quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Governo lança novo ranking de veículos poluidores

Do Valor Econômico


Sob pressão da indústria automobilística e de produtores de etanol, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, anunciou ontem novos critérios técnicos para criar um ranking nacional de emissão de poluentes por veículos fabricados no país. A lista anterior, divulgada em meados de setembro, sofreu duras críticas das indústria por desconsiderar a compensação das emissões de dióxido de carbono (CO2) em carros movidos a etanol. Nenhum carro a gasolina recebeu nota máxima. E a lista foi ampliada de 258 para 420 veículos.
No novo ranking, o governo alterou, a pedido dos fabricantes, outros três quesitos técnicos: substituiu notas numéricas pela avaliação do mérito das emissões de gases poluentes, passou a usar dados reais da homologação dos veículos em vez das informações projetadas da linha de produção, incluiu avaliação específica para emissões de CO2 com gasolina para todos os combustíveis, mas com critérios de eficiência energética. Agora, foram considerados veículos fabricados em 2009. Antes, a lista incluía apenas carros de 2008.
As alterações nos quesitos técnicos modificaram a lista dos maiores emissores de gases poluentes. Os veículos com motores "flex fuel" deixaram o topo do ranking, agora ocupado por carros movidos exclusivamente a gasolina. Na primeira lista, os cinco menos poluentes eram os modelos Ford Focus 2.0, Honda New Fit EX 1.5, Nissan Tiida 1.8, Honda New Fit LXL 1.4 e Ford Edge 3.5. Todos movidos a gasolina. Agora, os cinco melhores foram os modelos Fiat Idea Adventure Dualogic 1.8, Fiat Palio ELX 1.8, Fiat Siena HLX 1.8 e os Fiat Stilo Flex Dualogic 1.8 e Blackmotion 1.8: todos com motores "flex fuel" a gasolina e etanol. "É mais rígido e mais justo", diz o coordenador do Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve) do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), Paulo Macedo. "A nova lista premia os renováveis e, como avalia veículos fabricados em 2009, ajuda a influenciar a compra do consumidor".
Macedo informou que todos os veículos terão novas análises a partir das alterações em suas "homologações" feitas pela indústria. "Todo novo veículo entrará no ranking. Isso estimula a indústria a melhorar porque os novos dados vão mudar o ranking". Os dados da homologação são mais próximos da emissão real de poluentes. "Eliminamos eventuais variações de desvios na produção. Já está pronto para ensaio. Na produção, há algumas incertezas. É a emissão real, sem interferências", disse o coordenador do Ibama.
Pelos novos critérios, foram atribuídas até duas estrelas para as menores emissões de CO2 e até três estrelas para os chamados poluentes locais (monóxido de carbono, hidrocarbonetos queimados e óxido nitroso). "Antes, era só nota numérica. Agora, fizemos uma escala em estrelas", disse Paulo Macedo. Para motores com emissões de poluentes abaixo de 60% dos limites legais, a lista confere três estrelas. "Passamos a fazer ensaios a gasolina e a álcool", afirmou Macedo. Se o motor emitir entre 60% e 80% do limite, tem apenas duas estrelas. Para veículos acima de 80% do limite, só uma estrela é concedida. Todos os veículos movidos a "combustível renovável", como o etanol, ganha uma estrela adicional. "A cana absorve CO2 na produção e anula as emissões". Outra estrela é concedida pela eficiência. Se o motor emitir acima de 80 gramas de poluentes por quilômetro, não ganha estrelas. "E nenhum carro a gasolina terá cinco estrelas", disse.

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