sexta-feira, 29 de maio de 2009

ACREDITAR

Que eu continue a acreditar no outro mesmo sabendo de alguns valores tão esquisitos que permeiam o mundo;
Que eu continue otimista, mesmo sabendo que o futuro que nos espera nem sempre é tão alegre;
Que eu continue com a vontade de viver, mesmo sabendo que a vida é, em muitos momentos,uma lição difícil de ser aprendida;
Que eu permaneça com a vontade de ter grandes amigos(as), mesmo sabendo que com as voltas do mundo, eles(as) vão indo embora de nossas vidas;
Que eu realimente sempre a vontade de ajudar as pessoas, mesmo sabendo que muitas delas são incapazes de ver, sentir, entender ou utilizar esta ajuda;
Que eu mantenha meu equilíbrio, mesmo sabendo que os desafios são inúmeros ao longo do caminho;
Que eu exteriorize a vontade de amar, entendendo que amar não é sentimento de posse, é sentimento de doação;
Que eu sustente a luz e o brilho no olhar, mesmo sabendo que muitas coisas que vejo no mundo, escurecem meus olhos;
Que eu alimente minha garra, mesmo sabendo que a derrota e a perda são ingredientes tão fortes quanto o Sucesso e a Alegria;
Que eu atenda sempre mais a minha intuição, que sinaliza o que de mais autêntico possuo;
Que eu pratique sempre mais o sentimento de justiça, mesmo em meio à turbulência dos interesses;
Que eu não perca o meu forte abraço, e o distribua sempre;
Que eu perpetue a Beleza e o Brilho de ver, mesmo sabendo que as lágrimas também brotam dos meus olhos;
Que eu acalente a vontade de ser grande, mesmo sabendo que minha parcela de contribuição no mundo é pequena;
E, acima de tudo... Que eu lembre sempre que todos nós fazemos parte desta maravilhosa teia chamada Vida, criada por Alguém bem superior a todos nós! E que as grandes mudanças não ocorrem por grandes feitos de alguns e, sim, nas pequenas parcelas cotidianas de todos nós!

Chico Xavier

As cartilhas de São Paulo

Do JB online

por Mauro Santayana

A Secretaria de Educação de São Paulo distribuiu livros à rede estadual de ensino, destinados às crianças, que são uma ofensa aos pobres, já que os ricos não frequentam escolas públicas. Um deles, em quadrinhos, sob o argumento de que facilitaria o aprendizado da leitura, está recheado de ilustrações obscenas e textos apenas chulos, com linguagem de sarjeta. A pretexto de levar às crianças temas da atualidade – de acordo com a Folha de S.Paulo de ontem – distribuiu outra publicação, sob o título de Poesia do dia, poetas de hoje para os leitores de agora, em que se recomenda desprezar o amor e preferir o estupro, entre outros conselhos no mesmo estilo. Se os autores sabiam a que público se dirigiam, merecem a indignação do povo brasileiro, porque veem as crianças pobres como pequenos bandalhos, interessados em relatos fesceninos. Se quiseram imitar o método Paulo Freire, cometeram uma contrafacção perversa e criminosa. Ao contrário do que muitos pensam, os trabalhadores são muito ciosos da boa formação moral dos filhos, e naturalmente irão receber esses textos com indignação. É um erro entender a educação como um meio de ajustar o aluno a seu tempo, quando esse tempo é inconveniente ao homem. A educação deve ser teleológica. Os alunos têm que ser preparados não para submeter-se a uma sociedade deformada pela injustiça mas, sim, para mudá-la. A educação deve libertar o homem, e essa libertação não se encontra na banalização do sexo, no repúdio ao amor, no ódio psicopata contra a vida. As sociedades totalitárias – como a do neoliberalismo – sempre estimulam a liberdade dos costumes, a fim de distrair os povos de seus direitos reais, de sua essencial dignidade. A edição de livros escolares se tornou um negócio gigantesco, com grandes interesses comerciais em jogo. As editoras pressionam as autoridades em busca da adoção de seus livros na rede oficial, usando dos meios de convencimento conhecidos. Suspeita-se também que haja um sistema de trocas, em que o aprovador de hoje pode vir a ser o editado de amanhã. Ao escândalo (porque se trata de um escândalo) atual, o governo de São Paulo só pode responder com a instituição de um inquérito rigoroso, antes que a Assembleia Legislativa tome a iniciativa da investigação.

“O PIB precisa ser colocado no seu papel de coadjuvante”

Do Jornal O Rebate

“Não podemos continuar a viver neste planeta com um consumo irresponsável por uma minoria da população, que consegue destruir as reservas e os recursos naturais que estão no planeta como se fossemos a última geração do mundo. Não dá para achar que este sistema é bom e deve voltar a funcionar porque vai aumentar o Produto Interno Bruto (PIB)”. A opinião é do professor Ladislaw Dowbor, do Programa de Pós Graduação em Administração da PUC-SP em entrevista a revista Desafios do IPEA, do mês de maio 2009.O professor critica severamente a metodologia do PIB. Segundo ele, “na metodologia atual, a poluição aparece como sendo boa para a economia, enquanto que o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) surge como o vilão que impede o Brasil de atingir o desenvolvimento pleno”.

Eis a entrevista.

A crise financeira internacional pode afetar a crença nas leis de mercado e no próprio sistema capitalista na mesma proporção em que a queda do muro de Berlim determinou os destinos do comunismo?
Há tantas refutações de que o mercado não funciona que é duvidoso. Ele simplesmente é necessário. Eu trabalhei na Polônia no âmbito da economia socialista. Havia mecanismos de mercado amplamente utilizados. Não estou falando do mercado no processo de concorrência entre uma série de produtores e pessoas que trocam valores com outros, permitindo a divisão de trabalho na sociedade. Isso é valioso e deve ser guardado. O que se confundiu foi o mecanismo de mercado com a regulação geral da sociedade.
Como assim?
O mecanismo de mercado protege para as trocas. Não protege o que produzimos, para quem e sobre quais custos tanto para a natureza quanto para a sociedade. Portanto, o que está acontecendo é que o mercado está perdendo sua capacidade reguladora na sociedade. O sistema de bancos no Brasil é essencialmente carteirizado. Na Inglaterra, o crédito pessoal no HSBC é de 6%, enquanto aqui passa de 60%. Se houvesse mecanismos de mercado, as pessoas iriam buscar capital lá ou aplicariam aqui. Ou seja, nas áreas carteirizadas, que pertencem às grandes corporações, deixou de funcionar o mercado.
O que fazer então?
É preciso ter sistemas de regulação equilibrados entre os intermediários financeiros, bancos centrais, governos e as organizações de usuários. O mercado não resolve tudo sozinho. Veja, por exemplo, o caso de grupos como as Casas Bahia, que trabalham frequentemente com taxas de juros de 100%. Uma pessoa de baixa renda paga o dobro do valor de um produto. Isso é extorsivo e se baseia na manutenção da desigualdade de renda, que força as pessoas sem dinheiro vivo a pagar em pequenas prestações o dobro do que pagaria uma pessoa com mais recursos. Existe um mecanismo financeiro de concentração de renda. São áreas comerciais que passaram, ainda que de forma não declarada, a ter uma atuação financeira. Assim, o acesso aos recursos e a distribuição equilibrada na sociedade está cada vez menos regulada com mecanismos de mercado. Além disso, o mercado é nocivo na exploração de bens naturais.
Como?
Basta observar o caso da pesca oceânica. Com o GPS e as novas tecnologias, se torna possível extrair o volume de peixes desejado. Virou um matadouro. E quanto mais avança a tecnologia, mais barato é capturar o peixe. No entanto, à medida que os peixes vão se esgotando, os preços sobem. O problema da água também está se tornando crítico para a humanidade. Com sistemas modernos se tornou viável bombear enormes quantidades de lençóis freáticos subterrâneos que se acumulam durante séculos. O processo funciona com extrema rapidez. Isso gera grandes fortunas para determinados grupos, que não arcaram com custos da sua produção. Por outro lado, liquida, a base de água e não gera emprego. Esse eixo é simplesmente destrutivo para as áreas de recursos limitados. Então, o mercado não tem capacidade para regular áreas que envolvem recursos naturais. Com a crise financeira internacional, há muitos especuladores à procura desesperada de onde aplicar seus recursos. Eles querem comprar imensas áreas de solo no Brasil de olho na pressão alimentar e na oportunidade de lucros com os bicombustíveis.LEIA MAIS

Brasil é o terceiro em casos de abuso sexual infanto-juvenil




Do site Rede Andi




De acordo com o presidente da CPI da Pedofilia, senador Magno Malta, enquanto o mercado do narcotráfico movimenta pelo mundo cerca de R$ 52 bilhões, esse tipo de crime gira em torno de R$ 105 bilhões
O Brasil é líder no ranking de países com maior incidência de crimes de pornografia pela internet, e o terceiro colocado dentre os países com índice de abusos sexuais de crianças e adolescentes. Estudos constatam que, de cada 10 casos de abuso sexual contra meninos e meninas, seis são cometidos por um membro da própria família da vítima. De acordo com Magno Malta, que preside a CPI contra a Pedofilia no Senado, um dado preocupante é a grande movimentação de dinheiro nas várias formas de atuação. "Enquanto o mercado do narcotráfico movimenta pelo mundo cerca de R$ 52 bilhões, os crimes de abuso sexual giram em torno de R$ 105 bilhões", afirma. Em recente viagem aos Estados Unidos, o senador se reuniu com a direção da Microsoft e da Google, e ambas reafirmaram o compromisso em criar ferramentas de combate a crimes ligados à abuso e exploração sexual infanto-juvenil na rede. "Diversas frentes de trabalho estão abertas e em andamento, como a investigação das denúncias de redes de aliciadores nos estados e a elaboração de novas leis para reprimir a ação dos criminosos, além da análise do material colhido nos sites suspeitos de conteúdo ilegal", garantiu.

O país na encruzilhada

Do Blog do Desempregozero

Presidente do Ipea afirma que o aprofundamento da crise econômica vai precipitar escolhas mais claras (atender ricos ou atender pobres?) para a política econômica do governo.
O núcleo de economistas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) causa urticária nos defensores das políticas monetária e fiscal restritivas, que encontram seu domínio no comando do Banco Central. Sob a presidência do professor da Unicamp Marcio Pochmann, o Ipea é um dos centros de formulação intelectual para os setores alinhados com as teses desenvolvimentistas no interior do governo Lula. Em um de seus estudos mais conhecidos, Pochmann afirma sem titubear: “Não mais do que 20 mil clãs de famílias concentram a posse dos títulos públicos. Por isso, a despesa pública com pagamento de juros representa um dos mais perversos gastos do Estado.” A contundente crítica à política monetária de Henrique Meirelles, presidente do BC, atraiu admiradores e desafetos. À VERSUS, Pochmann definiu a sua presença no Ipea. “A nossa passagem não é para organizar o consenso. Nosso papel, aqui, como funcionários públicos que recebem salários pagos pela maior parte dos pobres do país, pois são esses que pagam impostos, é organizar o dissenso.” Veja os principais trechos da entrevista a seguir.
Nós estamos defendendo de que não há razão técnica que justifique uma taxa de juros nominal superior a 7% ao ano. A maior parte dos países em frente à crise está operando com taxas de juros real negativo e nós estamos com taxa de juros 7% real. Achamos que há um espaço para a redução drástica da taxa de juros, não há problemas inflacionários de um lado, de outro lado a taxa de juros tal como ela se encontra implica custos, gastos públicos para financiá-la que poderiam perfeitamente estar atendendo a outros compromissos, como a defesa da produção e do emprego.
Nós estamos vivendo em um outro contexto em que são justamente as empresas que possuem os estados nacionais na medida em que hoje o mundo é praticamente coordenado por decisões de 500 grandes corporações transnacionais cujo faturamento anual equivale a quase 48% do PIB do conjunto dos países.
As três maiores corporações do mundo têm um faturamento que equivale ao PIB do Brasil, que é a 9ª economia do mundo. As 50 maiores corporações têm um faturamento que é maior do que o PIB de 100 países. Então há uma coordenação feita pelo setor privado, por essas grandes corporações sem regulação, sem controle e transparência democrática que está questionado pela crise. Leia o resto do artigo»

