvolvimento são, de longe, os que mais abrigam desnutridos.
E eles são também os mais vulneráveis à crise global: os investimentos direcionados a eles devem cair 32% neste ano (segundo o FMI), assim como o volume de remessas de estrangeiros (entre 5% e 8%, de acordo com o Banco Mundial).
O relatório diz que soma-se a isso uma queda no volume do comércio mundial (entre 5% e 9%, segundo o FMI e a OMC) e a redução no volume de ajuda internacional.
"Não podemos ficar indiferentes à situação atual de insegurança alimentar no mundo", alertou o diretor-geral da FAO, Jacques Diouf. Ele também pediu mais mecanismos para elevar a produtividade agrícola dos países pobres.
"Esta crise silenciosa da fome, que afeta um em cada seis seres humanos, representa um sério risco para a paz e a segurança mundiais", acrescentou.
Segundo a FAO, muitos dos que passam fome vivem no campo - mas serão os pobres da cidade que, afetados duramente pela piora da situação econômica e pelo aumento do desemprego, terão dificuldades de fazer frente à recessão mundial.
A FAO estima que 642 milhões de pessoas passem fome na região da Ásia e Pacífico. A África Subsaariana possui 265 milhões de pessoas com fome.
Em seguida, vêm a América Latina e Caribe (53 milhões), África do Norte e Oriente Médio (42 milhões) e os países desenvolvidos (15 milhões).

Juventude Fast Food

Por Madalena Giostri

O que você quer ser? Quem já não foi surpreendido com essa pergunta? Afinal qual pessoa não fica profundamente irritada com essa dúvida? O jovem quem diga. Aos 17 anos somos profundamente atormentados com a obrigação de imaginar como será nosso futuro pro resto das nossas vidas. Poucos sabem a reposta na ponta da língua, ou então, acham que sabem, pois o que sabemos realmente é que nada dura para sempre. Clichê? Essa é controvérsia do chamado mundo moderno.
Vivemos em uma sociedade capitalista. A Revolução Industrial que vem ocorrendo há 249 anos, nos encaminhou para um mundo totalmente tecnológico e a cada dia menos humanitário. Podemos dividir a sociedade de acordo com seus descobrimentos. A pedra, os metais, as especiarias, a tecnologia, são tantas as decobertas, mas ate hoje não tivemos a idade do homem, uma época em que o amor, a amizade, a paz vem à frente do dinheiro, da ganância. Seria estúpido afirmar que após tantas descobertas estamos vivendo em um mundo onde você pode ser tudo que quiser.
Já nascemos predestinados a ser algo projetado pelos nossos pais e principalmente pela condição social em que eles vivem. O acesso à cultura, a informação e principalmente aos estudos exige uma grana alta, que só será adquirida com muitas horas de trabalho e é claro, em cima de muito estresse.
Esa cultura surgiu com a Revolução Industrial. A necessidade de crescimento tecnológico fez surgir à indústria cultural e com ela uma sociedade de massa. Uma sociedade caracterizada pelo dinheiro. Dividida em classes sociais que são julgadas pelo seu status social, que definem quais são seus direitos e seus deveres. O valor das pessoas está na conta bancária?
Como criar filhos em meio ao caos dessa desumanidade? Começo meu dia já angustiada de ter pouco tempo para fazer tudo o que devo, porque minha vontade mesmo é de não fazer nada. Passo o dia correndo, sempre com a sensação de estar atrasada. Na hora de comer, não tenho tempo para fazer uma comida gostosa e saudável. Acabo abrindo o congelador e pegando aquela lasanha da Sadia. Rápido e fácil, assim defino a vida moderna. Uma geração que aprendeu a viver com pressa.
Não existem mais encontros de jovens que abraçam ideologias, agora a única coisa que eles abraçam são produtos industriais fabricados de acordo com o mercado, como aquela música que estraga nossos ouvidos, ou mesmo aquele pedaço de pano caríssimo só porque tem uma marca enorme que está na “moda”.
Com os meios de comunicações mais desenvolvidos nos deparamos com muitas facilidades que eles nos proporcionam. Mas o que custa a ver é que não damos conta da velocidade da informação. A impressão é que a Terra gira a cada dia mais rápido e eu, uma jovem, acredito não estar conseguindo acompanhá-la.
A tatuagem que há 5 anos atrás era sinal de rebeldia, hoje é apenas uma decoração. A drogas que quase não se via, hoje esta explícita em todos os lugares que vou. O protetor solar que não servia para nada, hoje não posso viver sem. As doenças antes eram sinônimos de velhos: hoje, com 20 anos tenho ansiedade, gastrite, colesterol alto e estresse. O tempo virou algo precioso, quase nunca o tenho.
Não sei mais namorar, usar salto alto e nem ao menos uso batom. No namoro sempre encontro homens folgados que apenas querem curtir a vida com cerveja, drogas e sexo ou então aqueles que só pensam na imagem e no dinheiro. A cada dia que passa me sinto mais fora deste mundo, sem identidade, sem tribo.
Tenho muitos medos. Medo do amor e de não saber amar. Tenho medo da sombra e medo da luz. Tenho medo de pedir, tenho medo de calar. Medo, que dá medo do medo que dá.
Sou a conseqüência de uma juventude Fast Food.

COMANDANTE DE AIRBUS OPINA SOBRE O ACIDENTE DO AF 447

Do Blog Democracia Política

“Gostaria de passar algumas informações com relação ao acidente da AF. Posso dizer apenas que o assunto é muito complexo e, portanto, difícil de tirar uma conclusão baseada apenas nas evidências atuais. Porém, se for para especular, acho que estou em melhor condição que muitos repórteres e curiosos da nossa imprensa. Eu pilotei o A330-200, de 2001 até 2007, e depois passei a voar o A340-500 (quatro turbinas e 132 ton mais pesado), com tecnologia similar ao A330. Estes aviões são computadores voadores. Todos os comandos que existem na cabine são na realidade terminais de um teclado de computador disfarçados em alavancas, interruptores, teclas etc. Tudo para dar ao piloto uma sensação de um avião convencional, ao qual nós pilotos estamos acostumados. Pergunta: o avião é seguro? Sim, super seguro. As chances de algo muito errado acontecer a todos os computadores ao mesmo tempo é, realisticamente falando, impossível. Somente para o caso específico dos controles de voo, por exemplo, temos seis computadores, com dois canais cada, e que podem funcionar independentemente ou em conjunto com até 26 combinações. Para alimentar eletricamente todos os sistemas, o avião possui 3 geradores normais, um gerador de emergência, que é acionado pelo ar de impacto, e duas baterias com autonomia de 30 minutos. Apenas um gerador é suficiente para alimentar todos os sistemas de voo por tempo indeterminado. Então o que aconteceu ao AF? Eu acho que foi um conjunto de fatores extraordinários, que, somados, não deram a menor chance aos pilotos de usarem todos os recursos disponíveis. Uma turbulência extremamente forte, que normalmente vem associada a formação rápida de gelo ou chuva de granizo, pode extraordinariamente bloquear ou danificar todos ou quase todos os sensores externos que todo avião possui (até os mais simples) e que são essenciais para o funcionamento dos instrumentos a bordo. Uma nuvem do tipo "cumulo nimbos" pode ter em seu interior pedras de gelo com diâmetro de até 20 centímetros, deslocando-se com velocidade superior a 300 km/h. Mesmo desviando de uma formação assim, uma aeronave pode ser atingida por uma saraivada de granizo estando a mais de 25 km de distância da nuvem. Voando à noite, próximo a nuvens pesadas com turbulência severa, formação de gelo ou granizo, sensores danificados e sem indicação de velocidade e/ou altitude qualquer avião fica condenado a entrar em atitude anormal, atingindo velocidade muito acima da máxima estrutural de homologação, comprometendo a integridade estrutural da aeronave. Todo avião tem procedimento alternativo para voar sem indicação nenhuma de velocidade ou sem indicação de atitude ou com restrição elétrica ou despressurizado ou com controles de voo parcialmente travados... Porém, com tudo isso ao mesmo tempo ...Vamos aguardar a investigação das autoridades competentes; aí saberemos o que realmente aconteceu.”
FONTE: texto do Cmt Fábio Farias, recebido por terceiro em 18/06/2009

A Justiça tarda e por isso falha!

Da Revista Algo Mais

Por: Alexandre Nápoles Filho*


"A Justiça de Pernambuco é a mais lenta do País... possui maior índice de congestionamento na primeira instância da Justiça comum: 91,7%... no Brasil, o congestionamento da primeira instância da Justiça Estadual é alarmante: chega a 79,6%.". Divulgada a análise do CNJ pelo Jornal do Commercio na última semana, estes dados me fizeram lembrar o resultado de uma pesquisa encomendada pela Associação dos Magistrados Brasileiros ao IBOPE, em 2004, que apontou o Judiciário como "um poder lento como a tartaruga, perigoso como um leão, corrupto, ineficiente e pouco confiável".

A perda de credibilidade no sistema de Justiça tem sido manchete em vários periódicos nos últimos tempos. O desajeitado bate-boca promovido pelas excelências no plenário da Suprema Corte, lavando roupa suja em cadeia nacional de TV, parece ter amplificado ainda mais o debate. Agora, o boom do momento vem através dos números.

As expressivas cifras contribuíram para repensarmos que modelo de justiça está sendo construído e a quem convém seus serviços. Numa análise longe de hipocrisias, temos que considerar que a morosidade do sistema de justiça não é totalmente maléfica para muitas pessoas, principalmente as devedoras, que, na carona desse bonde a gás, se beneficia das prescrições intercorrentes no processo.

Apontar culpados é a tarefa mais cobiçada pelos especialistas do segmento. Falta de recursos tecnológicos dos tribunais, deficiência numérica no corpo dos magistrados e servidores, pouco incentivo às formas alternativas de resolução dos conflitos são alguns dos problemas realmente plausíveis. Com esmero na abordagem, também o Relator da ONU sobre Independência dos Juízes e Advogados, Sr. Leandro Despouy, em sua visita ao país em 2005, recomendou ao Estado Brasileiro que reduza o número de procedimentos recursais de modo que a decisão judicial atinja o duplo requisito da eficácia e celeridade.

