quinta-feira, 11 de junho de 2009

As tecnologias e o bem-estar humano

Da Agência Carta Maior

O espetáculo da tragédia é o principal foco explorado à exaustão. Porém, quase nada é dito que possa realmente ajudar a melhorar a compreensão dos riscos maquínicos e dos demais problemas do tempo presente.

Por Luís Carlos Lopes

O último grande desastre aéreo de repercussão mundial, ocorrido na rota Rio de Janeiro-Paris, recolocou a questão das crenças usadas para interpretá-lo nas grandes mídias. Aliás, estes filtros são mais ou menos os mesmos e se repetem nos lugares comuns usados, sem qualquer cerimônia, em vários episódios similares. O espetáculo da tragédia é o principal foco explorado à exaustão. Porém, quase nada é dito que possa realmente ajudar a melhorar a compreensão dos riscos maquínicos e dos demais problemas do tempo presente. Não é demais estar solidário com as vítimas, passageiros e tripulação, que mais uma vez deram suas vidas em uma tragédia terrível. As perdas humanas são sempre irreparáveis, por mais que as seguradoras estabeleçam o preço dos falecimentos, dentro dos princípios da lógica mercantil. A verdade é que vidas foram interrompidas. Para além da dor de cada família e da importância humana de cada um que se foi, fica a pergunta de como contribuir para esclarecer de modo objetivo, evitando o pânico e ir além da pretensa lógica do destino.Os adeptos mais ferozes da tecnofilia - a crença de que os artefatos tecnológicos da modernidade são algo próximo à perfeição e quase infalíveis - nestas horas ficam quase mudos. De alguma maneira, eles estão ainda presentes dizendo que as máquinas dificilmente foram responsáveis pela tragédia. Apelam sempre para a possibilidade de erro humano. A equação proposta por eles é simples. Se houve algum problema, o mais grave teria sido o da interpretação inadequada dos pilotos. Em cada acidente - sempre fruto de múltiplas causas - a máquina é desculpada e tenta-se empurrar para os homens as suas imperfeições. Aliás, o mito bíblico da imperfeição humana consiste em uma referência obrigatória. Os possíveis erros das empresas, daqueles que constroem, vendem aviões e lucram com os vôos, dificilmente são admitidos. Quando não tem jeito, procura-se pelo menos minimizá-los. Não se procede de modo diferente quando se localizam falhas nos órgãos governamentais responsáveis. LEIA MAIS

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