quinta-feira, 28 de maio de 2009

DESMONTANDO A MATRIX

Do site NovaE

por Christina Carvalho Pinto

Estamos vivendo, possivelmente, a era mais paradoxal da história da humanidade: enquanto avançam de um lado a velocidade tecnológica e o acesso à informação, amplia-se de outro a cantilena que mais se ouve ultimamente: "isso ou aquilo não está funcionando". Empresas que se apresentavam como verdadeiros baluartes da solidez capitalista implodem perante nossos olhos num efeito de hipnotizante dominó. Crenças, conceitos, ideologias, relacionamentos, instituições, métodos, ferramentas, CEOs, CFOs, COOs e Chairmen of Boards são, de repente, trocados e descartados como copinhos de plástico sob a alegação de que não funcionam. Na ânsia psicótica de acertar a qualquer preço, indivíduos, corporações e sistemas inteiros afundam como bambis capturados em areias movediças.
No cenário das comunicações, a roda é reinventada a cada esquina, sob novos nomes e vocabulário fashion. A pressão por resultados utópicos no curtíssimo prazo acaba estimulando cérebros brilhantes a deixar a reflexão de lado e partir para o jogo medíocre do me-engana-que-eu-gosto.
Como conseqüência, rareiam os resultados legítimos e precipitam-se diagnósticos que levam ao que muitas vezes se critica na medicina alopática: apego aos sintomas e distanciamento da única coisa que pode levar à cura, ou seja, a consciência sobre as causas, a clara visão do todo.
Basta recuperar por um instante a lucidez para perceber que o mundo dos negócios desembestou na direção oposta ao caminho dos indivíduos e dos anseios que há mais de duas décadas vêm emergindo nas diferentes sociedades, que processam neste momento uma mudança de consciência e descobrem novas fontes interiores de autoridade e poder.
Grande parte das empresas parece ignorar isso, como se os chamados mercados fossem algo além de gente, apenas gente. Essa visão de um mundo regido exclusivamente por economias e mercados não pode funcionar porque o ser humano do século XXI rejeita ser reduzido a algo tão desinteressante.
Na verdade, já não é o marketing, a comunicação, o CEO ou o marido que não funcionam: é Matrix que está sendo desmascarada num processo irreversível.
O ser humano não agüenta mais a superficialidade, a indiferença, a frieza, a hipocrisia e sobretudo a voracidade de grande parte das corporações e, por reflexo, de suas marcas. Em nome da competitividade cometem-se abusos que asfixiam as raízes e os sonhos de nações inteiras. Nunca se viu tanto presidente de empresa fazendo planos profissionais e pessoais para curto prazo, loucos para chutar o balde (antes que o balde os chute).
A realidade é que, em grande parte dos ambientes executivos, os bolsos recheados de bônus tentam inutilmente compensar corações esvaziados de sonhos. São inúmeros os filhos de big bosses que viram seus pais e mães desembocarem no estresse patológico, alcoolismo, raiva, frustração, desencanto pela vida. Assustados e sozinhos, esses jovens rejeitam as trajetórias de seus progenitores e, neste exato instante, buscam novas saídas, caminhos que eles ainda não conhecem, mas que deverão nortear suas existências para um ponto com o qual jamais tiveram contato em seus lares: o ponto do equilíbrio.
Em meio a esse cenário de pré-mutação planetária e inexorável, talvez o mais eficaz seja começarmos pelo começo. Precisamos tratar a alma das corporações. Trocar o culto carnavalesco à informação pela busca profunda de conhecimento. Semear a ética, os valores mais nobres, a compaixão, o espírito de co-criação, a auto-estima, a esperança, o respeito, a dignidade. Permitir que esse novo e crucial oxigênio purifique e expanda os pulmões das pessoas físicas e jurídicas. E fazer com que o marketing e suas ferramentas, inclusive as diferentes disciplinas da comunicação, expressem algo que valha a pena.
Para chegar lá, o desafio é desmontar Matrix e resgatar a essência de tudo. Ao fazê-lo descobriremos, para alívio geral, que as empresas, as marcas, as disciplinas da comunicação, os CEOs, os CFOs, os COOs e até mesmo os Chairmen of Boards voltarão a funcionar.
Christina Carvalho Pinto é sócia-presidente do Grupo Full Jazz de Comunicação.

Prostitutas brasileiras na Espanha

Do site Agência Carta Maior

por Emir Sader

A história é a seguinte: um casal, Domingo Fernandez e Gilda Borges, dirigiam duas casas de prostituição em Vigo, chamadas Mamba Negra e Skorpio, assim como participavam da gestão do Sheraton, na cidade de Verin, dirigida por Manue Atanes. Levavam moças do Brasil para trabalhar como prostitutas nesses locais, sem esconder as atividades que elas iam ter. Pagavam suas passagens e agiam para que elas chegassem como turistas. Chegadas à Espanha, se impunham as normas de funcionamento dos locais, que incluíam horários e os preços da bebida e dos serviços sexuais oferecidos aos clientes. Estes pagavam aos garçons e no fim de cada noite elas recebiam sua parte, se é que tivessem direito. Porque durante os primeiros meses tinham descontado o preço da passagem, o que fazia com que elas não recebessem nada, além das multas que poderiam receber, por chegar tarde ao trabalho, por falar alto (sic), por dar o numero de telefone a clientes e por sair sem autorização. Além disso, elas tinham obrigação de morar nos locais de trabalho e pagar pelo aluguel e pela comida.O casal foi condenado pela Audiência Provincial de Pontevedra a seis anos de prisão por trafico ilegal de pessoas com fins de exploração e a dois anos e meio por um delito contra os direitos dos trabalhadores. O Supremo Tribunal Federal da Espanha ratificou a primeira condenação, mas absolveu o casal do segundo delito, alegando que as condições de trabalho, as multas por atrasos e falar alto “são normalmente penalizadas pela lei no mundo dos hotéis e que as outras condições “são normais”.O Tribunal decidiu que “à margem de razões de moralidade”, a prostituição por conta alheia pode ser “uma atividade econômica que, se é realizada em condições aceitáveis pelo Estatuto dos Trabalhadores, não pode ser enquadrada no delito 312 do Código Penal, que castiga aos que oferecem condições de trabalho enganosas ou falsas ou empregam a cidadãos estrangeiros em condições que prejudiquem, suprimam ou restrinjam os direitos que fossem reconhecidos por disposições legais, convênios coletivos ou contrato individual.”O Supremo Tribunal Federal da Espanha considera assim que pode haver uma relação, mesmo que atípica, no exercício da prostituição por conta alheia? O Código Penal espanhol tipifica como delito o proxenetismo, mesma se a mulher o consente. Mas os juízes fazem uma declaração de principio afirmando que “a questão da prostituição voluntaria em condições que não suponham coação, engano, violência ou submissão, ainda que por conta própria ou dependendo de um terceiro que estabelece umas condições que não atentem contra os direitos dos trabalhadores, não pode ser decididas com enfoques morais ou com concepções ético-sociológicas, dado que afetam a aspectos da vontade (das mulheres) que não podem ser coibidas pelo direito sem maiores matizes.”Diante dessa situação, pergunta-se o jornal espanhol El Pais:“É possível explorar sexualmente a uma mulher e ao mesmo tempo dar-lhe condições de trabalho `normais´? Se pode falar de relação de trabalho nestes casos?” Responde que as leis sobre tráfico de mulheres e prostituição não tem uma resposta clara, fazendo com as sentenças dos juízes sejam às vezes tão confusas como a própria legislação.Chega-se a uma situação tal de mercantilização do corpo das mulheres, como se fosse normal, que a discussão se transfere para a legislação laboral, aceitando-se implicitamente que a venda ou o aluguel do corpo feminino é uma atividade comercial como uma outra qualquer.(Há poucos anos Fernando Gabeira aventou até a possibilidade de apresentar uma proposta de lei que legalizaria a prostituição infantil.)Que sociedade é esse que discute com frieza e “normalidade” a redução do ato sexual a uma mercadoria? A defesa dos direitos das prostitutas torna-se uma reivindicação normal, dado que a prostituição passou a ser um elemento compensatório da frustração tanto dos casamentos, quanto das outras formas de relação amorosa.Na era da globalização, enquanto os espanhóis nos mandam seus bancos, empresas de telefonia celular, de exploração de petróleo e gás, importam nossos jovens jogadores de futebol e moças brasileiras para atender as demandas e as carências da afluente sociedade capitalista espanhola. Não há nenhuma indicação sobre quem são as brasileiras, quantas são e o que aconteceu com elas depois do processo.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Mercado da fé

Do site Brasil de Fato

por Frei Betto

Como os supermercados, as Igrejas disputam clientela. A diferença é que eles oferecem produtos mais baratos e, elas, prometem alívio ao sofrimento, paz espiritual, prosperidade e salvação.
Por enquanto, não há confronto nessa competição. Há, sim, preconceitos explícitos em relação a outras tradições religiosas, em especial às de raízes africanas, como o candomblé e a macumba, e ao espiritismo.
Se não cuidarmos agora, essa demonização de expressões religiosas distintas da nossa pode resultar, no futuro, em atitudes fundamentalistas, como a “síndrome de cruzada”, a convicção de que, em nome de Deus, o outro precisa ser desmoralizado e destruído.
Quem mais se sente incomodada com a nova geografia da fé é a Igreja Católica. Quem foi rainha nunca perde a majestade... Nos últimos anos, o número de católicos no Brasil decresceu 20% (IBGE, 2003). Hoje, somos 73.8% da população. E nada indica que haveremos de recuperar terreno em futuro próximo.
Paquiderme numa avenida de trânsito acelerado, a Igreja Católica não consegue se modernizar. Sua estrutura piramidal faz com que tudo gire em torno das figuras de bispos e padres. O resto são coadjuvantes. Aos leigos não é dada formação, exceto a do catecismo infantil. Compare-se o catecismo católico à escola dominical das Igrejas protestantes históricas e se verá a diferença de qualidade.
Crianças e jovens católicos têm, em geral, quase nenhuma formação bíblica e teológica. Por isso, não raro encontramos adultos que mantêm uma concepção infantil da fé. Seus vínculos com Deus se estreitam mais pela culpa que pela relação amorosa.
Considere-se a estrutura predominante na Igreja Católica: a paróquia. Encontrar um padre disponível às três da tarde é quase um milagre. No entanto, há igrejas evangélicas onde pastores e obreiros fazem plantão toda a madrugada.
Não insinuo assoberbar ainda mais os padres. A questão é outra: por que a Igreja Católica tem tão poucos pastores? Todos sabemos a razão: ao contrário das demais Igrejas, ela exige de seus pastores virtudes heróicas, como o celibato. E exclui as mulheres do acesso ao sacerdócio. Tal clericalismo trava a irradiação evangelizadora.
O argumento de que assim deve continuar porque o Evangelho o exige não se sustenta à luz do próprio texto bíblico. O principal apóstolo de Jesus, Pedro, era casado (Marcos 1, 29-31); e a primeira apóstola era uma mulher, a samaritana (João 4, 28-29).
Enquanto não se puser um ponto final à desconstrução do Concílio Vaticano II, realizado para renovar a Igreja Católica, os leigos continuarão como fiéis de segunda classe. Muitos não têm vocação ao celibato, mas sim ao sacerdócio, como acontece nas Igrejas anglicana e luterana.
Ainda que Roma insista em fortalecer o clericalismo e o celibato (malgrado os escândalos frequentes), quem conhece uma paróquia efervescente? Elas existem, mas, infelizmente, são raras. Em geral, os templos católicos ficam fechados de segunda à sexta (por que não aproveitar o espaço para cursos ou atividades comunitárias?); as missas são desinteressantes; os sermões, vazios de conteúdo. Onde os cursos bíblicos, os grupos de jovens, a formação de leigos adultos, o exercício de meditação, os trabalhos voluntários?
Em que paróquia de bairro de classe média os pobres se sentem em casa? Não é o caso das Igrejas evangélicas, basta entrar numa delas, mesmo em bairros nobres, para constatar quanta gente simples ali se encontra.
Aliás, as Igrejas evangélicas sabem lidar com os meios de comunicação, inclusive a TV aberta. Pode-se discutir o conteúdo de sua programação e os métodos de atrair fiel. Mas sabem falar uma linguagem que o povo entende e, por isso, alcançam tanta audiência.
A Igreja Católica tenta correr atrás com as suas showmissas, os padres aeróbicos ou cantores, os movimentos espiritualistas importados do contexto europeu. É a espetacularização do sagrado; fala-se aos sentimentos, à emoção, e não à razão. É a semente em terreno pedregoso (Mateus 13, 20-21).
Não quero correr o risco de ser duro com a minha própria Igreja. Não é verdade que ela não tenha encontrado novos caminhos. Encontrou-os, como as Comunidades Eclesiais de Base. Infelizmente não são suficientemente valorizadas por ameaçarem o clericalismo.
Aliás, as CEBs realizarão seu 12º encontro intereclesial de 21 a 25 de julho deste ano, em Porto Velho (RO). O tema, “Ecologia e Missão”; o lema, “Do ventre da Terra, o grito que vem da Amazônia”. São esperados mais de 3 mil representantes de CEBs de todo o Brasil.
Bom seria ver o papa Bento XVI participar desse evento profundamente pentecostal.
Frei Betto é escritor, autor, em parceria com Leonardo Boff, de “Mística e Espiritualidade” (Garamond), entre outros livros.