Entretanto, acredito que para além de pensarmos em instrumentos formais de celeridade processual, que é imprescindível para aprimorar o sistema, necessitamos, igualmente, refletir sobre um ponto anterior: que tipo de acesso à justiça queremos promover? Um acesso aos tribunais (aos prédios) ou às decisões individual e socialmente justas? Acesso aos serviços judiciários ou aos valores e direitos fundamentais ínsitos a qualquer ser humano? LEIA MAIS

Em um ano, 7% dos brasileiros fizeram sexo com pessoas encontradas pela web

Da Folha online

Uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira pelo Ministério da Saúde aponta que ao menos 7,3% dos brasileiros já fizeram sexo com pessoas que conheceram pela internet --o estudo, realizado entre setembro e novembro de 2008, questionou entrevistados sobre os hábitos sexuais nos 12 meses anteriores à pesquisa.
Entre os homens, 10,3% afirmaram ter feito sexo com ao menos um parceiro que conheceu pela internet durante o período --para as mulheres, a taxa é de 4,1%.
Segundo a "Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas", os jovens são os que mais procuram parceiros sexuais pela internet. Entre a população de 15 a 24 anos, 10,5% afirmam ter mantido relações sexuais com "amigos virtuais". Para os entrevistados entre 24 e 49 anos de idade, esse índice cai para 5,4%, e para 1,7% entre as pessoas com 50 a 64 anos.
O levantamento foi feito com 8 mil pessoas, que tinham entre 15 e 64 anos de idade, de todas as regiões do país. Outra conclusão do estudo é que o brasileiro está fazendo mais sexo casual: 9% dos entrevistados afirmaram que tiveram cinco ou mais parceiros nos últimos 12 meses a partir da realização da pesquisa. Estudo semelhante feito em 2004 apontava 4%.
'As pessoas estão se relacionamento mais com parceiros e parceiras casuais. E o Ministério da Saúde não pode fechar os olhos', afirmou o ministro da Saúde, José Gomes Temporão.

Desde 91, não havia tanto "voador"

Do Monitor Mercantil

EM MAIO, A CADA MIL CHEQUES, 25,2 NÃO TINHAM FUNDOS. É O PIOR ÍNDICE DESDE A ERA COLLOR
O número de cheques devolvidos atingiu em maio o maior patamar desde 1991. Segundo levantamento da Serasa, foram devolvidos 25,2 cheques a cada mil compensações. Ao todo, voltaram, por falta de fundos, 2,49 milhões de cheques, em maio, contra 98,74 milhões compensados.
Frente a maio do ano passado, a alta é de 18,9%. Na comparação com o mês anterior, houve piora de 13,5% no volume de cheques devolvidos. Foram devolvidos, em maio de 2008, 2,40 milhões de cheques, e compensados 113,19 milhões.
Apesar disso, o consultor econômico da Confederação Nacional da Indústria (CNC), Carlos Thadeu de Freitas, avalia que ainda é cedo para dizer que a crise já tenha chegado ao varejo:
"Sem dúvida, é um sintoma de aperto, mas o varejo tem dados ainda favoráveis. Diferentemente da indústria, o setor tem desaceleração lenta e continua resistente, tanto que o nível de inadimplência caiu em São Paulo", observou, acrescentando que a perspectiva para o varejo não é ruim, por causa das isenções, da volta do crédito e da estabilidade da massa real de salários.
"O que aconteceu em maio, provavelmente, é reflexo do último trimestre do ano passado, quando houve muitas demissões. Boa parte dos cheques devolvidos é de pré-datados daquela época", ratificou.
O número de consumidores paulistanos endividados e inadimplentes caiu, de acordo com a pesquisa mensal da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio).
O percentual de famílias endividadas apurado foi de 49% em junho, ante 52% em maio, o que iguala o índice ao registrado em junho do ano passado.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

"Só nos dão o osso" - entrevista com Ariano Suassuna

Da revista Fórum

Fórum – Antes da entrevista estávamos conversando um pouco a respeito da aula do senhor e ela é a demonstração de que não é um anseio da população abrir mão de sua tradição, de sua cultura. A prova de que não é, é que a aula do senhor foi a mais concorrida, a mais aplaudida e a que teve a maior fila para autografar um livro nesta Flip.
Ariano Suassuna – Olha, meu amigo Capiba, que era um grande compositor, uma figura extraordinária, ficava indignado quando diziam que cachorro gosta de osso. Ele dizia, só dão osso ao cachorro, depois dizem que ele só gosta de osso. Ele adora comida como todo mundo. Ele dizia, bote um osso e bote um filé para ver qual é que ele escolhe. Agora não estão deixando a juventude brasileira entrar em contato com o filé. Só estão lhes dando osso.
Fórum – E o senhor atribui isso principalmente aos meios de comunicação?
Ariano Suassuna – Às vezes as pessoas pensam que sou contra a televisão. Digo, não, sou contra é o modo como a estão fazendo. A televisão é uma coisa maravilhosa, mas o que tem de arte ali é muito pouco. Tem noticiário, entretenimento, negócio e só de repente aparece uma obra de arte. Em geral, eles só mostram o que não presta e depois fazem uma enquete e perguntam: o que o senhor acha dos programas? E as pessoas dizem que gostam do que não presta. Claro, eles só vêem o que não presta.
Fórum – Da adaptação do Auto da Compadecida o senhor gostou bastante.
Ariano Suassuna – Gostei muito, tenho muita sorte. Antes do Auto da Compadecida, eu tive duas peças encenadas na televisão, por Luis Fernando Carvalho, que é um diretor que admiro muito. Ele adaptou duas peças minhas, A Fada da Boa Preguiça e uma Mulher Vestida de Sol. Dois espetáculos belíssimos. E gostei muito da adaptação do Guel (Arraes) também, do Auto da Compadecida.
João Filho – Voltando ao começo, quero lhe agradecer uma coisa, de o senhor falar tanto a respeito do Dom Quixote e da leitura clássica. Sabe, eu lá longe, em Bom Jesus da Lapa, às vezes fico me sentindo muito só, me achando meio arcaico. Fico lá lendo Quixote e clássicos e escrevendo minhas coisas e me sinto longe. Mas com essa sua aula de hoje e agora vendo essa entrevista, lavei a alma...
Ariano Suassuna – Fico muito contente, até porque Cervantes não é arcaico nem nunca será. Aquele ali é contemporâneo, eterno e será sempre para todas as gerações. E o Quixote ainda hoje é romance de vanguarda. E vai ser até o fim dos tempos. E esses que querem olhar pra ele por cima do ombro, não vão longe. Nunca vão chegar lá. LEIA MAIS

“A omissão do Estado é que produziu a crise que aí está”

Do Diário do Gauche

Apesar de reconhecer o esforço feito pelo Banco Central para reduzir a taxa básica de juros (Selic) para 9,25% ao ano, o ex-ministro da Fazenda Delfim Netto considera a queda insuficiente, por acreditar que o Brasil poderia cobrar taxas reais em torno de 3%, a exemplo do que é feito em outros países.“O Brasil não tem nenhuma razão para ter uma taxa de juros real muito maior que 3%, que é a taxa de juros do mundo”. disse ele, em entrevista ontem à Agência Brasil.Na entrevista, Delfim também creditou ao Federal Reserve (FED, Banco Central dos Estados Unidos) parte da culpa pela crise econômica mundial. “Quem faltou foi o Estado. O Estado é que se omitiu da sua tarefa. Não podemos deixar de acreditar e de reconhecer que o Estado produziu essa crise que está aí. Boa parte dessa crise foi pelo FED não ter observado esses avanços tecnológicos”, disse ele.Perguntado se vamos chegar, um dia, a ter juros normais no Brasil, Delfim respondeu o seguinte:“Não tenho a menor dúvida. Todas as teorias estão desmitificadas. Primeiro, porque ninguém mais leva a sério essa ideia de que o Banco Central é portador de uma ciência monetária. Porque o Banco Central é uma contradição em si. Você elege o presidente [da República] com 60 milhões de votos e depois ele escolhe um sujeito que ele pensa que sabe e entrega todo o poder para ele. Nos levantamentos nos Estados Unidos – lá se faz levantamento para tudo – a figura mais importante do governo depois do presidente é o presidente do Banco Central. Ou seja, é justamente aquele no qual você não votou. Quando você vai fazer uma operação do coração, procura o [o médico Adib] Jatene, procura o melhor hospital, o melhor pós-operatório, porque supõe que ele sabe, e ele sabe mesmo mexer naquele negócio. Quando você contrata um presidente do Banco Central pensa que ele é portador de uma ciência. Essa crise mostrou o seguinte: na verdade, isso não é verdade”.

Senado aprova PEC dos Vereadores em dois turnos

Da Revista Algo Mais
Por: Fábio Góis (Congresso em Foco)


O Senado aprovou há pouco dois destaques apresentados à Proposta de Emenda à Constituição 47/08, a chamada PEC dos Vereadores, que altera o limite de gastos para as câmaras municipais, em observância às vagas de vereador abertas pela PEC 20/08. A votação abriu caminho para a análise da matéria em outro turno, também com aprovação dos senadores. Assim, a proposição segue para a Câmara, onde deve ser promulgada. O texto-base da PEC 47/08, que já havia sido aprovado, estabelece que as alterações devem entrar em vigor já a partir de 1º de janeiro do próximo ano.
A PEC 47/08 (também chamada "PEC Paralela dos Vereadores", uma vez que foi extraída de outra) define o limite de gastos para as câmaras municipais, para atender o aumento das vagas de vereador previsto na PEC originária. Traduzindo em percentuais, sem dependência de fatores econômicos, a PEC estabelece, em suma, limites máximos de gastos entre 2% e 7% (o texto aprovado na Câmara fixava esse limite em 2% E 4,5% – leia aqui e aqui). Atualmente, o percentual varia entre 2% e 8%.
Também ficam estabelecidas faixas percentuais de despesas às câmaras municipais, observando-se a população do município e tendo como base a arrecadação total no ano anterior: 7% para municípios com população de até 100 mil habitantes; 6% para 101 mil até 300 mil habitantes; 5% para 301 mil até 500 mil habitantes; 4% para 501 mil até 2 milhões de habitantes; 3% para 2.001 milhões até 8 milhões de habitantes; 2% para cidades com mais de 8 milhões de habitantes.
Já a PEC 20/08, em linhas gerais, amplia de 51.748 para 59.791 o número desses cargos no país (diferença de 7.343 – ou 14,1% de ampliação de vagas). A proposta também altera a proporcionalidade de vereadores em relação à quantidade de habitantes em cada município. Assim, os menores municípios (até 15 mil habitantes) teriam nove e os maiores (até 8 milhões) 55 vereadores.
Os senadores aprovaram a quebra de interstício (prazo regimental) que permite o início da votação da matéria em segundo turno, no mesmo dia. O interstício – cuja quebra foi obtida por meio de acordo entre governo e oposição – determina novo exame da proposta em três sessões, mais uma para proceder a votação.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Quando o comprar substitui o brincar

