sexta-feira, 31 de julho de 2009

Guerra civil no Rio de Janeiro

Morreu um senhor morador da minha rua na quinta-feira passada [23/7] porque foi obrigado a transportar traficantes em meio a uma imensa troca de tiros. A Kombi foi fuzilada pelos traficantes rivais e o senhor morreu. Meu vizinho teve a casa fuzilada e invadida porque traficantes invasores que pensaram terem visto inimigos na casa dele. Ele tem mulher e filha pequena e sua mãe mora na parte de cima da casa. Ontem [28/07/2009], fiquei perdido no meio de uma troca de tiros em meio a uma escuridão provocada por uma queda de energia e soube que um amigo tomou um tiro na perna. Meu irmão, “veterano de guerra” relembrou os tempos de palafita e teve que rastejar em casa para chegar aos interruptores e conseguir apagar as luzes da casa e assim evitar um possível pedido de guarida por algum traficante. Em outro caso, um amigo nosso teve a casa invadida por policiais e foi acordado com fuzil na cara. São inúmeros os casos. São muitos os óbitos. São vários os feridosfisicamente, socialmente e psicologicamente
Tenho andando assustado, quase não paro na rua, não vejo meus amigos, me assusto com criança correndo, barulho de moto, gente gritando, com o silêncio. Quantos de nós passamos por problemas psicológicos? Quantos sabem disso? Assim tem sido nossos dias e noites. Do jeito que tá não da pé, do jeito que tá só a fé.
Depoimento do geógrafo Francisco Marcelo, morador da favela da Maré, no Rio e pesquisador do Observatório de Favelas do Rio de Janeiro (observatoriodefavelas.org).

Nenhum comentário:

Postar um comentário