terça-feira, 26 de maio de 2009

TV & COMPORTAMENTO

A mediocridade de um produto cultural célebre

Por Clóvis Luz da Silva


Miguel Falabella decretou que a idade mental dos telespectadores brasileiros é de nove anos. Mais que uma ofensa, a afirmação é um reconhecimento da mediocridade de alguns dos mais célebres produtores culturais do Brasil, incluindo nesse rol o próprio Miguel, pois somente pessoas com deficiência intelectual seriam capazes de produzir "obras" assimiláveis tendo como alvo os débeis mentais.
A televisão, há muito tempo, com raríssimas exceções, tem o papel de idiotizar as pessoas, particularmente com as novelas, das quais Falabella é neófito autor. Não me lembro das novelas que ele escreveu; lembro-me, porém, de algumas novelas de muito sucesso da Rede Globo, nas quais os idiotas, inclusive este que escreve, fomos levados a inverter nosso senso moral para aplaudir bandidos e torcer contra os mocinhos por achar que uma pessoa honesta é "banana", que o marido fiel à sua esposa é um "otário", que se dar bem de qualquer maneira é a regra, e o respeito aos valores e princípios éticos é a exceção.
Das últimas novelas que meu estômago suportou digerir citarei adiante algumas a partir das quais a televisão brasileira, especialmente a Globo, com suas novelas, inventou um novo tipo de personagem: o vilão que nos faz rir e, entretendo-nos, leva-nos a concluir que vivemos em uma sociedade em que a única regra válida é a do lucro pessoal a despeito de interesses e valores que nos cercam.
Perversidade amenizada
Em determinado momento da telenovela brasileira, os autores globais concluíram que personagens como Odete Roitman, na novela Vale Tudo, vivido por Beatriz Segal, a gêmea malvada Raquel, interpretada por Glória Pires em Mulheres de Areia, ou mesmo a personagem de Cláudia Arraia em Torre de Babel, Ângela, por sua extrema maldade, causavam tamanho ódio nos telespectadores que muitos destes, ao verem os artistas na "vida real", os hostilizavam a ponto de lançar-lhes insultos, quando não objetos, servindo-se desse instrumento radical e mal-educado para externar seu desejo de ver a justiça, que a muitos deixa impunes, na vida real ao menos na ficção funcionar.
Quem sabe para livrar os artistas de telespectadores ingênuos e indignados, insuflados pela mistura explosiva e perigosa desses dois ingredientes, os autores resolveram, sem diminuir a maldade dos vilões, conferir a eles também uma certa ingenuidade, ou não intencionalidade nas ações, tirando delas o dolo evidente pela maquiagem do humor e do gracejo de trejeitos, falas, caras e bocas, pelos quais se tornou possível que a perversidade de uma cena na qual o vilão esteja a engendrar um golpe, quiçá um assassinato, seja amenizada pelo tom jocoso da situação criada exatamente para esse fim.
Enchendo os bolsos de idiotas como ele
Viúva Porcina e Sinhozinho Malta, personagens de Regina e Lima Duarte em Roque Santeiro; Perpétua, de Joana Fomm em Tieta, Altiva, vivida por Eva Wilma em A Indomada, e atualmente a "santarrona" Imaculada, personagem de Elizabeth Savalla em A Padroeira, são exemplos perfeitos de como os vilões antigos foram inteiramente substituídos pelos novos, os quais, mesmo fazendo maldades, planejando seqüestros, roubos e assassinatos, agora também nos fazem sorrir, levando-nos a aceitá-los sem nenhuma ressalva na consciência, nenhuma análise reflexiva sobre a maldade humana, parecendo mesmo que o mal dos homens não passa de uma simples obra de ficção, inexistindo na vida real, composta de telespectadores ávidos e prontos a consumir tudo aquilo que a televisão lhes queira ensinar, tal fato sendo já talvez um fruto dessa relativização da maldade e da idiotização de pessoas – que nem isso conseguem perceber.
Miguel Falabella acertou em cheio ao dizer que somos todos idiotas, pois somos nós que enchemos o bolso de outros idiotas, como ele.

CPI da Petrobras: O objetivo é produzir manchetes para o Ali Kamel

Do Vi o Mundo

por Luiz Carlos Azenha

Quando eu era repórter da Globo, entre 2005 e 2006, durante meses o Jornal Nacional dedicava de três a dez minutos diários à cobertura de três CPIs: a do Mensalão, a dos Correios e a do Fim do Mundo.
As reportagens registravam acusações, ilações e suposições geradas diariamente nos corredores do Congresso, a grande maioria delas desprovada mais tarde. Não importa. O objetivo óbvio era produzir fumaça e as manchetes que faziam Ali Kamel delirar. O capo da Globo ficou tão excitado que despachou para Brasília uma assistente pessoal, cuja tarefa diária era percorrer os bastidores do Congresso para passar e receber informações, além de monitorar os colegas de emissora.
Uma CPI como a da Petrobras fornece o argumento essencial para Kamel e seus asseclas: estamos apenas "cobrindo os fatos", argumentam. Já escrevi aqui ene vezes sobre 2006: capas da Veja alimentavam o Jornal Nacional, que promovia a devida "repercussão", gerando decisões políticas que alimentavam outras capas da Veja, que apareciam no JN de sábado e geravam indignação em gente da estirpe de ACM, Heráclito Fortes e Arthur Virgílio.
Só essa "indignação seletiva" é capaz de explicar porque teremos uma CPI da Petrobras mas nunca tivemos uma CPI da Vale ou das privatizações.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Atriz e pecuarista, Regina Duarte também tem medo de índio

Do Pátria Latina

A atriz global e pecuarista Regina Duarte, em discurso na abertura da 45ª Expoagro, em Dourados (MS), disse que está solidária com os produtores e lideranças rurais quanto à questão de demarcação de terras indígenas e quilombolas no estado. “Confesso que em Dourados voltei a sentir medo”, afirmou a atriz, neste domingo (17), com referência à previsão de criação de novas reservas na região de Dourados.
“O direito à propriedade é inalienável”, explicou ela,de forma curta, grossa e maravilhosamente elucidativa o que faz do Brasil um brasil. Em verdade, ela deve estar sentindo medo desde a campanha presidencial de 2002… (O deputado Ronaldo Caiado, principal defensor desses princípios, deveria cobrar royalties de Regina Duarte… Inalienáveis deveriam ser o direito à vida e à dignidade, mas terra vale mais que isso por aqui.)
“Podem contar comigo, da mesma forma que estive presentes nos momentos mais importantes da política brasileira.” Ela e o marido são criadores da raça Brahman em Barretos (SP). Dos 60 assassinatos de indígenas ocorridos no Brasil inteiro em 2008, 42 vítimas (70% do total) eram do povo Guarani Kaiowá, do Mato Grosso do Sul,de acordo com dados Conselho Indígenista Missionário (Cimi).
“Ninguém é condenado quando mata um índio. Na verdade, os condenados até hoje são os indígenas, não os assassinos”, afirma Anastácio Peralta, liderança do povo Guarani Kaiowá da região.
“Nós estamos amontoados em pequenos ampamentos. A falta de espaço faz com que os conflitos fiquem mais acirrados, tanto por partes dos fazendeiros que querem nos massacrar, quanto entre os próprios indígenas que não tem alternativa de trabalho, de renda, de educação”, lamenta Anastácio Peralta.
A população Guarani Kaiowá é composta por mais de 44,5 mil. Desse total,mais de 23,3 mil estão concentrados em três terras indígenas Dourados, Amambaí e Caarapó), demarcadas pelo Serviço de Proteção ao Índio (criado em 1910 e extinto em 1967), que juntas atingem 9.498 hectares de terra.
Enquanto os fazendeiros, muitos dos quais ocuparam irregularmente as terras,esparramam-se confortavelmente por centenas de milhares de hectares. O governo não tem sido competente para agilizar a demarcação de terras e vem
sofrendo pressões até da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA). Mesmo em áreas já homologadas, os fazendeiros-invasores se negam a sair - semelhante ao que ocorreu com a Raposa Serra do Sol.
É esse massacre lento que a pecuarista apóia, como se as vítimas fossem os pobres fazendeiros. Só espero que, na tentativa de apoiar a causa, ela não resolva levar isso para a tela da TV, em um épico sobre a conquista do Oeste brasileiro, nos quais os brancos civilizados finalmente livram as terras dos selvagens pagãos.
Texto: Fonte: Blog do Sakamoto

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Meus filhos não falam palavrão

Do Blog do PVC

Por Paulo Vinicius Coelho

Não há nada pior para um país do que seus habitantes não acreditarem nele.Na sexta-feira, na sabatina da Folha de S. Paulo, Ronaldo disse que ficará no Brasil e pensará no final do ano se segue jogando por mais um ano. Disse também que pretende que seus filhos vivam na Europa.A razão, segundo ele, é segurança e educação. O exemplo é sua percepção de que os amiguinhos brasileiros de seu filho, Ronald, são mal educados e falam palavrões demais, diferente de quando convive com seus colegas europeus.Na entrevista, Clóvis Rossi questionou Ronaldo se esse raciocínio não era racista. Ronaldo respondeu: é realista.Desde seu retorno, Ronaldo impressiona pela clareza com que expõe seus pontos de vista. Boa parte deles, brilhante. Outros, nem tanto.Meus filhos têm 9 e 6 anos, respectivamente. Sempre viveram no Brasil. Têm um pai presente, modéstia à parte, que conhece todos os seus amiguinhos. Todos bem educados e que não falam palavrão.Ronaldo conviveu com a diversidade e tem o incrível mérito de ter aprendido com ela. Diferente de parte de seus colegas, que viveu na Europa e não aproveitou a experiência. Ronaldo aprendeu a viver bem em Milão, Madri, Barcelona... No Brasil, cresceu em Bento Ribeiro.Não sei com quem os filhos de Ronaldo convivem quando estão no Brasil. Imagino que vivam em boa companhia, quando estão na Europa.Por aqui, meus filhos têm uma vida de classe média e aprendem que gente legal existe em todos os países. Gente mal educada também.Não se nega a Ronaldo o direito de deixar seu filho vivendo na Europa. Pretendo mesmo que os meus pequenos tenham a opção de morar onde julgarem melhor. Espero também que escolham sem nenhum tipo de preconceito. É possível que vivam bem e tenham amigos bacanas no Japão, nos Estados Unidos, no Brasil, em Buenos Aires ou na Europa.O que não dá é para espalhar a ideia de que todas as crianças brasileiras falam palavrão e são mal educadas. Não sei onde Ronald tem andado. Mas a gente pode arrumar amiguinhos brasileiros bem mais legais para ele. Por Paulo Vinicios Coelho