Do Terra Magazine

Por Marina Silva

Na semana passada vi um documentário excelente, dirigido pela cineasta Estela Renner, intitulado "Criança, a alma do negócio" (disponível gratuitamente em www.alana.org.br). É sobre como a publicidade dirige-se propositalmente às crianças, fazendo delas consumidores precoces orientados pela propaganda, principalmente a televisiva.
Segundo o IBGE, as crianças brasileiras são as que mais passam tempo em frente à TV, cerca de cinco horas diárias. Vejam o que diz no filme a pedagoga Ana Lúcia Villela, presidente do Instituto Alana: "Do carro à geladeira, não importa. O foco é a criança. Por que eles estão falando com a criança? Por que eles colocam bichinho no meio da propaganda?. Por que eles falam uma linguagem infantil? Porque hoje se sabe que 80% das decisões de compra numa casa vêm das crianças".
O triste é que as crianças estão substituindo o brincar pelo consumir. Com graves consequências para elas e para o meio ambiente. Paradoxalmente, são as crianças, adolescentes e jovens os que mais têm se mostrado sensíveis à preocupação com a proteção da natureza. Mas, hiperestimulados ao consumo, desde a mais tenra idade, não conseguem fazer ligação entre seus sinceros ideais de preservação dos recursos naturais - sem os quais serão prejudicados no futuro -, e o desenfreado consumo que ironicamente vai, aos poucos, os transformando em exterminadores de si mesmos. E esse talvez seja um "exterminador do futuro" mais preocupante do que o da ficção cinematográfica.
Vivemos um momento de graves perturbações para a capacidade humana de não dissociar completamente o agir do pensar e o querer do poder. É como se tivéssemos correndo o risco de perder o elo com os meios que nos possibilitam agir e tomar decisões a partir de uma base integradora de pensamento que nos assegure alguma coerência entre pensamento e ação. Sem o quê, aos poucos, vamos ficando cada vez mais impedidos de perceber que o atual modelo de produção e geração de riquezas - que tem exaurido o planeta, destruindo os ecossistemas fundamentais para a vida na Terra - não é de responsabilidade somente de grandes empresas e de governos. Para que a máquina funcione, para o bem ou para o mal, é preciso que toda a sociedade participe dela.
Nossos recursos naturais são finitos e é imperativo aprendermos a satisfazer nossas necessidades usando cada vez menos. Isso, porém, se tornará quase impossível se continuarmos aprisionando nossas crianças e jovens ao consumo desenfreado e irracional, inconscientes dos resultados nefastos já conhecidos por todos: contaminação da água, devastação das florestas, matança de animais, destruição do solo e mudanças climáticas, com secas, desertificação e tantos outros danos.
Nosso consumismo produz mais lixo, incluído o emocional, do que produtos e riquezas. E isso começa cedo, na cabeça das crianças, indefesas, reféns da "cultura do shopping" e desprovidas dos mínimos recursos para se proteger da sanha desenfreada da indústria propagandística, que as faz substituir o brincar pelo comprar. E, progressivamente, também se vêem substraídas da capacidade de se constituirem como seres que asseguram seu lugar no mundo por meio não da autosuficiência - que prescinde do relacional para existir, bastando tão somente ter os meios materiais para adquirí-la -, mas da coosuficiência. Pois, como tão bem disse o pediatra e psicanalista inglês D. W. Winnicott, "A independência nunca é absoluta. O indivíduo normal não se torna isolado, mas se torna relacionado ao ambiente de um modo que se pode dizer serem o indivíduo e o ambiente interdependentes."
Será que vale a pena, em troca simplesmente da voracidade do consumo, separar a criança de si mesma - inibindo o brincar descomprometido e revelador do mundo - , adoecê-la mentalmente por meio do dirigismo publicitário e aliená-la de sua relação com o mundo natural que é sua primeira casa? É algo para se pensar, no momento de deixar nossas crianças aos cuidados das mensagens televisivas, sem ajudá-las a desenvolver um olhar arguto e crítico. E também no momento de levá-las às compras para não ter o trabalho de induzí-las ao inventar, ao brincar, ao viver.

REALITY SHOWS - Circo de horrores

Por Rita de Cássia Arruda

Os reality shows viraram moda e invadiram de vez nossa tela. Esse é um fenômeno que se verifica em todo o mundo, não apenas no Brasil. Sua fórmula foi importada – desembarcou por aqui há pelo menos uma década – e seu principal objetivo é a busca desenfreada pela audiência. O assunto está na pauta do dia de jornais, revistas, da mídia eletrônica, da internet e até de estudos acadêmicos.
Não há como negar: todos estão "de olho" em programas como Big Brother, Dez Anos Mais Jovem, Esquadrão da Moda, Troca de Família, A Fazenda e outros tantos do gênero. Mais um está sendo anunciado para os próximos dias, na Globo. A febre do momento é bisbilhotar o que acontece na vida do outro; na casa do vizinho. Trata-se da invasão da privacidade alheia elevada à categoria de espetáculo. Quem assiste e participa de programas desse tipo – votando em fulano ou eliminando sicrano, por exemplo – pouco se importa se ele é educativo ou não. Para estas pessoas, o que conta mesmo é o prazer de estar interagindo, ainda que no fundo essa interatividade não passe de ilusão. Ainda que a curiosidade se restrinja a programas em que "somente" se futriquem as misérias e mazelas da vida de outro alguém.
O que a grande maioria parece não perceber é que, no final das contas, quem decide mesmo são os patrocinadores. As regras do jogo são ditadas por eles. Ao mesmo tempo em que o telespectador "interativo" atira no sujeito que está no "paredão", vai igualmente consumindo marcas e produtos anunciados pelas indústrias ou instituições que patrocinam esse tipo de programa, sejam eles os serviços do banco Itaú, os chocolates da Nestlé ou os tênis da Nike.

Invasão coletiva de privacidade

O caso do Brasil é particularmente interessante. O país soma cerca de 40 milhões de lares com TV e não seria exagero dizer que o brasileiro possui uma cultura eminentemente televisiva: vive e foi formado num país cujo espaço público é totalmente dominado pela TV. Reside aí exatamente o "X" da questão: a separação entre público e privado. É aí que o bicho pega! Existe nesse caso uma clara dicotomia entre o sentido de público e privado.
Assim sendo, "público" é tudo aquilo "aberto" ou "acessível ao público". Todo ato visível ou observável na frente do espectador; para quem quiser ver ou ouvir. "Privado", ao contrário, supõe privacidade: é aquilo feito ou dito longe da vista alheia, entre quatro paredes. Os reality shows, estranhamente, parecem subverter esta ordem: o que era para ser privado, doméstico, passa a ser de domínio público. Milhares de olhos curiosos diariamente espiam pelo buraco da fechadura e acompanham cada mínimo passo dado pelos participantes de tais programas. A privacidade deixa então de existir.
É curioso isso. Por que será que tanta gente aceita participar desse tipo de reality show, escancarando sua privacidade à curiosidade alheia? Seus participantes parecem não se importar com a invasão coletiva de privacidade desse tipo de "circo humano". Chega a ser compreensível essa fome de fama súbita que algumas pessoas têm, mas o preço a ser pago em tais circunstâncias certamente é alto demais. Haja mico!

Se a moda pega...

Até porque essa notoriedade que os reality shows proporcionam no mais das vezes é efêmera; realmente passageira. Nem todo mundo que participa de programas como o Big Brother Brasil, por exemplo, entrará necessariamente depois na próxima novela das oito ou posteriormente integrará o elenco de estrelas da Globo. Muitos voltam para o anonimato de onde saíram quando o programa acaba. Mas nem só de BB vivem os reality shows. Talvez ainda pior que ele sejam os programas que exploram as fraquezas humanas, expondo seus participantes ao ridículo extremo.
Como se não bastasse todo esse circo de horrores, eis que não mais que de repente somos surpreendidos com notícias nos dando conta das bisbilhotices do Google Street View. Diferentemente do espião dos estúdios de TV, esse invade as ruas das mais diversas cidades mundo a fora. É a profecia de H. G. Wells se cumprindo. Dá-lhe, 1984! Duvidar, quem há de? Trata-se da invasão da privacidade alheia com tudo o que ela tem de mais perverso. Ninguém escapa aos olhos curiosos do "Grande Irmão" (Big Brother), de famosos como Paul MacCartney ao mais absolutamente anônimo dos mortais. Estamos todos na mira dos bisbilhoteiros de plantão. Sir Paul, segundo noticiou a imprensa mundial, pediu ao Google que retirasse as imagens de sua casa do ar. Em resposta, o Google teria dito que "tem quem goste dessa exposição pública".
No Brasil, pelo que se sabe, ao menos por enquanto, nossa gente "linda e trigueira" está a salvo da invasão. Se a moda pega... Ai, meu Deus! Estamos fritos no azeite quente!

