segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Luiz Gonzaga: eterno brasileiro, eterno rei do baião


Da Revista Algo Mais


Por Edmar Lyra Filho


No dia 13 de dezembro de 1912 em Exu, Pernambuco, nascia Luiz Gonzaga do Nascimento, há exatos 97 anos. Nascia aquele que seria o maior ícone da música e da cultura pernambucana e nordestina, e um dos maiores ícones da música popular brasileira.
Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, era “malero”, “bochudo”, “cabeça-de-papagaio”, “zambeta”, “fêi pa peste”, como ele se autodefinia numa de suas canções mais conhecidas: ‘Respeita Januário’ que ele compôs em parceria com o advogado Humberto Teixeira, dentre muitos outros sucessos compostos pela dupla.
O velho Lua cantou em verso e prosa a dura realidade do Nordeste, a realidade de pessoas que saiam do interior do Nordeste, de estados como: Pernambuco, Paraíba, Bahia, Rio Grande do Norte, etc. que viajavam de suas cidades no sertão nordestino na esperança de uma vida melhor lá pelas bandas do Sul.
Luiz Gonzaga era, sem dúvidas, um verdadeiro defensor das causas do povo nordestino. Em suas músicas sempre buscou retratar a dura realidade dos nossos conterrâneos. Como em Súplica Cearense – “Ó Deus, perdoe esse pobre coitado que de joelhos rezou um bocado pedindo pra chuva cair sem parar, Ó Deus será que o senhor se zangou e só por isso o sol ‘arretirou’ fazendo cair toda chuva que há...”, música eternizada numa parceria feita com o inesquecível Fagner.
Sua principal canção, Asa Branca, retratava a seca do nordeste brasileiro: “Quando ‘oiei’ a terra ardendo, qual a fogueira de São João, eu ‘preguntei’ a Deus do céu ai, pru quê tamanha judiação?” nela, falava da necessidade do sertanejo ter que abandonar sua terra por conta da seca, caso ficasse, corria o risco de morrer de sede, de fome, dentre outras causas.
Além dessas maravilhosas canções, lembremos de outras que apenas citaremos seus respectivos nomes, pois, se formos colocar trechos, não conseguiremos concluir o texto, são elas: Xote das meninas, A triste partida, A vida do viajante, Olha pro céu, A feira de Caruaru, Assum preto, A morte do vaqueiro, Sabiá, Último pau de arara, Pagode russo, Cintura fina, Baião, Qui nem jiló, Boiadeiro, Riacho do navio, Luar do sertão, Vozes da seca, Vem morena, Apologia ao jumento, Paraíba, Karolina com K, Petrolina Juazeiro, dentre outras verdadeiras jóias compostas por esse maravilhoso ídolo brasileiro.
Nosso Rei faleceu em 2 de agosto de 1989. Quando Luiz Gonzaga se foi, eu não tinha nem um ano completo de idade. Mas, suas músicas quando são tocadas e relembradas estão no coração de milhares de gerações. Sejam aqueles que conheceram Luiz Gonzaga, sejam aqueles que apenas conhecem sua história.
Ele é um mito que jamais deverá ser esquecido, pois, no que depender do povo pernambucano e brasileiro, sua biografia e suas canções serão sempre relembradas. A cada Missa do Vaqueiro, a cada São Pedro, a cada São João, a cada Santo Antônio, suas músicas serão cantadas por todos.
Independentemente de idade, de crença, de raça, de religião Gonzagão estará vivo em nossos corações. Uma figura mitológica, e sem dúvidas, única. A prova é tanta que sequer deixou algum descendente, os mitos dificilmente deixam alguém que possam ser iguais a eles.
O que cabe a nós, pobres mortais e admiradores da vasta carreira desse grande ídolo do Brasil, é fazer com que a lembrança de Gonzagão esteja em evidência para todos os pernambucanos, cearenses, paulistas, cariocas, gaúchos, enfim, todos os brasileiros.
Daqui a três anos estaremos comemorando o centenário de nascimento do Rei do Baião e nada mais justo que haja uma homenagem conjunta em nível nacional para que ele jamais seja esquecido.
*Edmar Lyra Filho é pernambucano, graduando em Administração de Empresas e eterno admirador do eterno Rei do Baião.

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