LATINOS TOMAM CONTA DOS EUA

Do Direto da Redação

Por Eliakim Araujo

O Bureau do Censo nos Estados Unidos divulgou na quinta-feira o resultado do recenseamento de julho de 2008. Os estrangeiros e os grupos minoritários estão ocupando cada vez mais espaço na terra de Tio Sam. Um terço da população do país é formada por minorias, com supremacia absoluta dos hispânicos. As minorias somam 104.6 milhões de pessoas, ou 34% da população total do país, que subiu para 304.059.724. Com relação aos hispânicos (ou latinos), pode-se dizer que um em cada seis residentes nos Estados Unidos, ou seja, 46.9 milhões são hispânicos ou de origem hispânica. Apesar do ódio que certos grupos conservadores - com resquícios ainda da famigerada Ku klux Klan - que encontram apoio em setores da mídia, a presença dos latinos é vista com otimismo por intelectuais e estudiosos do fenômeno migratório. Ken Gronbach, autor de "The Age Curve: How to Profit from the Growing Demographic Trend", assinala que a rápida expansão da população latina tem um saudável impacto sobre a economia. Veja o que ele diz: "Os latinos salvaram o nosso país. Eles representam 14 por cento da população, mas 25 por cento de todos os nascimentos. Os Estados Unidos são a única nação industrializada ocidental com uma taxa de fertilidade 2,2 por cento, acima da taxa de mortalidade". Uma curiosidade: os brasileiros nos EUA são considerados como latinos para efeito de estatística. EFEITO CASCATA DIZIMA ECONOMIA AMERICANA - A crise no setor autombilístico americano pode causar mais estragos do que se imagina. Desde que a Chrysler entrou em bancarrota (uma espécie de concordata no direito brasileiro), e tudo indica que a GM vai pelo mesmo caminho, as vendas dos carros desses dois tradiconais fabricantes entraram em queda livre. A Chrysler divulgou na quinta-feira uma lista de 789 revendedores, dos 3.200 da sua marca, que serão fechados em todo país. Isso significa que 40 mil pessoas perderão o emprego. No dia seguinte, a GM tomou a mesma decisão. Enviou carta a 1.100 dos 6.000 revendedores em todo país, dando-lhes um prazo para fecharem as portas. A GM já avisou que vai fechar mais 900, ou seja pretende ficar com 4.000, se não fechar antes. Nas pequenas cidades, os prejuízos serão enormes, pois essas revendas, estabelecidas há décadas, são grandes empregadoras e recolhedoras de impostos. São também grandes anunciantes da mídia local. É o chamado efeito cascata, que vai dizimando a economia do país mais rico do mundo. Essa crise no setor automobilistico americano foi extremamente mal conduzida. Há quase um ano se fala em empresas à beira da falência, em socorro financeiro do governo e em fechamento de fábricas. Esse é o tipo de notícia que o consumidor não quer ouvir, e isso precipou o colapso. Afinal, quem vai querer comprar um carro novo de uma montadora que pode fechar as portas a qualquer momento? PAU NOS TRAMBIQUEIROS - Pode não espantar a crise, mas deve colocar alguma ordem no mercado. O secretário do Tesouro, Tim Geithner, se reuniu com banqueiros e companhias de investimentos. A preocupação do governo está nos papéis exóticos, conhecidos como "derivativos" que circularam livremente durante décadas, sem nenhuma regulamentação. Cada um fazia o que queria e o otário do investidor que se lixasse. O estouro da bolha era apenas uma questão de tempo.Veja como os trambiques eram praticados. Quando o investidor comprava algum desses papéis exóticos - que pagavam juros acima do mercado - ele recebia um contrato de seguro que o deixava tranquilo e feliz achando que o dinheiro dele estava protegido. Só que a mesma apólice que garantia o investimento dele garantia o de outros milhares se investidores, ou seja, o seguro não tinha lastro para cobrir todos aqueles contratos. O resultado é que o AIG, American International Group, a maior seguradora dos EUA, teve que receber bilhões de dólares do governo americano, leia-se do contribuinte, para evitar um desastre maior, que seria sua falência.OS CULPADOS SÃO OS GRINGOS - O NY Times divulgou a foto de uma menina afegã, de 12 anos, deitada num leito de hospital com graves queimaduras. Ela é uma das vítimas dos ataques aéreos da aviação americana semana passada na cidade de Farah. O número certo de civis que morreram nos ataques talvez nunca será conhecido. Mas os moradores das vilas atacadas, inclusive a menina queimada, descrevem a devastação na cidade. As entidades de direitos humanos classificam como o pior episódio da matança de civis nos oito anos de guerra no Afeganistão. O governo afegão fala em 140 civis mortos, 25 feridos e dezenas de casas destruídas. Lamentavelmente, Obama até agora não disse a que veio em relação a essas guerras injustificadas. O sentimento anti-americano cresce cada vez que os militares do país cometem atrocidades como essa. No NY Times reproduz a frase de uma das vítimas: "os culpados são os gringos, por que eles não jogam bombas em seus alvos, em vez de jogarem em nossas casas?

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Avisem seus familiares e amigos!

Informação Importante e de extrema urgência!

Dentro dos Shopping Centers há pessoas próximas às entradas dos cinemas fazendo uma suposta pesquisa com os jovens (algo “interessante”, como cinema, TV, um novo filme a ser lançado…). Pegam então o nome, telefone fixo e residencial, endereço e algumas características como as roupas, cor do cabelo, etc etc etc do seu filho.
Depois que as pessoas entram no cinema, eles esperam alguns minutos, ligam para a pessoa que foi “entrevistada” para ver se o celular está mesmo desligado e, se estiver, eles ligam para a casa da pessoa.
O bandido diz o nome completo do seu filho (o que já assusta), as características como cabelo, estatura, roupas e diz ainda “Ligue para seu filho, se acha que estou mentindo… o nº dele é 9XXX - XXXX? Está desligado…”(pronto, se ele sabe até o nº do celular de seu filho, só pode ser verdade). E como um filme dura em média 2Hs, demora muito para você conseguir ligar e ser atendido. Aí você já está em pânico e pronto para fazer o que o bandido lhe pedir.
AVISO DE UM DELEGADO DE POLÍCIA: * “Isso não é boato, é fato.
** Instruam seus filhos a não responderem nenhuma entrevista ou pesquisa nas ruas e fornecer informações curriculares apenas diretamente para empresas. Não coloquem curriculum em sites….
Nunca desliguem os celulares… Coloque-os em “silencioso”.
Em caso de cinemas, coloque-o para que simplesmente acenda a luz…
Assim saberão se algum parente está ligando… O nível de inteligência dos bandidos está aumentando… Temos que nos precaver cada vez mais…

Os sem-trabalho

Do Blog do Hélio Fernandes


Os EUA anunciam: "O pais atingiu 8,6% de desempregados". É preciso traduzir. A população americana passou de 300 milhões. A força de trabalho é de 150 milhões de pessoas. Portanto, 8,6% significa que mais ou menos 12 milhões estão sem trabalho.
A UE (União Europeia), em vez de percentagem, deu numeros que não precisam de tradução: "estamos com 18 milhões de desempregados". No Brasil o numero dos sem-trabalho tambe mcresce. Só o Ministro Lupi "contrata" trabalhadores, nesse seu particular "céu de brigadeiro".

Qual o futuro do "sonho americano"?

Da Agência Carta Maior

O que você promete a um povo a quem foi dito que poderia fazer o que quisesse, que foi repetidas vezes congratulado por viver na melhor de todas as circunstâncias possíveis? Como dizer agora que “os bons tempos” não voltarão? Os estadunidenses precisam de uma nova visão que os ajude a lidar com a realidade, uma história promissora do futuro que os ajude a superar o passado. O que é preciso na vida do povo dos Estados Unidos é uma redefinição dos conceitos de “vida, liberdade e busca da felicidade”. A análise é do jornalista político William Greider.

William Greider - The Nation

Como entendeu Franklin Roosevelt, os estadunidenses adiarão benefícios imediatos e experimentarão sacrifícios pesados – se conseguirem – à medida que forem convencidos de que o futuro pode ser melhor que o passado. Nós estamos, porém, frente a um problema muitíssimo mais difícil em nosso momento na história. O que você promete a um povo a quem foi dito que poderia fazer o que quisesse, que foi repetidas vezes congratulado por viver na melhor de todas as circunstâncias possíveis? Como dizer agora que “os bons tempos”, assim como os conhecemos, não voltarão? Os estadunidenses precisam de uma nova visão que os ajude a lidar com a realidade, uma história promissora do futuro que os ajude a superar o passado. Eis aqui uma grande visão que eu sugiro os americanos podem perseguir: o direito de todos os cidadãos a vidas engrandecidas. Não a ficar mais rico do que o próximo ou acumular necessariamente mais e mais porcarias, mas o direito a viver a vida plenamente e a se engajar expansivamente nas possibilidades elementares da existência humana. Essa é a essência do que muitos, agora, parecem almejar em suas vidas. As pessoas – mesmo as bem sucedidas e afluentes – estão frustradas por causa das dimensões intangíveis que a vida assumiu ou deslocou, em grande ou pequena escala, pressionada pelas exigências implacáveis do sistema econômico de maximizar a produção de lucros e de riqueza. Nossas verdades morais comuns têm sido destruídas em nome de grandes recompensas. Os aspectos mais leves da experiência mortal estão diminuídos porque a própria vida não está tabulada na contabilidade do sistema econômico. A ordem política aceita erroneamente essas concessões de limitação da vida como normal, como necessária para alcançar os “bons tempos”. Nos primeiros períodos de nossa história, os sacrifícios exigidos pela máquina capitalista dos Estados Unidos foram largamente tolerados porque a nação era jovem e subdesenvolvida. A máquina prometeu gerar níveis mais elevados de abundância, e o fez. Mas, agora, qual é a justificativa, quando a nação já está rica o suficiente e a máquina continua exigindo pedaços maiores de nossas vidas?Famílias perderam a dignidade de dirigir suas vidasO que as famílias, mesmo aquelas prósperas, tipicamente perdem na troca são os pequenos aspectos da graça da vida cotidiana, como o ritual de ter um jantar em família com todos presentes. A coisa mais substancial que sacrificamos é o tempo de experienciarmos as alegrias e mistérios da alimentação das crianças, os pequenos prazeres da curiosidade ociosa, de aprender a fazer as coisas com as próprias mãos e a satisfações da amizade e da cooperação social. Essas coisas foram feitas para parecerem corolários triviais da acumulação de riqueza, mas muita gente sabe que tiveram de desistir de algo mais importante e lamentam a perda. Alguns decidem retomar isso mais tarde na vida, depois de estabilizados financeiramente. Outros ainda sonham em cair fora do sistema. Se pudéssemos de alguma maneira somar todas as dores e perdas privadas causas pela busca da prosperidade material ilimitada, o resultado pode vir a parecer o maior lamento de nosso tempo. Mais importante do que todas as outras perdas é que as pessoas também estão denegando outra grande, inatingível: a dignidade de dirigir as suas próprias vidas. No trabalho, em casa e na esfera pública, a maior parte das pessoas perdem o direito de exercitar muito de suas vozes nas decisões cotidianas da administração de suas vidas. Muitas pessoas (não todas) estão sujeitas a um sistema de comando e de controle sobre os seus destinos. Elas conhecem os riscos de ignorar as ordens que vêm de cima.Não surpreendentemente, muitos cidadãos estão resignados a essa condição e aceitam a subserviência como “é assim que as coisas são” e, como resultado, suas vidas se tornam menores. Muitos acham difícil imaginar que esses confinamentos poderiam ser reduzidos, e até substancialmente removidos, se as organizações econômicas fossem informadas por princípios democráticos. Vida, liberdade e busca da felicidadeO que é preciso na vida do povo dos Estados Unidos é uma redefinição dos conceitos de “vida, liberdade e busca da felicidade”. Dada a imensa riqueza da nação, as antigas ameaças de escassez e privações foram eliminadas. E ainda assim as pessoas permanecem sob o jugo das exigências econômicas, a despeito de quererem algo mais da vida – liberdade para explorar os mistérios e todas as coisas que eles trazem consigo. Coletivamente, os estadunidenses precisam respirar fundo e reconsiderar o que significa ser rico. O desafio, como John Maynard Keynes escreveu há muito, é como “viver com sabedoria, concórdia e bem-estar” quando o desespero e a privação não dirigem mais as condições de nossa existência. Como previu o economista britânico, os velhos problemas econômicos da escassez e da sobrevivência foram resolvidos, ao menos nas nações desenvolvidas. As pessoas deveriam afastar seus medos, sugeriu Keynes, e aprender a aproveitar a vida. Livres da escassez e das preocupações, enfrentamos um novo desafio: descobrir o que significa ser verdadeiramente humano.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Wall Street e os porcos do México