BOTA A CAMISINHA

Do Direto da Redação

Por Eliakim Araujo

Por trás dos filmes pornográficos que fazem a alegria dos adolescentes na fase das espinhas no rosto e motivam casais enfastiados no mundo inteiro, está uma gigantesca indústria cinematográfica que movimenta 12 bilhões de dólares por ano nos Estados Unidos, mas esconde mazelas que não chegam ao conhecimento do grande público. É um círculo fechado, quase como uma máfia, com usos e costumes próprios e, de um modo geral, isento da fiscalização oficial. A indústria de filmes pornô é tão poderosa que possui seu sistema próprio de saúde, onde atores e atrizes são regularmente testados contra doenças sexualmente transmissíveis, informam seus dirigentes. A indústria resiste à qualquer tipo de regulamentação oficial e se opõe ferozmente ao uso de preservativos em seus filmes. Por outro lado, e isso é fácil de entender, o que acontece dentro dessas clínicas exclusivas é mantido em segredo, sempre que possível, longe do conhecimento do público e das autoridades. Essa falta de colaboração entre o serviço privado da indústria pornô e o serviço público de saúde oficial é que preocupa as autoridades. Há o temor de que esse descompasso permita a propagação do virus da AIDS. Esta semana, em Los Angeles, foi confirmado o caso de uma atriz pornô que teve o resultado positivo em seu teste de HIV. O teste foi realizado dia 4 de junho, no dia seguinte ela trabalhou normalmente. No dia 6 voltou a fazer o teste, que confirmou a presença do virus. Por algum motivo, o caso se tornou público e os chefões da indústria pornô logo tentaram minimizar o fato, informando que esse era o primeiro caso desde 2004. Os setores oficiais de saúde de Los Angeles não confirmam a versão e dizem que pelo menos 22 casos, não publicados, foram confirmados nos últimos cinco anos entre os que fazem performances em filmes eróticos.No caso da atriz, ela transou com o ator e com o namorado dela, já depois do teste positivo. O ator que “contracenou” com ela está em quarentena. Mas o pessoal da saúde pública já sabe que o ator e o namorado da moça transaram com outras seis pessoas. Todo mundo que se envolveu nessa teia está sendo chamado para testes e ninguém sabe onde vai parar essa corrente.A culpa, como sempre, acaba caindo em cima da mídia. Sharon Mitchell, uma das fundadoras de uma clínica que atende os atores, e ex-atriz pornô que trabalhou em mais de 2 mil filmes, diz que a mídia “é como a mariposa atraída pela chama”. E isso “se torna gritante quando aparecem na mesma frase as palavras HIV e pornografia”. É claro que Dona Sharon tem que puxar a sardinha para a brasa dela, ela ganhou dinheiro como “intérprete” e deve estar ganhando mais agora como “empresária” ligada a uma indústria que emprega 1.200 adultos que trabalham na frente das câmeras e mais 5.000 em funções de apoio, em cerca de 200 produtoras. Com esses números, a possibilidade de propagação rápida da doença é uma realidade. O que faz com que os especialistas em saúde pública da Califórnia não se cansem de repetir que essa indústria clama por regulamentação e o uso da camisinha deve ser obrigatório em qualquer filme.Não existe - e na verdade nunca existirá - uma lei que obrigue as pessoas a usarem a camisinha em suas relações sexuais, mas no caso de uma indústria que coloca seus filmes nos mercados do mundo inteiro, e ao alcance de qualquer um na internet, ela deve de alguma maneira contribuir para que as novas gerações vejam no uso do preservativo uma prática normal em favor do sexo seguro. É o mínimo que ela pode fazer como forma de retribuição pelos milhões que fatura.

Ciro candidato a governador de São Paulo?

Veja uma análise sobre a possível candidatura de Ciro Gomes ao governo de São Paulo no Jornal Valor.

Yan Boechat de São Paulo - VALOR
Antes de ter seu nome oficializado como candidato ao governo do Estado de São Paulo por uma coligação envolvendo o PSB, o PT e o PDT, o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) já fornece um estoque de munição considerável para os adversários o atacarem . Ao longo da última década, o ex-governador cearense e ex-ministro da Fazenda no governo Itamar Franco declarou repetidas vezes que um dos maiores problemas do país é a elite econômica paulista . Mesmo tendo nascido em Pindamonhangaba (SP), a cidade natal do ex-governador paulista Geraldo Alckmin, Ciro arrisca ganhar a pecha de “estrangeiro” que não gosta de São Paulo pelos partidos que disputarão o governo estadual, em especial o PSDB, que lutará para ficar mais quatro anos no poder.Nos três partidos pelos quais transitou nos últimos 20 anos, Ciro sempre foi enfático em seus ataques ao empresariado paulista. Para ele, seu Estado natal, sempre colocou seus interesses particulares à frente dos interesses da federação. Não são raras as frases do ex-governador cearense afirmando que o país é comandado por empresários paulistas. Em muitos desses episódios Ciro Gomes usou de sua conhecida verborragia para atacar os donos do capital do Estado mais rico.Uma das mais controversas declarações de Ciro ocorreu em 2001, quase no fim do segundo mandato de FHC. Comentando sobre uma reunião que o então presidente havia tido com empresários paulistas, Ciro comparou o encontro a uma reunião da Operação Bandeirantes, a Oban, grupo paramilitar criado para combater movimentos de esquerda durante a ditadura militar.Um ano depois, durante a campanha presidencial, Ciro voltou à carga, afirmando que o país ainda continuava sendo comandado por barões, sendo os atuais ligados ao sistema financeiro. “O atual modelo que concentra uma oligarquia de barões paulistas no poder precisa ser destruído”, afirmou o então candidato à sucessão de FHC em comício na cidade mineira de Sabará.As críticas de Ciro ao empresariado paulista remontam até mesmo ao tempo em que era aliado de FHC, na época candidato à Presidência da República, com o apoio de toda elite econômica. O então ministro da Fazenda afirmara publicamente que os empresários de São Paulo estariam em complô contra o Plano Real.As críticas à elite econômica de São Paulo continuaram ao longo dos últimos anos. Em 2006 Ciro Gomes afirmou que a “tragédia do Brasil é a classe dominante paulista”. A declaração foi motivada pelo fato de o deputado federal ter encontrado em um teatro de São Paulo a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy, o atual secretário de cultura do Estado de São Paulo, João Sayad, e o governador de São Paulo José Serra. “Em São Paulo o PT e o PSDB são a mesma coisa”, disse ele na época.Apesar de todas as críticas feitas à elite econômica paulista, Ciro recebeu mais de dois milhões de votos em São Paulo quando concorreu à Presidência da República em 2002. Percentualmente, teve um desempenho em São Paulo muito próximo de sua média nacional. Enquanto recebeu em todo o país 12% dos votos válidos, foi escolhido por 10% dos eleitores paulistas.”

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Os "embrulhos"de sábado à tarde

Do Observatórioda Imprensa


Por Erick da Silva Cerqueira

"Final de jogo aqui em Montevidéu. Brasil 4, Uruguai 0." Assim se encerrava, de forma tradicional, a transmissão de Galvão Bueno para a Rede Globo de Televisão. Ai começou a minha angústia. Como viver à frente da TV aberta em um final de sábado à tarde?
Tive de pensar rápido. A qualquer momento começaria a novela das 6, algo tão abominável que o cantor Daniel é um dos atores principais. Não aguentaria assistir a essa mistura de Pantanal com O Rei do Gado. Comecei a me desesperar. Empunhei com toda gana e disposição o meu controle remoto, a maior invenção da humanidade, e comecei a mudar os canais.
Canal 9, Rede TV. Programa Escola de Profetas. Não tenho muito vocação...
Canal 7, Band. Raul Gil e seu show de calouros. Talvez quinze anos atrás, mas não hoje.
Canal 5, Record. O melhor do Brasil. Uma das piores coisas já apresentadas na TV aberta brasileira. Algo tão ruim que poderia ser considerado uma cópia muito piorada do Video game da Angélica (sic). Talvez o título do programa seja uma ironia.
Canal 4, SBT. Seriado enlatado. Pelo menos não era humorístico mexicano do Programa do Chaves.

"Público", como algo sem dono

Canal 2, TVE Bahia. De repente, o mundo da mediocridade da TV aberta deu lugar a um importante hiato. Um programa onde o antropólogo Roberto DaMatta discorre, livremente, quase sem cenários, sobre a formação cultural do povo brasileiro. Era simples, um pano de fundo que parecia um tapete com matizes africanas. Ele, do lado esquerdo do vídeo, e sua imagem sendo cortada de tempos em tempos por vídeos antigos e imagens mostrando manifestações típicas do nosso povo.
DaMatta discursou sobre alguns dos nossos problemas cotidianos, argumentando sobre a possibilidade de muitos deles serem frutos da nossa má formação cultural. Falou sobre a famosa frase que, segundo ele, representa bem o povo brasileiro, o famoso "você sabe com quem está falando?" A constituição da nossa personalidade foi explanada de forma brilhante e simples, como em seus livros. Falou do nosso erro ao tentar fazer da escola uma extensão da nossa casa, ao chamar a professora de "tia", deixando de lado o respeitoso tratamento, antes obrigatório, mas hoje, arcaico, "senhora". A falta de respeito com os outros. A falta de consciência do nosso povo ao entender "público" como sendo algo sem dono, e não como bem comum a todos, dentre outras coisas.

O que está acontecendo com o espectador?

Mas o que isso tem a ver com a mídia? Tudo.
As TVs abertas exploram a ignorância, a falta de cultura e o desprezo da maioria da população pelas artes, leituras e as ciências sociais de forma tão gritante que, quando deparei com um grande autor discursando sobre suas obras e estudos, fiquei maravilhado. Algo, na minha concepção, de extrema importância para o entendimento da nossa sociedade é renegado como sendo "somente um programa para os velhos", como cansei de ouvir. Por isso, no auge da minha velhice de três décadas de vida, agradeço a Deus por ainda conseguir enxergar esse contraste como um absurdo.
Façamos algumas perguntas a nós, e por nós mesmos: por que devemos nos contentar em ver a fictícia vida dos personagens das novelas, quando podemos aprender sobre a nossa realidade e buscar melhorar a nossa sociedade? Para que perder tempo com a vida alheia nos reality shows, nessa democratização nacional da fofoca, se podemos aprender mais sobre a nossa cultura? Como entender a audiência astronômica de programas que exploram as mazelas e desgraças do ser humano, com seus apresentadores demagogos e vendidos? E o pior, como entender os baixos pontos do Ibope alcançados pelos poucos programas de conteúdo útil e realmente interessante da nossa TV aberta?
Meu Deus, com que finalidade se assiste ao E24 da Band, onde acidentes e atendimentos a doentes terminais tornam-se espetáculos ante uma câmera nervosa, imagens difusas e gritos de dor?
O que está acontecendo com essa raça da humanidade denominada de espectador?
Talvez fosse necessário mais alguns programas com o nosso antropólogo Roberto DaMatta para responder essas perguntas. Mas acredito que ninguém irá perder um final de semana para pensar em coisas sérias e com o intuito de melhorar nossas vidas. Afinal, o Zorra Total vem aí e domingo tem Faustão, Silvio Santos, Gugu...

