segunda-feira, 22 de junho de 2009

Muricy, um trabalhador brasileiro

Da Revista Brasileiros

Brasileiros: Depois de voltar da China, você colecionou títulos: foi bicampeão pernambucano pelo Náutico, duas vezes campeão gaúcho pelo Inter, campeão paulista pelo São Caetano, antes do tri no São Paulo. Disso tudo que você ganhou, qual foi a grande lição que o futebol deu para a tua vida?
Muricy Ramalho: Acho que é experiência de vida, eu conheci várias culturas, e principalmente os amigos que fiz. Tenho muito mais amigos que inimigos, muito mais. Eu sou um cara bom para lidar, mesmo eu sendo treinador... Porque treinador é foda, tem muito inimigo, você perde o jogo, os caras ficam bravos, mas eu tenho amigo para cacete.Em todo lugar eu fiz amigos. No Recife, eu vou lá e os caras gritam o meu nome. No Internacional, os caras me convidam toda hora para voltar, é loucura. Todo o lugar que eu vou eu sou muito querido, no México também. É mais porque eu me entrego para o clube, trabalho para cacete. O meu custo benefício é muito alto: por exemplo, aqui eu descubro muito jogador, recupero se eles estão encostados e não abaixo nunca a cabeça quando o time está mal. No ano passado, quando a gente estava num momento ruim, todo mundo se afastou. Foi muito difícil aqui dentro. Eu levantei o moral dos caras, então essas coisas marcam, não é fácil, não, precisa ter saúde, meu!
Brasileiros: Quer dizer que no futebol a derrota é sempre solitária?
M.R.: A derrota é solitária. É, mas eu não fico aí pelos cantinhos reclamando, nem vou ao Morumbi para agradar alguém. Eu venho aqui, vou trabalhar, vou para casa, procuro saber no que eu posso melhorar. Nestes dias mesmo escrevi dez times no papel para ver se encontro a formação ideal. Eu faço exercício, fico fazendo exercício, não fico dormindo, não sou treinador que vai embora para casa e para de trabalhar. Eu fico fazendo exercício porque eu preciso melhorar o meu time. Então, em vez de ficar reclamando, em vez de ficar chorando, agradando as pessoas, não, eu vou para o pau! O ano passado aqui estava assim. Eles sabem disso. Aqui não vinha mais ninguém. Ficou uns 20 dias assim, você vai se entregar?
Brasileiros: E a tua relação com a imprensa. Você não acha que às vezes pega pesado?
M.R.: Com alguns caras, sim, mas eu pego com quem não é imprensa. Ele está ali, mas não é o cara que pode dizer que é da imprensa. Alguns são mesmo mal preparados. Estão ali e não sabem do que estão falando. Eles foram numa escola que tinha uma matéria do "quanto pior, melhor". E eu não gosto dessa matéria. Se você pega os melhores caras do esporte, esses caras que são bons, que entendem de futebol, não brigo com eles. Porque são técnicos, sabem do que falam. Agora, molequinho igual tem por aí que quer aproveitar uma brecha para aparecer... Por exemplo, no ano passado, naquela fase ruim, falaram que tem que mandar embora, meteram a porrada, passaram por cima, o cacete. Eu fiquei quietinho, não revidei, não enchi o saco, aguentei a porrada. O que acontece agora é que se você dá uma pegadinha num desses aí, fica tudo melindrado, tudo com coisinha, então como é que eu aguentei? Sabe como é que eu faço? Eu me fecho, não converso com ninguém, e vou tentar melhorar o meu time. LEIA NA ÍNTEGRA

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