Do Blog Argemiro Ferreira


Na linguagem médica, Edgar Hernández Hernández, o garoto mexicano da foto acima, de apenas quatro anos, é o paciente zero da gripe suína – o primeiro a contrair a doença. Como já foi dito, provavelmente seu organismo tenha servido de plataforma para a combinação genética que tornaria o vírus mais poderoso. Mas ele conseguiu sobreviver, depois de medicado. A gripe tinha sido constatada na cidade de La Glória em dezembro de 2008. Em março passou a disseminar-se rapidamente.
Volto à doença hoje para falar do que li no website Global Research (conheça-o AQUI), do Centro para Pesquisas sobre a Globalização (CRG). Esta é uma organização independente, sem fins lucrativos, que reúne escritores, acadêmicos, jornalistas e ativistas. Registrada na província canadense de Quebec, também publica livros, apóia projetos humanitários e realiza atividades na área educacional.
Além disso e de ter o seu site, o CRG atua ainda como think tank, instituto de reflexão, sobre temas econômicos e geopolíticos. No final do mês passado o Global Research publicou sugestiva comparação a propósito da gripe suína, algo que não cheguei a fazer ao abordar o assunto antes. ”As fazendas industriais de porcos são exatamente como a Wall Street”, dizia o título insólito.
Os agronegociantes e os banqueiros
Embora o site do Global Research tenha versão em português, o artigo a que me refiro não foi traduzido – o que me leva a fazê-lo para o leitor. (A íntegra do original em inglês pode ser lida AQUI). Segue-se a tradução:
Uma teoria sobre a gripe suína que está ganhando força rapidamente é que ela se espalhou através de moscas que se concentram sobre as lagoas fecais nas fazendas industriais de porcos da Granjas Carroll no estado mexicano de Vera Cruz (saiba mais AQUI). A Carroll é propriedade, em parte, da Smithfield Foods – a maior companhia de porcos do mundo, que cria 950 mil por ano naquelas instalações (do México).
Em fazendas de porcos naquela escala industrial, os animais ficam amontoados em espaços tão pequenos, tão apertados, que mal conseguem se movimentar. Existem tantos que eles produzem muitas toneladas de excrementos, que são simplesmente lançados em gigantescas lagoas a céu aberto. É a Wall Street das fazendas de porcos. Tanto em Wall Street como naquelas fazendas de produção de carne, os porcos alimentam-se em instalações públicas.
E mais. Nas fazendas de porcos, como em Wall Street:
Um par de companhias gigantes dominaram a paisagem;
Agências reguladoras permitiram que elas ficassem ali fora de controle, fazendo o que bem entendem;
As companhias fizeram sua lambança sabendo que os governos viriam para juntar os cacos e consertar as coisas, caso isso se tornasse necessário;
Os lucros foram privatizados e as perdas socializadas.
No caso dos porcos, os lucros das megafazendas foram embolsados pelas companhias, mas a conta dos custos da epidemia de gripe suína vai para os contribuintes. As fazendas de porcos jogaram quantidades colossais de excrementos naquelas comunidades locais – o que não só espalhou doenças na área como causou um problema global de saúde. Da mesma forma, gigantes de Wall Street produziram sistematicamente trilhões de dólares em “ativos tóxicos” que as nações do mundo inteiro, como seus contribuintes, pedem agora que sejam “desintoxicados”.
Ou, como escreveu um blog: Os agronegócios têm de ser responsabilizados. Eles estão seguindo as mesmas regras adotadas para os banqueiros; embolsam lucros e jogam as perdas (na forma da doença da vaca louca ou, agora, da gripe suína) em cima do público. Afinal de contas, não é tão alto o preço. Só uns poucos milhões de mortos e o abandono da produção local em pequenas fazendas.

A esperteza publicitária

Da Agência Carta Maior

As tentativas da Anvisa de impedir que bebidas de teor alcoólico mais baixo, como cervejas e vinhos, continuassem a ser veiculadas a qualquer hora do dia nunca vingaram. E uma das razões está no fato das cervejarias patrocinarem as principais transmissões de eventos esportivos no país.
Por Laurindo Lalo Leal Filho
O estádio do Pacaembu foi palco da segunda partida das finais do campeonato paulista deste ano. Com o empate em um a um, o Corinthianstornou-se campeão, já que vencera o primeiro jogo na Vila Belmiro. O"próprio da municipalidade paulistana", como o estádio era chamado pelo locutores de outras épocas, viveu um dia de festa (apesar das trapalhadas da Federação na hora de premiar os vencedores, causando até um princípio de incêndio).O Pacaembu, velho de quase 70 anos, a serem completados no ano que vem, deu conta do recado. As reclamações da imprensa se restringiram ao gramado, realmente muito mal cuidado pela atual administração. Sobre o pior, que estava à vista de todos, não se ouviu nenhum pio, por motivos óbvios.Placas de publicidade, colocadas estrategicamente ao redor do campo para obter os melhores e mais constantes ângulos das câmeras de TV, anunciavam bebidas alcoólicas cuja propaganda pelo rádio e pela televisão é proibida no horário em que o jogo se realizava. Sem nenhum pudor a TV anunciava, ainda que indiretamente, marcas de cachaça e conhaque que, pela lei, só poderiam ser mostradas depois das 21 horas.As tentativas da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) de impedir que bebidas de teor alcoólico mais baixo, como as cervejas e os vinhos, continuassem a ser veiculadas a qualquer hora do dia nunca vingaram. E uma das razões, sem dúvida, está no fato das cervejarias patrocinarem as principais transmissões de eventos esportivos no país.Ainda assim, a lei determina que bebidas com mais de 13 graus na escala Guy Loussac (caso da cachaça e do conhaque) só podem ser propagandeadas pela TV e pelo rádio entre as nove da noite e as seis da manhã. Mas na final do Paulistão, lá estavam sendo exibidas sem nenhuma restrição em plena tarde de domingo.Emissoras, agências de publicidade, anunciantes e concessionários dos espaços publicitários no Pacaembu (e de outros estádios onde a prática se repete) encontraram um belo atalho para burlar a lei. Além de resistirem bravamente a possíveis restrições à propagada diurna de cervejas, conseguiram veicular também nesses horários bebidas de alto teor alcoólico, mostrando toda a sua esperteza. A cada tomada de câmera da pinga que "é uma boa idéia" ou do conhaque "macio", risos de superioridade devem aparecer nas faces dos que operam à margem da lei.Afinal eles são mesmo muito espertos.A essa gente não interessa, por exemplo, os resultados de duas pesquisas recentes realizadas aqui e na Europa. A brasileira, apoiada pela Fapesp (Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo) e divulgada pela Fundação Oswaldo Cruz, mostra a diferença de atitude em relação à bebida dos adolescentes que ficam mais ou menos tempo expostos à propaganda desses produtos. Os primeiros consomem álcool em quantidades maiores do que os outros.Os pesquisadores estudaram o comportamento de estudantes de 14 a 17 anos, da rede pública de ensino de São Bernardo do Campo, diante da exposição de 32 propagandas de cerveja. Entre os adolescentes que já haviam sido expostos previamente a mais mensagens publicitárias, a pesquisa constatou que o consumo de bebidas alcoólicas é de cinco a dez vezes maior. "As propagandas que mais chamavam a atenção dos estudantes estavam associadas a sexualidade, humor e futebol", disse o principal autor do trabalho, Alan Vendrame, pesquisador da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

quarta-feira, 13 de maio de 2009

7ª JORNADA ESPÍRITA

ALTERIDADE: Uma discussão acerca do desafio de aceitar o outro como ele é, construindo pontes entre ideias e pessoas, possibilitando a convivência saudável entre elas nos mais diversos níveis de diferenças.

terça-feira, 12 de maio de 2009

FHC foi peça importante para ações de Dantas, diz Protógenes

Do Blog do Rovai
Na semana que vem chega às bancas a nova edição da Fórum, cuja entrevista de capa foi produzida por Moriti Neto, Glauco Faria e por este blogueiro.
Trata-se de mais uma contribuição desta revista para que o caso Dantas não caia no esquecimento, como parece ser o interesse de uma boa parte da mídia tradicional-comercial. Libero aqui, no momento em que a revista ainda está na gráfica, um aperetivo do seu conteúdo.
Fórum – Tendo como gancho essa questão de “sair às ruas”, o que você achou da declaração do ministro Joaquim Barbosa em relação a Gilmar Mendes?
Protógenes – O ministro Joaquim Barbosa pode sair às ruas. Entendo até que ele foi modesto na sua fala, na sua manifestação. Não foi uma manifestação só como cidadão, mas como ministro do Supremo, que merece respeito da população. Um ministro que honra a toga da Suprema Corte, a exemplo de outros também..
Fórum – Dantas é a cabeça do polvo, ou ele é um tentáculo?
Protógenes – Na minha avaliação, é um grande “gerentão”. Ele, a todo momento, ameaça as pessoas que têm ligações com ele; faz questão de externar; ameaçou inclusive dizer mentiras em torno da figura do filho do presidente do excelentíssimo senhor presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Não encontrei nenhum dado na investigação que levasse a provar que o filho do senhor presidente estivesse envolvido em seus negócios. Está querendo ameaçar, impor temor em alguma coisa que ele saiba? É uma pessoa com um relacionamento extremamente comprometido dentro da República brasileira com determinados setores e segmentos. Ele construiu isso ao longo dos mais de vinte anos; ele não começou agora. Começo a identificar a figura do banqueiro Daniel Dantas já junto com o senador Antonio Carlos Magalhães. Ele surge ali como uma espécie de consultor, oráculo do segmento da economia brasileira, onde é tido como um gênio, mas um gênio financista do mal. Utiliza suas idéias pra praticar, desviar e fazer coisas não permitidas pela lei, que lhe proporcionassem esse crescimento, essa riqueza que ele acumulou e gerencia. (...)
Fórum – Dá pra mensurar a participação do FHC nesse império de Dantas?
Protógenes – Sim, ele foi uma peça importante, um propulsor importante no desenvolvimento dessas ações. Vou até mais além, não só nas ações de privatizações, mas também no seu comprometimento com o crescimento da dívida externa brasileira, e com fraudes na dívida externa brasileira. Os fatos por si só já falam o que isso representa.

O BUG DO ANO 2000 E A GRIPE

Do Direto da Redação

Por Rui Martins

Berna (Suiça) - Vocês se lembram do Bug do ano 2000 ?
Os jornais, tevê, rádio só falavam nisso, que na meia-noite do 31 de dezembro de 1999, o calendário dos computadores em lugar de passar para 2000, ia retornar a 1900. Para as empresas com todos seus sistemas computorizados, administrações, laboratórios, centros de pesquisa ia ser uma catástrofe. Essa passagem a uma data anterior poderia fazer com que fossem apagados arquivos e informações e provocar caos nos supermercados, lojas comerciais, sistemas de contabilidade e até nos aeroportos. A expectativa era de um apocalipse virtual mas com consequências reais.Diante do desconhecido, como se essa desgraça estivesse descrita nos escritos de Nostradamus, houve a correria das empresas e governos aos mestres da informática para evitarem o caos. Criaram-se programas, equipes de informáticos desembarcavam nos escritórios a fim de colocar sistemas de segurança, salvar todos os dados arquivados, era o pânico geral. Gastaram-se milhões e talvez mesmo bilhões.Muitos empresários não estavam com a família na passagem do ano, mas com seus informáticos para saber o que ia dar no momento da passagem do ano. Dizia-se mesmo que até aviões poderiam cair, pois muitos deles têm todo o sistema de vôo informatizado. Foi a versão moderna do medo dos nossos ancestrais na primeira passagem do milênio. A versão do medo do fim do mundo. Nenhum computador deu pane, nem o meu que não recebeu qualquer tratamento para o fantasmagórico reveillon. O bug do ano 2000 foi o maior blefe da história da informática. E todos que gastaram milhares e mesmo milhões, que perderam o sono ou horas de trabalho, sentiram-se paspalhos. Será que depois do bug da informática estamos vivendo o bug da ciência que novamente reacendeu os temores da humanidade de um fim do mundo, transformando uma gripe em alguma coisa mais temível que a peste negra que dizimou a Europa ou que a gripe espanhola ? Dizem (e já diziam com a ameaça da gripe aviária na Ásia) que esse virus, vindo de aves e porcos aclimatados no homem, é de uma nova geração porque, transmitido de ser humano a ser humano, aliará os efeitos de uma gripe forte aos de uma infecção pulmonar, tipo pneumonia com efeitos fatais. Explicam também que, em 1918, a gripe espanhola chegou fraca para retornar, alguns meses depois, com poder fulminante e que a gripe mexicana ou porcina ou suína poderá fazer a mesma coisa. Porém, os elementos colhidos nestas duas semanas de “gripe do fim do mundo” não parecem confirmar nada disso. As pessoas afetadas têm se recuperado e o número mínimo de mortos corresponde aos de uma gripe comum. Ao contrário do risco de uma pandemia de uma nova peste não estaríamos assistindo a um enorme blefe (felizmente!), cujo autor principal é a OMS, acometida do mesmo pânico dos informáticos do Bug 2000 ? E, digamos, se estivéssemos mesmo no limiar de uma pandemia planetária, o que se está fazendo para proteger os africanos ? Não estamos vivendo igualmente o escândalo escancarado do egoismo dos países do Primeiro Mundo? Uma versão científica do “salve-se quem puder” neoliberal ? A organização Médicos sem Fronteira denuncia a inexistência de genéricos dos remédios contra essa gripe para os países pobres. Em outras palavras, se houver de verdade uma pandemia da gripe suína terá o efeito de uma bomba atômica nos países pobres, porque para se proteger com máscaras e remédios é preciso se ter um bom dinheiro. A desigualdade social tem também sua versão econômico-científica ? A imprensa européia publicou que a dengue ressurgiu com força no sul da América latina por uma razão bem simples – como a Argentina autorizou, faz algum tempo, a plantação do milho transgênico da Monsanto, as plantações submetidas a fortes pulverizações não têm mais os predadores dos mosquitos transmissores da dengue, que se multiplicam com as chuvas nos milharais. Faltou só acrescentar que o falado surto da gripe suína no mundo, que mal chega a três dígitos, e de dois para vítimas fatais, já permitiu lucros astronômicos de bilhões para a Roche, fabricante do remédio Tamiflu, e vai permitir mais outros bilhões para os fabricantes da vacina, prevista para setembro e outubro.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

SAÚDE E DOENÇA: DESAFIOS NO SÉCULO XXI

Do Blog Américo Canhoto

O QUE MUDOU?