Em nome de Deus e da Coca-Cola

Por Mona Chollet

Quem nunca ouviu falar do ingrediente “secreto” contido na Coca-Cola? Cuidadosamente acalentado pela empresa, esse mito empresta ao refrigerante um ar de mistério e possibilita associar a fórmula do produto à de uma poção mágica descoberta por um alquimista genial. Esse componente imaginário, juntamente com outros ingredientes, permitiu que os fabricantes conquistassem algo muito real: o império da Coca-Cola. Exemplo precoce de uma “estratégia de marca” bem-sucedida. Seu fundador, Asa Griggs Candler (1851-1929), seguidor da Igreja Metodista e prefeito de Atlanta entre 1916 e 1919, conseguiu levar a um nível inigualável a arte de transformar uma mercadoria banal em símbolo cultural.
A Coca-Cola foi inventada por um farmacêutico de Atlanta, John Pemberton, a partir do Vinho Mariani, lançado por um colega corso, Angelo Mariani. Devido à Lei Seca, Pemberton suprimiu o álcool e acrescentou ao extrato de folha de coca o da noz de cola, cujas propriedades eram conhecidas no Sul dos Estados Unidos graças aos escravos. O nome foi um achado do contador Frank Robinson, que teria dito que os dois “C” cairiam bem numa publicidade.
Candler comprara a fórmula em 1887. Por um bom tempo, a atividade da empresa consistiu em vender o xarope para os comerciantes, que o misturavam com água gaseificada para servir no balcão das farmácias ou confeitarias. Foi somente em 1928 que as vendas em garrafa ultrapassaram as vendas em copo. Candler organizou uma cobertura metódica do território, a fim de assegurar que sua bebida estivesse disponível em todos os balcões de soda dos Estados Unidos. O assédio aos compatriotas foi realizado graças a um orçamento publicitário em permanente expansão. Longe de ser maquiavélico, Candler estava convencido das virtudes medicinais da Coca-Cola e acreditava em um vínculo direto entre a fé religiosa e o êxito nos negócios.
Vendendo um único produto (a versão light, a primeira novidade, só seria lançada em 1982), com uma fórmula imutável, a empresa por outro lado renovava constantemente suas campanhas publicitárias e, com o passar do tempo, pôs em cena as pin-ups, as estrelas de cinema e… Papai Noel – este último para lembrar que Coca-Cola se bebe em todas as estações. Ela inovou também em termos de quinquilharias e produtos derivados: copos nas cores da Coca-Cola, caixas com seis garrafas ricamente ilustradas, instalação gratuita de abridores nas casas das pessoas etc.
Sem visar uma categoria definida de consumidores, Candler convenceu os americanos de que Coca-Cola era “a bebida de todos, a todo momento”. Associou ao produto uma imagem de despreocupação e otimismo. Essa campanha permitiu à marca se impor como um símbolo universal do sonho americano. Durante a Segunda Guerra Mundial, o sucessor de Candler, Robert Woodruff, com o apoio do general Dwight Eisenhower, futuro presidente dos Estados Unidos, deu um jeito para que cada um dos 11 milhões de soldados tivesse acesso à famosa garrafa, em qualquer parte do mundo onde estivessem. Em 1945, a “bebida dos caubóis” estava prestes a conquistar o planeta.

A ÚLTIMA PALAVRA NO AVIÃO

Do Direto da Redação

Por Claudio Lessa

Brasília (DF) - Caro(a) leitor(a), a tragédia do AF-447 ainda sobrevive no noticiário e eu, sendo apenas um curioso em assuntos aeronáuticos, devo ter acertado em algumas das observações que andei fazendo na semana passada. Compartilho com você alguns trechos surpreendentes dos e-mails que abrem ramificações até agora não discutidas na chamada “grande imprensa”. Ao expandir a questão da “dualidade filosófica” entre o “fly-by-wire” da Airbus, onde os computadores mandam nos pilotos, e o “fly-by-captain”, onde o piloto tem a última palavra sobre o controle da aeronave, um desses e-mails, por exemplo, chamou atenção para um fato perturbador: “além dos aviões automatizados da Airbus, existe a realidade dos pilotos asiáticos. O "sucesso" do Airbus ocorre, em boa parte, porque permite que as companhias asiáticas operem com aviadores de baixa formação, já que o jato compensa e quase voa sozinho. Se "condenarem" o sistema de vôo da Airbus, a aviação comercial na Ásia entra em colapso imediato, e mesmo que houvesse Boeings suficientes para substituir os Airbus, não haveria pilotos habilitados para pilotá-los. E qualquer tentativa de fazê-lo resultaria em imediato aumento da taxa de acidentes aéreos. Imagine agora o que acontecerá num futuro próximo quando entrar em serviço, daqui a alguns anos, o sistema de controle aéreo automatizado (sem controladores humanos). Só vou andar de navio...” Uma outra opinião foi enviada por um ex-piloto da Varig com 30 anos de experiência, hoje voando no Oriente Médio, que lembrou: “embora eu também seja fã ardoroso da "filosofia Boeing" de não limitar eletronicamente a autoridade do piloto sobre a máquina, pessoalmente eu não teria qualquer receio de embarcar em um A-330 ou qualquer outra aeronave da Airbus. O Boeing 777 também utiliza a tal tecnologia "fly-by-wire", onde apenas sinais eletrônicos dos meus comandos são enviados a um computador, mesmo que a minha atuação dos comandos no 777 seja feita através de um "manche clássico", entre as pernas do piloto, e não de um "joy-stick" lateral como ocorre nos Airbus. Mas o resultado é o mesmo... A diferença reside únicamente nos tais "limites máximos" impostos aos comandos do piloto programados no software no projeto da Airbus e não no Boeing. Mas a discussão sobre as vantagens ou não desta diferença são muito complexas, pois assim como há dados que comprovam que o controle sem restrições e final do piloto "salvaram" um vôo, há também dados que comprovam que acidentes foram evitados quando os computadores não "obedeceram" um eventual comando errado ou exagerado do piloto.”Outro e-mail chama atenção para as falhas de projeto do Airbus A330, compara as circunstâncias com a investigação de outro acidente (o de um Boeing 747 da Air France que “virou sucata” no Galeão, em 1986) e lembra que a empresa não quis admitir falhas graves de manutenção, atribuindo à Boeing o problema de fixação de uma polia onde corria o cabo que se partiu. A ruptura desse cabo, em decorrência de manutenção mal feita (conclusão da investigação do DAC), fez com que o cabo do reversor do motor número 1 se arrebentasse, deixando os outros três motores em “full reverse” e um acelerando para a frente com 100% de potência. “Agora, o mesmo deverá ocorrer, com essa bondade do Brasil que transferiu a eles a responsabilidade da investigação. Coisas da vida”, conclui a mensagem.Outro e-mail digno de nota ressalta que o automatismo dos aviões da Airbus, “é um grande erro de projeto tanto porque é impossível antecipar todas as condições de funcionamento normal, quanto prover uma solução correta para todos os casos de falha. A Boeing fez diferente: centra o automatismo no homem, e nos aviões da Embraer também é feito assim. Eventualmente a Airbus será forçada a mudar todos os seus aviões. Acredito que estejam tentando fazer isso em "low profile" para não falir. Enquanto isso, os acidentes estão aumentando. Mas... isso é conversa pra muita cerveja.”“Pelo mesmo viés, o fato dos comandos de vôo serem “fly-by-wire” totalmente potenciados eletricamente, sem qualquer back-up que não seja o elétrico, simboliza necessarimente que a perda total de energia elétrica redunda inexoravelmente na perda total de atuação nos comandos de vôo! Um exemplo recente ocorreu com o vôo Swissair 111 em 1998, que se estatelou sobre o mar sem qualquer tipo de orientação e comando (maiores detalhes no site www.jetsite.com.br/acidentes/blackbox). Mas... voltando à nova geração dos Airbus, é bom lembrar que durante o vôo de demonstração inaugural em Fairbourough, a aeronave entrou voando sobre as árvores porque os computadores de bordo não aceitaram o comando dos pilotos. Mais cinco acidentes idênticos ocorreram após esse. Dois incidentes de brusca variação de atitude sem comando da cabine ocorreram no ano passado com Airbus A-330 na Austrália e mais um na Nova Zelândia. Estamos diante, mais uma vez, de um avião projetado por engenheiros que se dizem perfeitos, que acham que pilotos só servem para atrapalhar.”“Concordo integralmente contigo que esta discussão é fortemente influenciada pelas fabulosas quantias de dinheiro envolvidas neste negócio de fabricar aviões e que também provoca esta fabulosa cortina de fumaça feita para "encobrir" as causas de acidentes, além da eterna rotina de sempre empurrar o máximo de responsabilidades sobre as costas de nós, pilotos. O que geralmente funciona, pois... na maioria das vezes, não estamos mais entre os viventes para contar a nossa versão.”
Será que as caixas pretas conseguirão elucidar o mistério do AF-447?