Pacientes apresentando reações alérgicas ao próprio anti – alérgico – A pessoa no início de uma crise de rinite (por exemplo) toma o remédio que está habituado e vai parar na UTI – situações como essa serão cada vez mais comuns... Hoje nada mais é como ontem; num mundo acelerado e globalizado a vida humana está se afunilando: ou pensa ou pensa; ou faz ou faz – Nosso livre arbítrio está sendo testado á toda velocidade; a lei de causa e efeito está muito rápida – fazendo uma brincadeira: se a mentira tinha pernas curtas nem pernas mais tem – se o castigo vinha a cavalo de hora em diante vem pela NET; o mesmo raciocínio pode ser feito com relação ás nossas doenças: o que nos acometeria lá na frente pela falta de reforma íntima; maus hábitos; vícios, sedentarismo..., virá cada vez mais rápido – Exemplo simples: antes era possível fumar por vinte, trinta anos e morrer de câncer com oitenta, enfartar com setenta; hoje basta três ou quatro anos de vício para vivenciar a lei de causa e efeito; bancar o São Tomé pode custar uma existência (já pensou nisso?). O que mais se vê é; crianças pulando doença de adultos e indo diretamente para as de idososResumindo; a paciência da vida conosco está se esgotando – de hoje em diante nossa especialidade: desculpas e justificativas, não serão mais aceitas – coisas simples do tipo: gostaria tanto de praticar uma atividade física; sei que é necessário; mas tenho que entregar isso, fazer aquilo – A resposta da vida é simples e natural: então morre logo para dar lugar a outro; pois o planeta não comporta tantos encarnados predadores ao mesmo tempo.Em nosso bate papo amos falar sobre:Efeitos do estresse crônico; ajustes planetários: a soma de tudo isso vai fazer uma limpeza geral entre nós; independente do sistema de crenças – Não serão necessárias catástrofes climáticas e geológicas para depurar a humanidade: Basta apenas; o resultado de nossas próprias escolhas.Soluções?Claro que as há – basta cumprir o “Basicão das Leis Divinas” que nos foi proposto por Jesus e seus amigos.Mas, mesmo cá entre nós na área da ciência e da tecnologia; na época atual temos possibilidades de resultados fantásticas – O problema de hoje como o de ontem; é o mau uso dos recursos sempre a serviço da preguiça e do medo. Tecnologia bem usada é maravilhosa, Divina; mas mal usada é demoníaca. Um dos exemplos simples que vamos utilizar em nossa conversa de domingo próximo é o uso da endoscopia da parte alta do aparelho digestivo – recurso fantástico para identificar “in loco” problemas de esofagite, hérnia de hiato, pólipos, câncer – mas que foi tão banalizada que hoje é um dos maiores focos de transmissão de doenças como Hepatite C – Ah! – O amigo, cobaia, não sabia que os tubos que são enfiados dentro de você não são descartáveis? – Sabe que hoje, se pegar dez pessoas na rua de qualquer idade e fizer esse exame nelas, sete ou oito apresentarão algum tipo de patologia digestiva? – Qual a importância desses exames na cura? – Praticamente quase nada.Estamos sendo defrontados conosco mesmos numa frente de batalha que tem a luta contra o câncer como um dos inimigos da hora. Adianta sermos retalhados e submetidos a radiações de todos os tipos?Quem são nossos aliados?Onde estão os inimigos?Estar defronte á morte serve para algo?Melhor a morte em vida como a depressão a angústia e o pânico do que o câncer?

Futebol não é solidário nem na gripe

Da Agência Brasil de Fato

Por Emir Sader

A atitude das equipes que deveriam jogar no México – o São Paulo e o Nacional do Uruguai – negando-se a jogar naquele país, assim como os países que negaram a receber a partida dos times mexicanos, revela um egoísmo inaceitável. A gripe surgiu no México, mas poderia ter surgido em qualquer outro pais do continente. As condições para se defender de uma epidemia como essa são praticamente iguais, igualmente ruins em todos os países, menos em Cuba – pela medicina social que o país tem. Se originou no México, o país tomou todas as medidas possíveis nas condições de uma grande metrópole como a capital, chegou a suspender aulas, missas e todo tipo de concentração. Essas medidas já foram suspensas. Com as cautelas do caso, o país voltou a funcionar, se poderia perfeitamente jogar lá.A Conmebol procurou inicialmente outros países que pudessem sediar as partidas programadas para o México. Chile e Colômbia foram sondados, mas se negaram a sediar jogos de equipes mexicanas. Em seguida a Conmebol tomou a atitude unilateral e injusta de programar um único jogo, no Uruguai e no Brasil, cancelando os jogos no México. A Federação mexicana, com razão, não aceitou a decisão, considerando-a injusta e discrminatória, rompendo suas relações com a Conmebol e retirando seus times da Libertadores.A atitude da Conmebol e das duas equipes beneficiadas – o São Paulo e o Nacional do Uruguai, que se negaram a jogar no México – é odiosa. Se valem da epidemia para tirar vantagens, discriminando os clubes mexicanos e devem ser repudiadas. No entanto a imprensa esportiva dos dois países considera normal essa vantagem, como se fosse uma punição disciplinar aos clubes mexicanos, por ser o pais de origem da epidemia. Esconde uma discriminação que deveria ser denunciada e repudiada. Sempre se poderiam encontrar condições, inclusive as que a Federação mexicana utiliza, de jogos sem publico, ou buscar outras datas.A solução demonstra uma total falta de solidariedade das equipes de futebol, tornadas empresas com fins de muito lucro. Não acompanham os processos de integração e solidariedade continental, que tem caracterizado e notabilizado a América Latina. São empresas globalizadas, operadas por negociantes, sem raízes no nosso continente, apenas enraizadas no sucesso financeiro e midiático dos seus empreendimentos.Atribui-se a Otto Lara Rezende a frase: “Os mineiros só são solidários no câncer”. O futebol profissional não é solidário nem na gripe. Ao contrário, busca faturar com a desgraça alheia, sem se dar conta que é sua própria desgraça.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Opinião: Essa sociedade merece sobreviver?

Da Revista Forum

Por Leonardo Boff

O atual Presidente da Assembleia Geral da ONU, Miguel d’Escoto Brockmann, ex-chanceler da Nicarágua sandinista, está conferindo rosto novo à entidade. Tem criado grupos de estudo sobre os mais variados temas que interessam especialmente à humanidade sofredora como a questão da água doce, a relação entre energias alternativas e a seguridade alimentar, a questão mundial dos indígenas e outros. O grupo talvez mais significativo, envolvendo grandes nomes da economia, como o prémio Nobel Joseph Stiglitz é aquele que busca saídas coletivas para a crise econômico-financeira. Todos estão conscientes de que os G-20, por mais importantes que sejam, não conseguem representar os demais 172 países onde vivem as principais vítimas das turbulências atuais. D’Escoto pretende nos dias 1, 2 e 3 de junho do corrente ano reunir na Assembléia da ONU todos os chefes de estado dos 192 países membros para juntos buscarem caminhos sustentáveis que atendam à toda a humanidade e não apenas aos poderosos. O mais importante, entretanto, reside na atmosfera que criou de diálogo aberto, de sentido de cooperação e de renúncia a toda a violência na solução dos problemas mundiais. Sua sala de trabalho está coberta com os ícones que inspiram sua vida e sua prática: Jesus Cristo, Tolstoi, Gandhi, Sandino, Chico Mendes entre outros. Todos o chamam de Padre, pois continua padre católico, com profunda inspiração evangélica. Ele é homem de grande bondade que lhe vem de dentro e que a todos contagia. Foi sob sua influência que o Presidente da Bolívia Evo Morales pôde propor à Assembleia Geral que se votasse a resolução de instaurar o dia 22 de Abril como o Dia Internacional da Mãe Terra, o que foi aceito unanimemente. Foi honroso para mim poder expôr aos representantes dos povos os argumentos científicos, éticos e humanísticos desta concepção da Terra como Mãe. Tudo isso parece natural e óbvio e de um humanismo palmar. Entretanto – vejam a ironia – representantes de países ricos acham o comportamento do Padre muito esquisito. Apareceu há pouco tempo um artigo no Washington Post fazendo eco a esta qualidade. Dizia o articulista que Miguel d’Escoto fala de coisas estranhíssimas que nunca se ouvem na ONU tais como solidariedade, cooperação e amor. Em seus discursos saúda a todos como irmãos e irmãs (Brothers and Sisters all). Mais estranho ainda, diz o articulista, é o fato de que muitos representantes e até chefes de estado como Sarkosy estão assumindo a mesma linguagem estranha. Meu Deus, em que nível do inferno de Dante nos encontramos? Como pode uma sociedade construir-se sem solidariedade, cooperação e amor, privada do sentimento profundo expresso na Carta dos Direitos Humanos da ONU de que somos todos iguais e por isso irmãos e irmãs? Para um tipo de sociedade que optou transformar tudo em mercadoria: a Terra, a natureza, a água e a própria vida e que coloca como ideal supremo ganhar dinheiro e consumir, acima de qualquer outro valor, acima dos direitos humanos, da democracia e do respeito ao ambiente, as atitudes do Presidente da Assembleia da ONU parecem realmente estranhíssimas. Elas estão ausentes no dicionário capitalista. Devemos nos perguntar pela qualidade humana e ética deste tipo de sociedade. Ela representa simplesmente um insulto a tudo o que a humanidade pregou e tentou viver ao longo de todos os séculos. Não sem razão está em crise que mais que econômica e financeira é crise de humanidade. Ela representa o pior que está em nós, nosso lado demens. Até financeiramente ela se mostrou insustentável, exatamente no ponto que para ela é central. Esse tipo de civilização não merece ter futuro nenhum. Oxalá Gaia se apiade de nós e não exerça sua compreensível vingança. Mas se por causa de dez justos, consoante a Bíblia, Deus poupou Sodoma e Gomorra, esperamos também ser salvos pelos muitos justos que ainda florescem sobre a face da Terra.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

TV & SOCIEDADE

Do Observatório da Imprensa


Existência vigiada

Por Felipe Cartier em 5/5/2009

Quando Jean Baudrillard diz, em seu livro El Crimen Perfecto, "o que está desaparecendo é a realidade, isto é, a representação do mundo. O mundo não está desaparecendo materialmente, mas sua representação e seus sistemas de valores, sim", traduz aspectos mais significativos a respeito da relação entre o campo da mídia e a constituição do imaginário, no qual transitam as neuroses da contemporaneidade. As imagens passaram a servir como garantia e inércia existencial: câmeras, fotos, carteiras, carteirinhas, cartões, circuitos internos e outras atribuições servem como garantia de segurança ou perpetuação da espécie.
O Estado, incompetentemente, deixou seus afazeres para outros "bandos" ou "circuitos": a neurose da sociedade em se encerrar em seus apartamentos, casas ou condomínios, acreditando estar segura, enquanto os "delinqüentes" estão soltos. As câmeras de circuito interno dos prédios provam isso e ainda servem como espécie de segurança. A observação constante com intuito de auxílio em situação de risco ou perigo que incorra a vítima. Nessa clausura, a sociedade senta-se em frente à TV por horas e vigia o "nada".