quinta-feira, 11 de junho de 2009

TUA BELEZA É UM AVIÃO

Do Direto da Redação

Por José Inácio Werneck

Bristol (EUA) – Sou veterano em jornadas aéreas. Entre outras peripécias, já estive (na mesma viagem, em 1965) em um avião que fez um pouso de emergência, fora da pista, no aeroporto de Sheremetyevo, em Moscou, e outro que voltou a Roma, quando já se aproximava de Dacar, porque um dos motores começou a emitir chamas. No ano anterior, choveu dentro de um avião da Línhas Aéreas Paraguaias em que eu me deslocava de Assunção para o Rio de Janeiro. Em todas, mantive-me olímpico e indiferente, confiante em que viagens de avião, como afirmam as estatísticas, são mais seguras do que cruzar de uma calçada a outra na Avenida Rio Branco. Como dizia um amigo, há muitos anos, quando atavessávamos uma rua no Rio e um lotação dobrou a esquina: “Rápido, porque ele já nos viu”. Mas tudo isto aconteceu numa época em que não se falava em terrorismo e conspirações. Agora é forçoso reconhecer que aviões que nunca caíram estão caindo com incômoda frequência e, ou deixam o respeitável público em suspenso (seria melhor que as aeronaves tivessem se mantido suspensas) quanto às causas ou suas quedas revelam espantosa negligência das empresas aéreas, incompetência das autoridades públicas responsáveis ou lamentáveis falhas humanas da tripulação. Até hoje não há explicações sobre a queda do Egypt Air 990, que levantou vôo de Nova York em outubro de 1999, com destino a Cairo, e caiu no Atlântico Norte. As teorias vão desde o suicídio do co-piloto, que teria resolvido arrastar consigo outras 215 pessoas, até um ataque de míssil pelo governo de Israel, com a cumplicidade dos americanos, porque o avião tinha 32 militares egípcios a bordo (o que, por sinal, contrariava normas do Estado-Maior de Cairo). Três anos antes tívéramos a explosão do vôo TWA 800, com saída de Nova York e destino final em Roma, depois de escala em Paris. Ele caiu ao largo do litoral de Long Island, numa bola de fogo, vista por muita gente. O avião já partira com um atraso de mais de uma hora, com problemas de manutenção. A teoria oficial é que um tanque de gasolina debaixo das asas explodiu ao ser atingido por uma fagulha, em virtude de um curto-circuito no sistema elétrico. Agora, o vôo AF 447, perdido na zona de convergência inter-tropical entre o Atlântico Sul e o Atlântico Norte. Já passei também por muitas turbulências, mas imagino o que deve ter sido o horror a bordo quando os passageiros começaram a perceber que aquela não era uma turbulência costumeira, quando compreenderam que o aparelho estava totalmente desgovernado. Constata-se que, em desastres maiores ou menores, como o de um Bombardier que caiu também recentemente na cidade de Buffalo, estado de Nova York, há uma história de desmazelo causado, ao fim e ao cabo, pela cobiça. Na procura de lucros ou no afã de cortar despesas, empresas aéreas deixam de mudar peças que deveriam ter sido substituídas, ou levam pilotos e co-pilotos a trabalhar horas excessivas. Amedronta saber que, enquanto passageiros jantam ou dormem, equipamentos de suposta alta tecnologia podem falhar de maneira catastrófica, levando o aparelho a voar a uma velocidade tão baixa que não lhe permite manter-se alado ou tão alta que leva a fuselagem a desintegrar-se. Parafraseando o Barão de Itararé: “Há algo no ar, mas não são os aviões de carreira”.

O mercado de trabalho e suas modificações

Por: Betto Aragão

Desde os primórdios da vida humana na terra que o homem luta pela sua sobrevivência. O trabalho sempre foi o meio de ganhar o sustento, fosse pela mão-de-obra pesada ou mais leve. Para o mercado, na antiguidade o processo de negociação se dava por meio de trocas, o chamado escambo, pois a moeda inexistia. Com o passar do tempo, tudo foi se modificando, o trabalho braçal ganhou reforço de máquinas e a produção passou a ser mais rápida e aperfeiçoada. O comércio foi se desenvolvendo. O capitalismo exacerbado, pouco a pouco fez com que o pensamento da humanidade se transformar a ponto de o ter, se sobrepor ao ser.
O homem vive nessa constante mutação profissional de sempre está de acordo com o que o mercado pede. Surgimento de novas tecnologias, as cobranças diárias por serviços cada vez mais rápidos. O ser humano está mergulhando nessa forma abissal de querer acompanhar o desenrolar tecnológico e ostentando possibilidades estranhas como a de um homem agir feito máquinas. As desculpas são muitas! Quase sempre a de não ter tempo para nada prevalece.
O homem ainda não se deu conta que estar preparado para o mercado de trabalho é um mito. Pois, quanto mais se busca, mais o mercado exige. Quer um exemplo? O ensino superior que outrora era certeza de bons empregos, hoje já se pede especializações, mestrados e doutorados. E assim, o mercado de trabalho vai se modificando, se mistificando cada vez mais, fazendo o homem seqüestrar sua subjetividade a fim de ser sempre o que o outro queira que ele seja abdicando de suas vontades próprias. O que é certo, lógico temos de acompanhar as mudanças do mercado para não nos tornarmos obsoletos, contudo precisamos observar essa linha tênue que nos separa da profissionalização do nosso lado SER, ser humano. Sabemos que temos 24 horas diárias para dividir nosso tempo. Oito para trabalho, oito para estudo e lazer e mais oito para dormirmos. Jamais podemos querer ultrapassar as normas do nosso criador em função de acompanhar a tecnologia tal como ela é.

As tecnologias e o bem-estar humano

Da Agência Carta Maior

O espetáculo da tragédia é o principal foco explorado à exaustão. Porém, quase nada é dito que possa realmente ajudar a melhorar a compreensão dos riscos maquínicos e dos demais problemas do tempo presente.

Por Luís Carlos Lopes

O último grande desastre aéreo de repercussão mundial, ocorrido na rota Rio de Janeiro-Paris, recolocou a questão das crenças usadas para interpretá-lo nas grandes mídias. Aliás, estes filtros são mais ou menos os mesmos e se repetem nos lugares comuns usados, sem qualquer cerimônia, em vários episódios similares. O espetáculo da tragédia é o principal foco explorado à exaustão. Porém, quase nada é dito que possa realmente ajudar a melhorar a compreensão dos riscos maquínicos e dos demais problemas do tempo presente. Não é demais estar solidário com as vítimas, passageiros e tripulação, que mais uma vez deram suas vidas em uma tragédia terrível. As perdas humanas são sempre irreparáveis, por mais que as seguradoras estabeleçam o preço dos falecimentos, dentro dos princípios da lógica mercantil. A verdade é que vidas foram interrompidas. Para além da dor de cada família e da importância humana de cada um que se foi, fica a pergunta de como contribuir para esclarecer de modo objetivo, evitando o pânico e ir além da pretensa lógica do destino.Os adeptos mais ferozes da tecnofilia - a crença de que os artefatos tecnológicos da modernidade são algo próximo à perfeição e quase infalíveis - nestas horas ficam quase mudos. De alguma maneira, eles estão ainda presentes dizendo que as máquinas dificilmente foram responsáveis pela tragédia. Apelam sempre para a possibilidade de erro humano. A equação proposta por eles é simples. Se houve algum problema, o mais grave teria sido o da interpretação inadequada dos pilotos. Em cada acidente - sempre fruto de múltiplas causas - a máquina é desculpada e tenta-se empurrar para os homens as suas imperfeições. Aliás, o mito bíblico da imperfeição humana consiste em uma referência obrigatória. Os possíveis erros das empresas, daqueles que constroem, vendem aviões e lucram com os vôos, dificilmente são admitidos. Quando não tem jeito, procura-se pelo menos minimizá-los. Não se procede de modo diferente quando se localizam falhas nos órgãos governamentais responsáveis. LEIA MAIS

terça-feira, 9 de junho de 2009

Ciro Gomes não desistirá tão fácil

Do JB online
Por Tales Faria
Petistas como o deputado Cândido Vacarezza (SP) têm defendido a ideia de que o partido deve fazer tudo para facilitar a candidatura da ministra Dilma Rousseff a presidente da República. Vacarezza já iniciou até articulações, junto com os deputados Márcio França (PSB-SP) e Paulinho da Força Sindical (PDT-SP), para que o PT e o PDT ofereçam à direção nacional do PSB o apoio à candidatura do deputado Ciro Gomes (CE) para governador de São Paulo, em troca de sua desistência da disputa pela Presidência. A coluna foi procurar o próprio Ciro para falar sobre o assunto.
– Em política, não dá para a gente dizer que uma coisa dessas é impossível. Mas posso afirmar que nunca cogitei. Meu interesse é concorrer à Presidência. E nunca tive numa situação tão favorável.–
Mas, deputado, o Carlos Augusto Montenegro, presidente do Ibope, diz que não é bem assim. Que o senhor começa a campanha com 11% e termina com 4%.
– Olha, o Montenegro não entende de pesquisas eleitorais. Ele nunca acerta nada. Quem segura o Ibope nessa área é a Márcia Cavallari (diretora executiva de atendimento e planejamento). Eu conquistei 11% dos votos quando concorri contra a reeleição de Fernando Henrique Cardoso e contra o presidente Lula, em 1998. Repeti os 11% quando disputei com José Serra e Lula, em 2002. Por que cairia agora se as condições estão melhores?
– Estão melhores?
Claro! Nunca tive um quadro tão favorável. A situação econômica joga a favor de um perfil como o meu. Estou mais velho e, portanto, mais experiente. Tenho um partido político razoavelmente forte. Na primeira disputa, eu estava no PPS, e o presidente do partido, Roberto Freire, trabalhou o tempo inteiro pelo José Serra. Na outra, a aliança PTB, PDT e PPS não ficou bem azeitada. Agora não, estou há anos numa legenda que tem quadros respeitáveis, inclusive três governadores. E eu mesmo consigo o apoio de pelo menos outros três governadores de outras legendas. Enfim, não sei de onde o Montenegro tirou que eu tendo a perder votos. A avaliação que temos é que a minha candidatura tende a crescer, consistentemente.
– Tem a história de que o senhor acaba falando impropérios no meio da campanha...
– É. Todo mundo tem seus defeitos. Eu não roubo, não sou corrupto, mas realmente às vezes falo demais, bato muito forte. Desta vez, no entanto, pretendo me controlar.
– O Montenegro acha que o senhor vai acabar desistindo. Que nem será candidato. Que talvez o presidente Lula peça ao PSB para retirar a sua candidatura.
O comportamento do presidente Lula tem sido corretíssimo. Apoiar a Dilma? Ora, é a candidata do partido dele, é natural. Tudo, até agora, tem ocorrido dentro do previsto. Não creio que o presidente cometeria a indelicadeza de pedir ao PSB que eu retirasse a candidatura. Como meu amigo, ele poderia até vir conversar comigo sobre isto. E eu teria como mostrar que a situação corre a meu favor.
– Mas, com o Serra forte e com a Dilma crescendo nas pesquisas, ainda há espaço para o senhor?–
O Serra não está tão forte assim. Vem caindo seguidamente nas pesquisas. Não creio que ele vá despencar. Mas acabará ali pelos 34% das intenções de voto. Quanto à Dilma, cresceu rapidamente pelo apoio do presidente. Era o esperado. Ela vai até uns 25% e, daí para a frente, terá mais dificuldade. Ou seja, está mais do que claro que há necessidade de uma outra candidatura no campo próximo ao presidente Lula. Inclusive porque há muita gente que apoia o Lula, gosta do governo, mas não aceita o PT. Essa gente tende a votar em mim. Se eu sair, estarão empurrando parte desse eleitorado para a Heloísa Helena.
– E o governador de Minas Gerais, Aécio Neves?
O meu amigo Aécio errou. Se ele tivesse saído do PSDB, seria um fortíssimo candidato a presidente da República. Mas ficou no partido, e o Serra já ocupou a área. O cavalo passou selado e o Aécio, infelizmente, não quis montar. Esteve com a vaga de presidente da República nas mãos e perdeu. Agora, talvez, possa sair candidato a vice. É o máximo que Serra e o PSDB lhe darão.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Militares americanos são responsáveis por 270 estupros mensais no Iraque e Afeganistão