Trajetória rastreada e neurótica

Um exemplo: os realitys ajudam a demonstrá-lo, a suposta decadência cultural que representaria o voyeurismo, a inércia. Sem falar na febre do registro fotográfico que parece condicionar o exibicionismo desenfreado. Então, essa sociedade prefere a "realidade" que a TV proporciona – ou seja, a construção de um mundo perfeito, expurgado de todas as coisas negativas – à do real em si. Assim como os perfis das páginas de relacionamento – lindos, belos e cheios de autopromoção. Tamanho anestesiamento e o peso comprobatório de uma imagem!
Por fim, haveria que se falar ainda mais sobre o culto à imagem, sobre a(s) neurose(s) reveladas por Freud ou mesmo pelo sofrimento da sociedade em viver trancafiada – Schopenhauer elucidaria melhor esse assunto. O que vale destacar é que com o advento da tecnologia da informação cada vez mais surgem aparelhos perfeitos, prontos para substituir a realidade. A existência parece exceder-se na vigília, seja pelo Estado, delinqüente, por adventos tecnológicos ou por uma suposta imagem que signifique segurança ou comprovação.
As pessoas preferem o interesse pela vida alheia, imagem alheia, segurança alheia e alheios permanecem na inércia. Olhos ávidos por uma evidência, uma comprovação, uma referência do humano que se perdeu. Um rastro, um traço marcado por uma trajetória rastreada e neurótica.

Americano guarda sucata e aprende a empobrecer

Do Terra Magazine

Por Carlos Drummond

De Campinas (SP)

Enquanto a recuperação da economia não vai muito além de sinais esparsos de melhora, o cidadão dos Estados Unidos vai se adaptando à dura realidade da crise. A sociedade extravagante que costumava produzir 250 milhões de toneladas anuais de sucata está aprendendo a viver de modo espartano. A destruição de empregos, o despejo das famílias e o achatamento do consumo provocados pela crise econômica nos Estados Unidos promovem, desde o final do passado, uma ampla reeducação de hábitos. O descarte de materiais e de bens de consumo usados caiu 30%, segundo cálculo publicado pelo jornal Washington Post. A queda das compras fez diminuir a fabricação e a embalagem de produtos e a consequente produção de lixo, reciclável e não reciclável. A indústria da construção em crise reduziu as demolições e a quantidade de táboas, ferragens e vidros normalmente reprocessados ou reaproveitados em reformas ou novas obras.
Mesmo sem o desejar, o americano tornou-se mais engajado na sustentabilidade ambiental, ao baixar o consumo da energia embutida em todo produto da indústria de transformação e ao diminuir a respectiva produção de sucata e de lixo. O conserto e o comércio de bens usados movimenta sites criados com a crise, que reunem dezenas de milhares de internautas. Os negócios de consertos de carros, computadores e eletrodomésticos florecem ao mesmo tempo em que caem as vendas de produtos das indústrias automobilística, de informática e da chamada linha branca. Os consertos, sempre retomados nas crises, tornaram-se um negócio que já consome 5% dos orçamentos familiares, calcula o economista Louis Johnston.
As mesmas famílias que reduzem a compra de roupas suspendem o descarte e as doações das peças de vestuário gastas ou apenas usadas, agora remendadas e consertadas. Empresas como a Wal-Mart e a Coca-Cola contribuem com a contração geral, ao cortarem gastos com empacotamento e programarem a utilização de embalagens mais baratas.
A sociedade com 5 milhões de desempregados só neste ano, 47 milhões de pessoas sem qualquer assistência de saúde e 3 milhões ou mais de famílias despejadas enxergou-se com horror nas imagens televisivas dos acampamentos de cidadãos subitamente destituídos de teto e de emprego e que vivem em estado miserável nos arredores de cidades da Califórnia. O espetáculo de pobreza, que chocou inclusive o governador Arnold Schwarzenegger, faz lembrar de raras imagens da crise de 1929. Quem atravessasse o famoso Central Park, em Nova Iorque, nesse período fatídico inevitavelmente veria pequenas favelas e pessoas maltrapilhas cozinhando ao ar livre em caldeirões suspensos sobre fogueiras.
Carlos Drummond é jornalista. Coordena o Curso de Jornalismo da Facamp.

“Pra aparecer, atores dão dinheiro pra mendigo”, diz Marcello Antony

Do Terra Magazine

Dar entrevistas é, para Marcello Antony, puro dever de ofício. O ator, de ar reservado e fala enxuta, demonstra, inicialmente, até certa impaciência diante de perguntas sobre a “praga das celebridades” – expressão cunhada pelo jornalista Sergio Augusto – que assola nossa sociedade.
O ator parece medir com régua cada centímetro de palavra. Ao fim da entrevista, já mais descontraído, acaba por dizer algo que sintetiza sua postura: “Posso dar 30 horas de entrevista e os jornalistas só vão botar na chamada o que interessa a eles”.
O ator conversou comigo, no Teatro Vivo, em São Paulo, uma hora antes de dar início à entrevista coletiva destinada a divulgar Vestido de Noiva, que estreia amanhã, para convidados, e sábado para o público.
A peça, de Nelson Rodrigues, terá direção de Gabriel Villela, encenador dos mais requisitados do País, e um elenco encabeçado por Antony, Leandra Leal, Vera Zimmermann e Luciana Carnieli.
Parar para ouvir Antony é aproximar-se, pé ante pé, do circo das celebridades armado pela mídia, pela indústria do entretenimento e pelos próprios artistas. “A superficialidade é uma epidemia que está se alastrando”, diz, sem negar que é peça desse jogo.
Leia, abaixo, alguns trechos da conversa:
“A VIDA VIROU UM ENORME BIG BROTHER”
Com a internet, os celulares, os paparazzi, você tem que ter noticia a todo instante. E de todo mundo. Fulano foi comer um picolé no shopping, saiu do cinema com os filhos…
E não são só os atores. Isso acontece com qualquer pessoa pública: músico, político, celebridade instantânea, jornalistas. Se trombar com uma câmera, vira notícia.
Sempre existiu uma curiosidade de saber como seria a vida dos artistas fora da tela, mas isso tomou uma dimensão tal que a vida virou um enorme Big Brother.
Mas a realidade da minha vida não é essa realidade pasteurizada do mundo virtual, holográfico. Não vivo no mundo dos paparazzi, celebridades e big brothers. Isso é uma realidade construída holograficamente. As pessoas se comem, vomitam, regurgitam e estão ali.
Minha realidade é outra: trabalho, minha casa, minha família, meu filho, só isso. Isso é a minha certeza e é isso que me faz seguir.
QUANDO FOI PEGO COMPRANDO MACONHA: ‘FAZ PARTE DO JOGO”
Tudo isso faz parte de um grande pacote. A indústria funciona deste jeito. Cabe a cada um querer participar do jogo ou não. Sei que sou peça fundamental desse jogo e tento usar isso a meu favor.
Uso meu nome para divulgar esta peça, por exemplo. Muita gente verá a peça porque é Nelson Rodrigues, outros porque há atrizes conhecidas e outros para me ver. Nesse sentido, tenho que saber jogar a meu favor.
Sobre o episódio da maconha e a cobertura da mídia, não gosto de emitir opinião porque já foi. As pessoas têm as opiniões que quiserem ter, não posso fazer nada.
SOBRE SER UM GALÃ: “A INDÚSTRIA SOBREVIVE DE RÓTULOS”
As pessoas gostam de rotular. As novelas não precisam ter o vilão e o mocinho? O público precisa de rótulos. É assim que a grande indústria sobrevive.
Virei global por acaso. Eu primeiro estudei teatro e, depois de fazer umas 12 peças, deixei o currículo na Globo. Fiz um teste, fui chamado para fazer oficina e, depois, o teste para uma novela. Passei e rolou. Aí entrei no redemoinho.
Em 12 anos, fiz 12 novelas. Diminuí o número de peças, mas procuro me dedicar à profissão que me abraçou e que eu abracei. Procuro escolher papéis na tevê, no cinema ou no teatro para exercer minha profissão como ator. Se me rotulam como X ou Y, isso foge de mim.
“A IMPRENSA SÓ SE INTERESSA PELA INTRIGUINHA”
O jornalismo de celebridades é o que dá dinheiro, então é o que mais tem. E não tem jeito: posso dar 30 horas de entrevista e só vão botar na chamada o que interessa a eles. De certa forma, parece que a entrevista toda foi para falar aquilo.
Tenho opiniões formadas sobre muitos assuntos, mas nem quero dá-las porque serão desvirtuadas. O cerne da questão não vai ser discutido. O que interessa à imprensa é a intriguinha.
“PARA APARECER, OS ATORES DÃO DINHEIRO PRA MENDIGO”
Os atores vão nos bairros onde estão os paparazzi, dão dinheiro para mendigo… Mulher separada fica brincando com o filhinho para mostrar que está feliz. É tudo um jogo, um circo.
Hoje, é assim: uma atriz consagrada, de ponta, com bagagem cultural, teatral, cinematográfica, televisiva, é a mesma coisa que a mulher alguma coisa… Está tudo na mesma panela.
“POLÍTICO TINHA QUE GANHAR MENOS QUE PROFESSOR”
A sociedade brasileira não está encarando os problemas de maneira profunda. Os exemplos de cima também não estão vindo. Ministros do Supremo discutem como se estivessem num boteco…
Com relação à política, sou anarquista, no sentido de que não acredito em governo. Para mim, político tinha que ganhar menos que professor. Então, a partir dessa premissa, para mim óbvia, não consigo pensar em política direito.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

CRÔNICA

Do Blog Cidadania

Amor e ódio pelo Brasil

Vocês já se perguntaram o que sentem por este país? Quem pode me dizer assim, de bate-pronto, que ama incondicionalmente o Brasil? Em minha opinião, tão poucos quanto os que podem dizer, da mesma forma, que odeiam o país em que nasceram. Isso é porque o amor e o ódio não passam de faces da mesma moeda, como todos sabemos.
O país que odeio é o que amo porque, imerso em um mar de incoerências, esse país nada desesperadamente, mal se mantendo à tona, brandindo o desejo de se tornar uma nação de coerentes, de homens e mulheres que entendam que a única verdade que vale para todos é a de que o interesse destes é o único que a cidadania deve buscar, e a de que é por esse único parâmetro que todos devemos nos pautar em todas as questões.
Odeio o Brasil que deixa suas crianças se arrastarem pelas ruas das grandes cidades todas sujas, drogadas, prostituindo-se, roubando, formando-se numa universidade nefasta do crime, da ausência de valores e até mesmo, muitas vezes, de piedade, o que produz os monstros que vemos cometer monstruosidades democráticas todos os dias, atos de loucura que não escolhem cor, idade, região do país, nível social, escolaridade, nada.
Odeio o Brasil de maioria esmagadoramente negra ou descendente de negro que mal aparece na publicidade, nas novelas, nas universidades, nos postos de relevo da sociedade, em certos bairros quase que só de brancos, em clubes, festas e até praias, em tantos lugares nos quais, se negros e mestiços aparecem, são um para cada dezena de pessoas, quando muito.
Odeio o Brasil da desigualdade de oportunidades, no qual, de antemão, sempre se sabe de onde virão os mais bem sucedidos e de onde virão os que viverão em moradias fétidas em guetos fétidos nos quais imperam a violência, a ignorância, a insalubridade, o abandono.
Poderia dizer muito mais do que odeio no Brasil, porque a lista é longa. Mas não consigo dizer que odeio meu país mesmo odiando tantos de seus aspectos, porque este também é o país de gente que quer mudar tudo isso, de gente que compartilha minha cultura popular, meu idioma, meus anseios, meu orgulho da pujança brasileira, minha esperança nas tantas possibilidades desta nação.
É esta paixão que não me deixa. E não quero que deixe, porque a alternativa a amar o meu país é a de me tornar um pária sem história, sem passado, sem iguais, sem aqueles que gostam das mesmas comidas que eu, da mesma costa marítima que atrai democraticamente os brasileiros de todas as partes no verão, ou sem as tradições e festas populares às quais nos entregamos todos sem distinção de raça, credo, cor, classe social, embalados pelas músicas que nos sacodem a todos por dentro e por fora.
Não posso amar completamente o Brasil, mas não consigo odiar mais do que aspectos dele que podem ser mudados como sempre tentamos mudar aqueles que amamos e que eventualmente nos frustram, mas nos quais nunca perderemos a esperança de que mudem. Com o Brasil é assim, pois é nossa pátria-mãe, aquela que nos gerou e à qual jamais conseguiríamos odiar, mesmo se quiséssemos.