Do Jornal O Rebate


Os Estados Unidos estão processando judicialmente vários militares do exército, entre eles Steven D. Green, acusado de estuprar uma menina iraquiana, matá-la juntamente com toda a família. O processo está cercado de total sigilo. Entretanto, a agência de notícias France Press publicou os primeiros resultados do inquérito judicial. O crime ocorreu em março de 2006 no povoado iraquiano de Marmúlia. Segundo relato dos moradores, a chegada de soldados americanos provocava pavor na população. Certa vez, cinco deles invadiram a residência de uma família e, ato contínuo, um a um violentou uma menor de 14 anos, Abir Kasim Hamsé al-Djarabi, diante do olhar estarrecido do pai, mãe e um irmão. Não satisfeitos, mataram a menina e toda a família.Em 2007, um tribunal militar condenou o primeiro-sargento do exército americano James Barker, o sargento Paul Cortês e o soldado Jesse Spilman a 90, 100 e 110 anos de reclusão, respectivamente.. O soldado Brian Howard, por ter colaborado nas investigações, foi condenado a 5 anos de prisão. Quanto à Green, uma junta médica que já havia considerado o monstro sexual incapaz para o serviço militar, recomendou sua expulsão do exército americano. O tribunal julgou Green culpado de 17 crimes, entre eles o de estupro, assassinato e obstrução da justiça. Considerando a gravidade dos crimes, Green pode vir a ser condenado à pena capital, é o prognóstico da France Press.O povo americano já se acostumou com esses processos judiciais, os quais provam a culpabilidade dos soldados encarregados da "missão de paz" no que diz respeito ao uso da violência sexual em todos os lugares onde passam.Existem inúmeros casos de violência sexual, como o de outra menor japonesa, estuprada por um soldado do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA. Um tribunal japonês condenou-o a 3 anos de reclusão. Para prevenir tais crimes, em 2001 as autoridades japonesas de Okinawa proibiram que militares americanos se afastassem de suas unidades.Recentemente nos Estados Unidos aconteceu o julgamento do sargento americano Leng Sok, culpado de violência sexual contra um colega sul coreano. O monstro sexual recebeu pena mínima, o que provocou uma explosão de protestos violentos na Coréia do Sul.Um ano antes , um soldado americano fora absolvido da acusação de ter atropelado duas escolares na Coréia do Sul. Diante disso, o povo respondeu com violentas manifestações antiamericanas. Os manifestantes exigiram a retirada das tropas americanas do país e a entrega dos culpados para julgamento em um tribunal sul coreano.O povo ficou indignado com a indiferença demonstrada por representantes das forças armada americanaspela falta de desculpas e reparações às fvamílias das vítimas. Os Estados Unidos, por sua vez, recusaram categoricamente os pedidos, alegando que os miltares americanos devem responder perante as leis e juízes dos Estados Unidos.O incidente ameaçou atritar as relações entre Washington e Seul, logo agora que os americanos precisam da ajuda oficial de Seul para a solução da crise provocada pelos testes nucleares da Coréia do Norte.O governo americano publicou dados estatísticos sobre toda sorte de violências praticadas por militares do país. Em 2008 foram constatados 2923 casos, em particular no Iraque e Afeganistão. Desse total, apenas poucos casos foram levados aos tribunais. Segundo opinião de juristas, isso acontece porque o comando militar americano faz de tudo para ocultá-los.

Gasto global com armas bate novo recorde

Do Jornal Correio do Brasil

Os gastos militares no mundo em 2008 alcançaram um recorde de US$ 1.464 bilhão, com os Estados Unidos sendo responsáveis de longe pela maior parte do total, informou nesta segunda-feira o Instituto Internacional de Pesquisas da Paz de Estocolmo. As vendas de armas subiram 4% no mundo todo em relação a 2007, e 45% em relação a 1999, informou o grupo de pesquisa em um estudo anual sobre o comércio global de armas."A ideia de 'guerra contra o terror' encorajou muitos países a enxergar seus problemas através de uma lente altamente militarizada, usando isso para justificar as altas despesas militares", disse em comunicado Sam Perlo-Freeman, chefe do Projeto de Gastos Militares do grupo de pesquisa."Enquanto isso, as guerras no Iraque e no Afeganistão custaram 903 bilhões de dólares em gastos adicionais militares apenas pelos Estados Unidos."Os EUA foram responsáveis por 58% do aumento dos gastos militares no mundo entre 1999 e 2008. China e Rússia quase triplicaram seus gastos militares em uma década, informou o instituto.Outros países, como Índia, Arábia Saudita, Irã, Israel, Brasil, Coreia do Norte, Coreia do Sul, Argélia e Grã-Bretanha também contribuíram substancialmente para o aumento total. O instituto, que realiza pesquisas independentes sobre segurança internacional, armas e desarmamento, informou que os gastos militares no ano passado comprometeram cerca de 2,4% do PIB mundial, correspondendo a US$ 217 per capita.A empresa norte-americana Boeing continuou sendo a maior produtora de equipamentos militares em 2007 - o ano mais recente com dados disponíveis - com US$30,5 bilhões vendidos.

A Coisa Berlusconi

Do Caderno do Saramago

Não vejo que outro nome lhe poderia dar. Uma coisa perigosamente parecida a um ser humano, uma coisa que dá festas, organiza orgias e manda num país chamado Itália. Esta coisa, esta doença, este vírus ameaça ser a causa da morte moral do país de Verdi se um vómito profundo não conseguir arrancá-la da consciência dos italianos antes que o veneno acabe por corroer-lhes as veias e destroçar o coração de uma das mais ricas culturas europeias. Os valores básicos da convivência humana são espezinhados todos os dias pelas patas viscosas da coisa Berlusconi que, entre os seus múltiplos talentos, tem uma habilidade funambulesca para abusar das palavras, pervertendo-lhes a intenção e o sentido, como é o caso do Pólo da Liberdade, que assim se chama o partido com que assaltou o poder. Chamei delinquente a esta coisa e não me arrependo. Por razões de natureza semântica e social que outros poderão explicar melhor que eu, o termo delinquente tem em Itália uma carga negativa muito mais forte que em qualquer outro idioma falado na Europa. Foi para traduzir de forma clara e contundente o que penso da coisa Berlusconi que utilizei o termo na acepção que a língua de Dante lhe vem dando habitualmente, embora seja mais do que duvidoso que Dante o tenha utilizado alguma vez. Delinquência, no meu português, significa, de acordo com os dicionários e a prática corrente da comunicação, “acto de cometer delitos, desobedecer a leis ou a padrões morais”. A definição assenta na coisa Berlusconi sem uma prega, sem uma ruga, a ponto de se parecer mais a uma segunda pele que à roupa que se põe em cima. Desde há anos que a coisa Berlusconi tem vindo a cometer delitos de variável mas sempre demonstrada gravidade. Além disso, não só tem desobedecido a leis como, pior ainda, as tem mandado fabricar para salvaguarda dos seus interesses públicos e particulares, de político, empresário e acompanhante de menores, e quanto aos padrões morais, nem vale a pena falar, não há quem não saiba em Itália e no mundo que a coisa Berlusconi há muito tempo que caiu na mais completa abjecção. Este é o primeiro-ministro italiano, esta é a coisa que o povo italiano por duas vezes elegeu para que lhe servisse de modelo, este é o caminho da ruína para onde estão a ser levados por arrastamento os valores que liberdade e dignidade impregnaram a música de Verdi e a acção política de Garibaldi, esses que fizeram da Itália do século XIX, durante a luta pela unificação, um guia espiritual da Europa e dos europeus. É isso que a coisa Berlusconi quer lançar para o caixote do lixo da História. Vão os italianos permiti-lo?