terça-feira, 5 de maio de 2009

China vira principal comprador do Brasil

Do Desemprego Zero

Com alta de 61% nas compras, China passa os EUA na lista de importadores

Por Márcia De Chiara

A China está salvando as exportações brasileiras em meio à recessão global. Em março, pela primeira vez o país foi o principal destino dos produtos nacionais, desbancando a liderança histórica dos Estados Unidos. As exportações para China no primeiro trimestre cresceram 62,67% em valor e 41,47% em quantidade na comparação com o mesmo período de 2008.
Os principais beneficiados foram os produtores de soja, celulose, minério de ferro e petróleo. Essas quatro commodities respondem por 76,6% da receita de exportações brasileiras para o país, aponta a Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex).
“No pior dos mundos, o Brasil está melhor”, afirma Miguel Daoud, economista-chefe da consultoria Global Financial Advisor e especialista em China. Com a crise global, o governo chinês decidiu injetar quase US$ 600 bilhões na economia. O objetivo é estimular os negócios e mudar o modelo de economia exportadora para outro, voltado para o mercado interno. Esse pacote já começou a fazer efeito, com repercussões diretas no Brasil.
Daoud observa que o pacote está concentrado na construção civil. Isso significa maior consumo de aço e, consequentemente, de minério de ferro, a matéria-prima básica da siderurgia. Além disso, o governo chinês traçou um plano para tornar o país autossuficiente em cerca de uma dúzia de produtos agrícolas. Como apenas 10% do território são próprios para a agricultura, a China está aumentando as importações dos produtos que não são prioridade no plano de autossuficiência. É o caso da soja, o principal produto de exportação das lavouras brasileiras.
O salto chinês nas compras do Brasil chama ainda mais atenção pelo fato de as exportações brasileiras terem registrado no primeiro trimestre do ano um recuo de mais de 19% em relação ao mesmo período de 2008. As importações também caíram, mas um pouco mais: 21,6%. Apesar das quedas, a balança comercial brasileira registrou superávit de 9% no trimestre.
Estrela do comércio exterior, a China importou US$ 3,395 bilhões do Brasil no primeiro trimestre e foi praticamente o único país que ampliou significativamente as compras de produtos brasileiros, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). A China respondeu por 47% das exportações para a Ásia, que ultrapassou a América Latina como bloco comercial no primeiro trimestre, segundo o secretário de Comércio Exterior do MDIC, Welber Barral.
“As exportações para a Ásia vêm aumentando, apesar da crise. Tirando o Japão, o bloco tem um potencial comercial muito grande a ser explorado”, diz Barral.
Sem o robusto crescimento das vendas para a China, o superávit da balança comercial brasileira de US$ 3 bilhões no trimestre encolheria US$ 1,8 bilhão, calcula o vice-presidente executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.
A liderança da China nas compras brasileiras não é transitória e deve se repetir nos próximos meses, prevê Daoud. Ele diz, no entanto, que com uma taxa de crescimento do PIB de 6% para este ano, o país não vai puxar o crescimento mundial, mas será “importantíssimo” para o Brasil.
“A China tem um papel muito importante em relação ao Brasil como um grande demandante de commodities”, diz o economista-chefe da Funcex, Fernando Ribeiro. Mas ele discorda de Daoud sobre o impacto da economia chinesa como motor do crescimento global e sobre a manutenção da liderança das compras de produtos brasileiros.
Ribeiro diz que não tem dúvida de que a China exerce um papel crucial na recuperação mundial, mesmo crescendo 6% em 2009. Ele prevê que o país continue ganhando importância nas exportações brasileiras nos próximos meses. Mas, para o ano como um todo, deve encostar nos EUA, que, na sua opinião, vai continuar liderando as compras do Brasil.
Castro, da AEB, lembra que o governo brasileiro temia o déficit na balança comercial no primeiro trimestre. Tanto que chegou a baixar medidas de licença não automática para importações, depois revogadas. “Mas o cenário mudou completamente e a balança comercial registrou déficit apenas em janeiro.”
O vice-presidente executivo da AEB se diz surpreso com as taxas de crescimento dos volumes exportados para a China. A quantidade vendida de celulose, por exemplo, aumentou 650% no primeiro trimestre ante o mesmo período de 2008. No caso do ferro fundido, da soja e do minério de ferro, houve crescimento de 700%, 120% e 40%, respectivamente, nas quantidades exportadas entre janeiro e março.
“Essas taxas de crescimento são desproporcionais”, diz o economista. Na análise de Castro, esse ritmo de crescimento de compras não deve se manter, mesmo com a China crescendo 6% ao ano.

Uma gripe "suína" com a cara da "aviária" para desentocar Tamiflu

Do Porfírio Livre

Por Pedro Porfírio

“Estou convencido de que este escândalo é mais uma montagem para favorecer a indústria farmacêutica. Matéria do GLOBO de domingo fala que a OMS está enviando 2,4 milhões de doses de Tamiflu para 72 países. Esse medicamento foi vendido para os governos de todo o mundo, inclusive o Brasil, por pressão dos EUA, para a falaciosa GRIPE AVIÁRIA. Ofereço-me, apesar de repórter aposentado, para ir ao México ou qualquer outro país para fazer matéria sem essas máscaras ridículas. Quem se interessa?”E-mail que enviei neste domingo, dia 3 de maio aos jornais O GLOBO e FOLHA DE SÃO PAULO.

Tomei a iniciativa de me oferecer para ir ao México (sem máscara de espécie alguma) como uma forma incisiva de manifestar minha desconfiança diante de mais essa manipulação de encomeda, cuja gravidade joga para debaixo do tapete todas as outras preocupações, principalmente com essa crise parida na decadente nação imperial, onde as vestais do capitalismo põem o rabo entre as pernas e correm para as tetas do poder público, mesmo que isso implique numa “jurássica” estatização dos seus negócios.E o fiz sabendo que posso ser visto, no mínimo, como um imprudente. Afinal, se há um tema delicado, que mete medo, esse é o que mexe com a nossa saúde. Tanto que a nossa mídia, quando começa a perder audiência ou leitores, apela para uma matéria sobre doenças, se possível, com o fantasma da pandemia.Precipitei-me no assunto por conta de um e-mail repassado em espanhol, por um leitor sério, sobre uma estranha movimentação internacional, que começa com a reunião do G-7, o grupo dos donos do mundo, no dia 2 de abril, passa por uma declaração do FMI de ajuda a países emergentes e culmina com uma reunião privada entre o exausto presidente Barack Obamma e seu colega mexicano, Philip Calderon, nos dias 16 e 17 de abril.Uma semana depois, no dia 23, o presidente do México convocou uma reunião de emergência e, à noite, seu ministro da Saúde, José Angel Córdova Villalobos anunciou cadeia nacional ocorrência do vírus da gripe, e medidas excepcionais, como a imediata suspensão das aulas em todos os níveis da Cidade e Estado do México e a paralisação de sua vida econômica.Na segunda-feira, de 27 de abril, a empresa farmacêutica Sanofi Aventis anunciou um investimento de 100 milhões de euros em nova fábrica de vacinas, bem como o envio de 236.000 doses de fármacos doados para o México para apoiar o controle da até então chamada gripe suína.O autor do e-mail observou ainda:1. Por mais de dois anos, a indústria farmacêutica mundial vem tendo problemas financeiros devido ao declínio nas vendas.2. O México é uma perfeita plataforma para o lançamento da doença. Daqui sairão turistas que vêm de diferentes partes do mundo. Surpreendentemente, os países que apresentam prováveis vitimas de pacientes que estavam no México, indicando que vão reforçar seus controles sanitários, são os países que compõem o G7.3. O que aconteceu esta semana. Muito provavelmente a suspensão do atividades em todas as empresas na Cidade e Estado do México, e As aulas foram suspensas até 6 de maio de onde o governo faráuma análise e verá se a farsa que deverá continuar, ou fará declaração de que "graças às medidas tomadas em tempo e apoio da opinião pública foram capazes de controlar a doença ".O tiro pela culatraDe fato, neste domingo, o governo mexicano já se deu conta da trapalhada em que se meteu. Ontem mesmo, os ministros da Agricultura do México, Estados Unidos e Canadá divulgaram patética declaração conjunta em que pedem pelo amor de Deus que a comunidade internacional não use “o surto de influenza A H1N1 como motivo para criar restrições comerciais desnecessárias e que as decisões que se tomem estejam baseadas em evidências científicas sólidas".O ministro da Saúde, José Angel Córdova Villalobos, refez sua fala alarmista, garantindo que a epidemia de gripe suína já entrou em fase de declínio. Já a bela chanceler Patricia Espinosa criticou as medidas "discriminatórias e carentes de fundamento" adotadas por alguns países contra cidadãos mexicanos por medo de contágio da gripe suína.A chanceler se mostrou "especialmente" preocupada pelo caso da China - que doou sábado ao México material e equipamento médico avaliado em US$ 4 milhões - por “isolar, sob condições inaceitáveis, uma família de cinco mexicanos que foram levados à força para um hospital” e, depois, impedidos de deixá-lo até que a embaixada do México na China interveio, permitindo que eles fossem transferidos para um hotel."Não há justificativa nenhuma para violentar os direitos de cidadão algum, nem para adotar medidas que não têm base científica nem de saúde pública", advertiu a ministra.Ela também criticou a decisão da Colômbia de se negar a sediar em Bogotá os jogos dos times mexicanos de futebol Chivas e San Luís pelas oitavas-de-final da Copa Libertadores da América.Já nos Estados Unidos, em meio a um certo pânico em 21 estados, o diretor do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, Richard Besser, também baixou a bola, ao afirmar que o vírus, que criou temores de uma pandemia global, pode acabar “tão perigoso” quanto uma gripe sazonal que circula todo o ano no mundo."Com a gripe sazonal, algo que nos atinge todos os anos, temos 36 mil mortes. Aqui, nós estamos vendo sinais encorajadores de que o vírus não parece mais severo do que um tipo que veríamos durante a gripe sazonal", disse Besser ao programa Fox News Sunday.Os mexicanos mais informados estão indignados com a paralisação das atividades na cidade do México. Lamentam a ridícula corrida às farmácias para a compra de “cubrebocas”, cujos preços subiram de 2 para 7 pesos (20 reais), isso sem falar nas máscaras desenhadas, conforme o gosto do freguês.Para desencalhar o TamifluMas com certeza, o móvel principal dessa montagem alarmista é desencalhar o Tamiflu, aquele medicamento que todos os países foram obrigados a comprar entre 2004 e 2007, por pressão do então secretário de Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, presidente do laboratório Gilead Aciences Inc, que comprou a patente do Tamiflu em 1996.À base de anis estrelado, uma planta encontrada sobretudo na China, o medicamento passou a ser produzido pela Roche, num acordo com o laboratório de Rumsfeld. Sob a alegação de que a gripe aviária ia se espalhar pelo mundo com graves ameaças, os governos passaram a estocar o Tamiflu.Como escrevi em 2007, As vendas do Tamiflu passaram de US$ 254 milhões, em 2004, para mais de US $ l bilhão, em 2005 e só não foram maiores porque o laboratório Roche não teve condições de produzir mais. Só o governo brasileiro destinou R$ 200 milhões para a compra do medicamento, que não teve a menor necessidade de usar. O produto pode ser encontrado em algumas farmácias a R$ 350,00 uma caixa com dez comprimidos.Neste momento, a Organização Mundial da Saúde, a serviço dos piores interesses, decidiu recorrer ao fármaco encalhado para fazer frente à “epidemia” que deverá ter o mesmo destino e as mesmas consequências da Gripe Aviária, que, em 13 anos de existência não fez mais de 150 vítimas: esses números insignificantes não têm nada a ver com a fortuna gasta para favorecer laboratórios inescrupulosos.Nesse marketing do medo estão envolvidos mais uma vez os mesmos interesses e os mesmos personagens da mentirosa pandemia aviária. E mais uma vez a população emocionalmente fragilizada servirá de bucha de canhão para um escândalo que, neste caso, além do favorecimento dos laboratórios, tem ainda como influente determinante a necessidade de abafar o noticiário sobre a crise que assola o mundo capitalista, ocidental e cristão.