POBRE ITÁLIA

Do Direto da Redação

por Eliakim Araujo

Contam os historiadores que as bacanais, festas regadas a muito vinho em homenagem ao deus Baco, foram introduzidas em Roma vindas do sul da península itálica através da Etrúria. Inicialmente eram secretas e frequentadas somente por mulheres durante três dias no ano. Posteriormente, os homens foram admitidos nos rituais e as comemorações passaram a acontecer cinco vezes por mês. O culto a Baco se celebrava durante a noite e a promiscuidade, unida ao furor causado pelo vinho, deu origem a todos os excessos de vulgaridades e libertinagem. A má reputação das bacanais, levou o Senado romano, em 186 AC, a proibir esse tipo de festa, não só em Roma, mas também em todas as outras províncias. Os infratores estariam sujeitos à pena capital. Não se sabe se alguém foi executado por infringir a norma do Senado, mas se ela ainda estivesse valendo a Itália teria que mandar para o cadafalso seu primeiro-ministro Silvio Berlusconi. Apesar dos seus 72 anos de idade, e de uma operação de próstata, o homem é dado a todo tipo de libertinagem, não só política como sexual. Se a Itália tiver um pouco de dignidade, Berlusconi não deve ficar nem mais uma dia à frente do governo. As fotos divulgadas esta semana com exclusividade pelo jornal espanhol El Pais, e que ganharam repercussão mundial, com sua reprodução em vários países, não deixam dúvida de como eram as festas que ele promovia em sua casa de veraneio numa ilha da Costa Esmeralda, na Sardenha. A fotos mostram cenas típicas de uma orgia, com homens e mulheres nus ou seminus tomando sol à beira da piscina. A maioria dos convidados é formada por moças aspirantes a atrizes e modelo, que não medem esforços na busca do estrelato. Há um homem completamente nu, de pé, com o membro em estado de ereção, cuja identidade já foi descoberta. Trata-se do ex-premier tcheco Mirek Topolanke, até abril ultimo presidente da União Européia. Ele se defende afirmando que foi feita uma fotomontagem com o rosto dele, embora confirme que realmente passou férias na vila de Berlusconi. Não é de hoje que política e sexo muitas vezes caminham lado a lado e servem como moedas de troca...não só na Itália.Berlusconi tem frequentado o noticiário nos últimos dias, não por realizações de seu governo, mas por envolvimento em vários escândalos, um deles o relacionamento com uma menor de idade, Noemi Letizia, que completou 18 anos no mês passado e exibe orgulhosa a jóia caríssima que ganhou de seu "Papi". Quando o assunto se tornou público, a mulher do fanfarrão, Veronica Lario, entrou com o pedido de divórcio, depois de um casamento de 29 anos. A divulgação das fotos, por si só, já seria motivo suficiente para o afastamento de Berlusconi, não pelo que acontece nos limites de sua propriedade privada, mas pela importância política do personagem central do escândalo. Mas a procuradoria-geral italiana prefere acusá-lo apenas de abuso de poder por transportar seus convidados em aviões oficiais. Os gastos com vôos do atual governo triplicaram em relação ao governo anterior de Romano Prodi. As fotos na mansão do primeiro-ministro foram feitas pelo fotógrafo profissional Antonello Zapadu, que não conseguiu publicá-las em nenhum jornal italiano. Ele diz que “na Itália há problemas de liberdade de imprensa”. Casado com uma colombiana, Zapadu diz que “tem mais medo de Berlusconi do que da guerrilha das FARCs”. É triste e vergonhoso que a Itália, um dos berços da civilização, esteja no noticiário internacional por causa de assunto tão vulgar. Berlusconi é o maior barão da mídia italiana. Anote aí: ele é dono de três canais nacionais de televisão, que juntos respondem por metade da audiência do país, da maior agência de publicidade, da maior editora de livros e revistas, tem uma empresa que produz e distribui filmes, tem empresas de seguro e banco e é dono de dois jornais. Além disso, é proprietário do Milan, o um dos mais populares clubes de futebol, por onde transitam vários craques brasileiros, o mais famoso deles, o nosso Kaká. Cá entre nós, quem vai se meter com um cara poderoso como esse? Que jornal ou jornalista vai ter a coragem de denunciá-lo sabendo que o mercado de trabalho vai se fechar para ele? Isso é o que se pode chamar de monopólio de fato, quando uma empresa jornalística, dona de tantos canais de TV, se torna tão poderosa que o próprio poder concedente se torna refém da concessionária. Um velho filme que já vimos em outro país.

SUBMARINOS TRANSPORTAM 1/3 DAS DROGAS DOS CARTÉIS

Do Terra Magazine

“Os cartéis mexicanos continuam a vencer a “War on Drugs” (Guerra às Drogas) que travam com o presidente Felipe Calderon. Ele emprega o exército mexicano em face de não poder confiar nas polícias, já corrompidas pela “indústria da droga”.Autoridades norte-americanas, - que dão suporte de inteligência ao presidente Calderon -, encaminharam às autoridades mexicanas um relatório a revelar que 1/3 do transporte da cocaína e da heroína colombianas para os EUA é feito por meio de submarinos.Há cerca de três anos, agentes da norte-americana DEA (Drug Enforcement Agency), transmitiram às autoridades colombianas informações sobre a confecção de um submarino de porte-médio em estaleiro controlado pelo Cartel do Vale Norte: a informação era correta e ocorreu a apreensão.O Cartel do Vale Norte era comandado por Diego Montoya Sanches (Don Diego) e tinha como operador Juan Carlos Ramirez Abadia, residente em São Paulo (Brasil) e recentemente entregue a autoridades dos EUA: tudo sem revelar como conseguiu permanecer durante anos em São Paulo, levando vida faustosa.Pouco tempo depois da apreensão do casco em elaboração e dos motores no estaleiro do cartel do Vale Norte (usava a navegação pelo Pacífico), descobriu-se que pequenos submergíveis, utilizados para turistas conhecerem corais e peixes nas ilhas do Caribe e na mexicana Cancun, tinham sido adquiridos por cartéis mexicanos. Então, os cartéis os empregaram para introduzir cocaína colombiana em território norte-americano.Com o crescimento da demanda por drogas, a reengenharia e o enriquecimento dos cartéis, a falência do modelo norte-americano de cooperação internacional e a ineficiência da fiscalização, os cartéis mexicanos começaram, cada vez mais, a substituir o transporte por embarcações comuns (as velozes lanchas fantasmas) por submarinos, que driblam a guarda costeira norte-americana.Hoje, e está destacado no supracitado relatório, 1/3 da cocaína e da heroína “made in colombiana” é enviado aos EUA por submarinos a serviço dos cartéis mexicanos.Como se percebe, a “magnífica” idéia de Bush de construir muros, isto a separar pontos sensíveis ao narcotráfico na linha de fronteira entre EUA e México, gerou o implemento do transporte por mar e com emprego de submarinos.Na edição de ontem do Washington Post, consta a informação de que os cartéis mexicanos (trabalham associados a uma miríade de cartelitos colombianos), realizaram, com pequenos submergíveis, 115 viagens em 2006. O número aumento nos anos seguintes.Atualmente, uma frota composta por 50 submergíveis de pequeno e médio porte, exporta para os EUA, por ano, 380 toneladas de cocaína. Revela o Wahington Post que, em média, cada unidade da frota tem autonomia para percorrer 3.000 milhas náuticas.
PANO RÁPIDO
Até 2007, calculava-se que as polícias, no mundo inteiro, conseguiam apreender de 3% a 5% das drogas ilícitas ofertadas no mercado consumidor. Em 2008 e 2009 já se percebe que o porcentual deve ter baixado.
FONTE: artigo de Wálter Fanganiello Maierovitch no site Terra Magazine, 07/06/2009

Caneta ou ferramenta?

Do Correio da Cidadania

por Frei Betto

Quantos advogados você conhece? Uns tantos, certamente. Mas na hora de socorrer o seu computador pifado, consertar o vazamento da pia da cozinha ou traduzir-lhe o manual de funcionamento do novo televisor que você lê, lê e não entende, a quem recorre?

O Brasil é uma nação de bacharéis. Como abrigamos a mais longa escravidão das três Américas (350 anos), ainda guardamos, do período colonial, resquícios elitistas, como julgar que profissões técnicas são para incompetentes que não chegam a doutor... Boa profissão é a que domina a caneta, e não a ferramenta.

Você sabia que de cada 100 brasileiros (as) no mercado de trabalho, 72,4% (ou exatos 71,5 milhões de pessoas), nunca fizeram um curso profissionalizante? Entre os desempregados, 66,4% (5,3 milhões de pessoas) nunca passaram por um curso de educação profissional. O dado é do IBGE, divulgado no último 22 de maio.
O mais grave é o poder público, como diria aquele deputado, estar "pouco se lixando" para a qualificação de nossos trabalhadores. Segundo o IBGE, em 2007 apenas 22,4% dos alunos de cursos profissionalizantes estavam matriculados em escolas públicas.

Dos que buscam tais cursos, 53% dependem de ofertas de ONGs, sindicatos e instituições particulares. O famoso Sistema S (como Senai, Senac, Sebrae), que recebe robustas verbas do governo, forma apenas 20% dos interessados em qualificação.
Mesmo os cursos existentes nem sempre primam pela qualidade. Entre os matriculados, 80,9% freqüentavam cursos que não exigiam escolaridade prévia. O que explica o alto número de analfabetos virtuais em profissões técnicas. Consertam a geladeira, mas são incapazes de redigir um bilhete explicando a causa do defeito.

Na mesma pesquisa, o IBGE constatou que são analfabetos 13,5 milhões de brasileiros (9,5% da população) com mais de 15 anos de idade. E de 1,8 milhão que freqüentavam salas de aula, 810 mil (45%) admitiram não saber ler nem escrever um simples recado.

A falta de motivação é a principal causa de desinteresse por cursos profissionalizantes. O Brasil é o reino do improviso. O auxiliar de eletricista aprende na prática, assim como o de cozinha acredita que, amanhã, a intimidade com o fogão fará dele um chef. Muitos (14,1%) admitiram não poder pagar um curso dessa natureza. E 8,9% se queixaram da falta de escola na região.

Dos alunos em cursos profissionalizantes, 17,6% freqüentavam cursos técnicos de nível médio. E apenas 1,5% cursos de graduação tecnológica equivalente ao nível superior. O mais procurado é o curso de informática (41,7%), seguido de comércio e gestão (14%) e indústria e manutenção (11,25). Ao todo, 215 mil estudantes, o que representa um índice muito baixo dadas as dimensões do país e de suas necessidades.

Esse quadro explica, em parte, a razão do nosso subdesenvolvimento – ou eterna situação de país emergente. O MEC promete que, até o fim de 2010, o Brasil passará de 185 mil para 500 mil vagas em cursos profissionalizantes. As escolas, hoje 140, serão 354.

Um das causas dessa realidade preocupante foi a lei de n° 1988, proposta pelo presidente FHC e aprovada pelo Congresso, que proibiu a União de criar novas escolas técnicas federais. Felizmente, Lula a revogou em 2005.

Falta ao atual governo corrigir outro erro crasso: o EJA (Educação de Jovens e Adultos, que substituiu o antigo supletivo), embora acolha trabalhadores em suas aulas, não propõe educação profissionalizante. Isso explica o alto índice de evasão – 42,7% dos matriculados não concluem o curso, sobretudo no Nordeste (56%).

Muitas vezes o horário de aulas coincide com o do trabalho (o que induz à evasão de quase 30% dos alunos), e a metodologia de ensino ignora Paulo Freire e os recentes avanços da educação popular.

O Brasil precisa trocar o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) pelo PAD, Programa de Aceleração do Desenvolvimento, sobretudo humano. Sem recursos humanos qualificados, uma nação está fadada a sempre depender do mercado externo e, portanto, do jogo cruel da especulação internacional, da flutuação de divisas conversíveis e das concessões aos importadores que jamais abrem mão de suas políticas protecionistas.

Sem educação o Brasil não tem solução. Nem salvação.

Frei Betto é escritor, autor, em parceria com Paulo Freire e Ricardo Kotscho, de "Essa escola chamada vida" (Ática), entre outros livros, e um dos fundadores do movimento Todos pela Educação.